Eu fechei as páginas de "Matadouro 5", morrendo de inveja, de encantamento, maravilhada com a maneira solta, divertida, sem ordem cronológica de Kurt Vonnegut. E saí para comprar outro e outro e outro, e nunca mais me cansei de devorar suas páginas. Cada vez que resolvia reler, escutava lá no fundo, entre as entrelinhas, de dentro das fibras da página, alguém me dizendo algo que eu devia ouvir.
E eu prestei atenção...mas tive medo de obedecer.
O tempo passou, e Kurt me olhava da prateleira...eu tive filhos com ele me olhando, eu virei gente com ele me olhando...até que um dia resolvi sentar e começar a escrever.
Foi o que aconteceu. Kurt Vonnegut foi a primeira voz que me disse: Vai lá...você pode escrever. Devo a ele todas as minhas letras, todas as minhas palavras, todo o meu ímpeto de falar, falar, falar, sem medo...e por escrito.
Se alguém perguntar se ele foi pro céu...eu respondo que não. Com certeza, o velho Kurt - essa criança de 84 anos que provocou em mim tantos sorrisos vindos da alma - apenas voltou para o seu planeta...Tralfamadore.
O mundo perdeu mais palavras. E eu perdi um ídolo.
3 comentários:
com nosso clubinho rolando, tenho tido preguiça de entrar nos blogs (pecado!)...
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entrei aqui e fiquei triste, tristinha...
beijão, mê!
Sim, eu sou fiel!
(Ainda não sei se é um defeito, mas aqui tb não é lugar pra discusrsar sobre isto!)
E tb sou dependente do caixa...
Bjoca
nossa... me arrepiei toda...
ai, mas você não perdeu não, nem ninguém. A gente tem que reaprender a ver as coisas quando elas mudam porque só assim também poderemos mudar quando for a nossa hora de mudar...
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