terça-feira, agosto 31, 2010

_s.o.s. solteirice

.
Ai ai, a vida de casada é uma beleza e um dos motivos dessa beleza é muito claro: não ser solteira.
Papai do céu me permita manter a minha casadice eternamente, porque as regras da solteirice enchem o meu saquinho, mesmo à distância. De ouvir falar, só de presenciar os eternos mimimis de amigas solteiras e amigos idem, eu me canso do novo livrinho de regras.
Pelo meu livrinho, existem coisas que são básicas: vai acontecer mais cedo ou mais tarde, nao vai? Então resolve já. Simples assim.
Vamos a um ensaio de alguns tópicos que são reclamações recorrentes:

1. Não enrola! 
Você está a fim da moça. Ok, ela também parece estar? Vai de uma vez, porque mulher é um bicho que cansa fácil (e eu acabei de ler que tem muito mais homem do que mulher no mundo). Acorda!

2. O primeiro encontro.
Marcou um encontro, vai sair pra jantar? Siga os conselho da @rebiscoito: aqui. Parte direto pro beijo, poupa todo aquele nervosismo e as reviradas no estômago durante o jantar, fofices ditas sem graça e espasmos nervosos esquisitos. Vai pro beijo! Se o beijo for ruim, já economiza a grana do jantar, se for bom, a noite será agradável, ponto.

3. Ligo não ligo? Me faço de difícil ou o que?
Ai pelo amor de deus. Essa é a parte que mais me enche o saco. 
Vem cá...me explica: se você está aí igual um bocó pensando nela, liga! Isso não faz de você um stalker louco que vai ficar vigiando a moça na janela e dar um tiro em quem se aproximar. Ou pelo menos antigamente não fazia. Sem falar, que a gente sabe que você É um stalker louco que já foi fuçar a timeline dela, o Facebook dela, o Orkut dela e googou fotos de uma década inteira. Então pára de ser mané e liga de uma vez. O máximo que pode acontecer é ela dizer que não quer mais sair com você.
Agora, meu bem...se você não quer ficar com a moça de novo, faz favor de ser homem e ser bem claro. Deixa eu explicar: bem claro quer dizer: BEM CLARO, com  t o d a s  a s  l e t r i n h a s  e sem desculpinhas. Não é "agora não dá porque eu estou num momento complicado", "estou saindo de um relacionamento sério e não quero misturar as coisas" ou seja lá que frase você decorou. É assim ó: "Você é um amor, mas eu não quero ficar com você, não vou ficar enrolando e perdendo o seu tempo...não vai rolar porque eu não estou a fim. Desculpa, ta?"
Viu que fácil? Ela vai achar você um grosso, por dez minutos, depois vai agradecer o tempo poupado e o sofrimento ridículo economizado, para todo o sempre.
E se ela ligar antes da hora, não se faz de louco: se estiver a fim dela, se joga. Se não estiver, já sabe a minha opinião. Não tem nada pior nessa vida do que se sentir enrolada. Uma coisa é homem difícil, outra coisa é homem enrolão. Difícil é um desafio interessante, enquanto enrolão é um chato que vai se suicidando aos poucos diante de uma mulher que queria alguém admirável pra chamar de seu.

4. Amiguinhas
Deixa eu te explicar que amiguinho não beija na boca, então não vem apresentar "amigas especiais" como "amigas". Abre de uma vez o jogo e diz: "Sabe a fulana? Então, ela é super minha amiga mas a gente já se pegou várias vezes". Sinaliza, querido, sob pena de perder a namorada. E por falar em "namorada"....

5. Ficar ou namorar.
Ai me poupe...ME POUPE! 
Pedir em namoro é coisa de quando eu tinha 15 anos, e isso já faz mais tempo do que você tem de vida. Me explica a diferença por favor? Vocês estão ficando faz seis meses? Ficando? Vocês dormem juntos, pelo amor de deus! Vocês conhecem as famílias, fazem tudo juntos e estão ficando? Desculpa, mas vocês estão namorando e faz tempo. Ah não? E se ela ficar com alguém outro, tudo bem? Ah não porque ela está "ficando" com você então tem que ser só com você...entendi....desculpa querido, mas vocês estão namorando, mesmo que você não goste do termo, ache a palavra um horror e se recuse terminantemente a aceitar o fato. Sinto muitíssimo...deixa de ser bocó e assume isso de uma vez. E se ela  referir-se a você como namorado, aceite. Ela é muito mais macho do que você e é bem raro achar uma mulher com essa qualidade (sim, isso é uma qualidade).
Ah, esqueci. Se você mora ha quatro anos com ela, vocês são casados, ta?

6. Medinhos
Faz favor! O medo do sofrimento é milhares de vezes pior do que o sofrimento em si. Coisa de boiola (boiola é covarde, não é gay, antes que você me encha o saco) -- e eu vou te contar que existe mulher boiola também. Fato: deixar de viver uma história porque você tem medo de vir a sofrer, só pode ser desculpa esfarrapada. Melhor dizer de uma vez que não quer, que não está a fim, do que assumir um medinho. Até porque não existe uma mulher que se preze que vá respeitar o seu medo. Ela vai insistir até você vencer isso. Então, se na verdade for só uma desculpa, você vai acabar entrando na categoria "enrolão" quando ela der todos os sinais de que as portas estão abertas e você não entrar.
Quanto a você, mocinha, a mesma coisa: toma jeito de homem!

7. Internet bichada
Não seja patético: quando você resolver bloqueá-la no msn, gtalk, yahoo, whatever, ela vai saber. Quando você ficar invisível ela também vai saber. Não esquece que quando ela o conheceu, você dormia conectado. Agora deu pau no seu celular, na sua conta, o msn pirou...aaaah! 
Me conta: você é o tipo de homem que ficaria com uma mulher que tem Q.I. de ameba? Ou você faz pouco assim da inteligência dela? Desculpa, meu bem, mas se este é o caso, você não merece mesmo que ela fale com você. Seja homem e assuma os seus atos se você quer que ela continue sendo ao menos sua amiga, porque, como eu já disse antes, toda mulher PRECISA admirar o homem que escolheu -- mesmo que ele seja o homem errado, não seja dela, não venha a ser jamais -- para conseguir guardar ao menos um carinhozinho para, quem sabe, uma futura amizade se você não screw up isso também.

8. Fim
Termine. Saiba terminar. Finish. Kaput. Se você ficar dando droga pra viciado, ela vai SIM descontrolar, vai ficar insuportável, vai ficar perdida e ainda vai viver alimentando uma esperançazinha que pode fazer muito bem para o seu ego, mas talvez um dia faça muito mal para o seu precioso saquinho, quando o joelho dela puder alcançá-lo. E vai. Acredite.

Por enquanto é isso. 
Se eu pudesse ditar as regras, aposto que a próxima geração me agradeceria.


Um beijo amigo no seu umbigo equivocado.



_Palavras

Enquanto não encontro as palavras para mudar de assunto, vocês vão ter que ler coisas antigas, escritas por mim em blogs extintos. 

15 Setembro 2005Eu não durmo mais. Que aflição. Que aflição.
Não vejo mais o amanhecer, com cheiro de bom dia, quando as nuvens são ainda uma névoa fresca e a cor do céu é novidade.
Não vejo mais o amanhecer. Vejo o pôr da noite.
A manhã insiste em chegar quando estou me arrumando para dormir. Não estou atrasada, ela que chegou cedo.
A noite é engraçada, me diverte e me brilha os olhos de criancice e ansiedade. É a hora do riso. Hora das idéias. Hora que as histórias chegam, que as imagens surgem, que as alegrias nascem, que as palavras explodem.
Ah...as palavras! Essas têm sido minhas companheiras ultimamente. Me roubaram de tudo. Me roubaram de todos. Só não me roubaram dos amigos que usam palavras. Só desses também. Fui roubada! Estou roubada! E foram elas!
Ladras palavras.
Livros, livros, livros, palavras e eu. Em que momento resolvi tirar o atraso de uma vida de preguiça? Sinto-me com 18, 20, 25? Há! Aos dezoito li mais do que uma existência. É isso então. Encontrei a menina loira usando jeans e coragem, com tempo pra tudo, e ela me força a ler. Dentro do meu casaco verde-langanho, na madrugada gelada, estamos eu, ela, Ella, Elanor e todas as outras, caçando palavras. Colecionando períodos. Eternizando pensamentos. No dia cinza e gelado, vivemos pelos sofás. Um livro no carro, um na cabeceira, outro no banheiro e esse aqui do meu lado que revela tudo o que eu queria saber. Corre Mercedes, corre! Tira o atraso de uma vida! As palavras voltaram. A noite está com você! À noite, está com você. À noite estar com você...Mágicas palavras.
Grande Houdini me ronda mostrando essa mágica diária-noturnamente. Grande Bandini me visita desvendando o mistério da sintaxe que eu gosto. As palavras me encantam e seqüestram. Fui roubada! Fui roubada!
As palavras são putas encantadas. Andam pelas bocas e pelos becos. Criam contos de fadas ou eróticos. Passeiam pelo coração da moça e da velha trazendo os mesmos desejos. Visitam o padre e o bêbado levando os mesmos pecados. Com seus peitos desnudos e bocas vermelhas, as palavras beijam quem já não sonhava. Quem adormecia. Quem já não esperava. Por isso os poetas vão para o inferno. Malditas palavras.
Irei eu para o inferno só por não ver o dia amanhecer, mas sim a noite se pôr no meu horizonte de vocábulos? Irei eu para o inferno só por ser a amante devotada dos períodos e sorrisos? Irei. Irei para o inferno se puder levar comigo meus pensamentos noturnos. Assino este contrato. Firmo minhas palavras. Irei com elas ao inferno!
Dramáticas Palavras.


domingo, agosto 29, 2010

_Sempre

.
Quanto tempo dura um sempre?
Menos, muito menos do que o desejado, pode ter certeza, a não ser o sempre que dói.
Um momento de alegria dura um "pra sempre" ínfimo e, o quanto mais ele vai durar, só depende da memória, porque nem todo "pra sempre" é pra sempre mesmo...a não ser que você fotografe, grave, se esforce para não perder nenhum detalhe, porque ele se vai...e é rápido.

"Existem sempres que eu tenho", ela disse, "mas não necessariamente os sempres que eu queria ter. Eu tenho pra sempre o peso do paletó dele, guardado aqui na memória. Memória inútil, parece? Parece, mas nem é, já que posso ter perdido outros detalhes. Lembro que era marinho e muito mais pesado do que eu esperava, quando fui arrumá-lo no banco de trás, para nao amassar...boba, Amélia de quem não quer uma. 
Mas tenho pra sempre a vontade de ser. Sabe, tem gente que passa pela vida assim, de longe, de besta, por acaso e só. Mas tem gente, que mesmo passando rápido, por muito muito pouco tempo, parece que dá tempo de querer tanta coisa...e querer tanto. 'Pra sempre' é asssim: rápido, porém demorado...passageiro, porém eterno... e faz uma confusão no tempo e no espaço que atrapalha toda a matemática e a relatividade e faz com que você possa querer. Então eu quis. Eu quis cuidar dele, eu quis adormecer ao seu lado, eu quis ouvir o barulho do chuveiro, quis saber os sons de escovar os dentes. Tão rápido, tão urgente, antes que acabasse, eu precisava saber se ele dorme de lado ou de bruços, pra saber como eu me encaixo, como me enrosco, como me enredo em suas pernas pra lembrar pra sempre. Mas esse 'pra sempre' eu perdi...
Mas tenho outros...tenho sim. 
Tenho cheiros e gostos e sensações na pele. Tenho lembranças que parecem retratos: um sorriso, um olhar, um jeito de suspirar, um gemido, uma lambida, mordida, gargalhada. Tenho uma cara bem boba olhando pra mim como menino, sorrindo e mordendo o lábio com cara de travessura. Tenho todo o pensamento entre as sobrancelhas...porque eu escuto e não esqueço o jeito dele pensar.
Tenho o andar -- o jeito atrapalhado e indeciso, meio exibido, meio inseguro, meio tão meu que dava medo --.  
'O que foi?'
'Estou aqui esperando você cair no meu conceito...vai por açucar no café?'
'Não, nunca...'
'Ufa!'
pra sempre e sempre e sempre!
E o jeito de me chamar pelo nome que não é meu...o nome só dele e de ninguém mais. Não tem como apagar isso, e eu vou lembrar quando estiver indo embora, depois dos 90, quase aos 100, e vou sorrir um sorriso tão enorme que meus bisnetos vão achar que é delírio. 'Foi sim...foi um delírio, o melhor de uma vida toda...' E vou fechar meus olhos lembrando que assim que 'pra sempre' é.
Tenho tantos outros momentos que lembro e relembro, e repasso milhões de vezes pra não perder...são pequenos trejeitos, são grandes frases, são brevíssimos momentos de gigantesco prazer. Não vou perder nada...nada mesmo...sei que vou lembrar enquanto meu cérebro ajudar. O único 'sempre' que eu preciso perder é o sempre da dor, que já durou demais. A saudade imensa que dói na boca do estômago e sobe depois para a garganta, faz arderem os olhos e baixar a cabeça perguntando em voz alta: 'Por que tem que ser desse jeito?'
'Sempre, sempre foi um instante infinito roubado da alma do tempo'. Mas enquanto o sempre da saudade não passa, é o que se tem pra hoje: essa coisa misturada e confusa. Lembranças que me fazem sorrir no meio do dia, sozinha, em lugares e situações totalmente impróprios; e a tristeza que já me trouxe lágrimas na frente das pessoas erradas, nos lugares errados, mais vezes do que eu queria permitir."

Eu acho assim: existem pessoas que só passam, outras que parecem nunca passar. Isso é meio que "pra sempre". E eu não invejo quem tem uma saudade que dura um "pra sempre" qualquer, por menor que ele possa ser.




domingo, agosto 22, 2010

_quando ela esteve aqui

.
Me contou que sente tanto a falta da sua risada, porque "warms my heart"-- foram as palavras dela. Disse que a sua voz a acalma como música e ouvir você dizer o nome dela é o melhor remédio para quase tudo.
Disse que dava um braço para ver você fazer cara de preocupado e franzir a testa num semi-ensaio de rugas que ainda nem sonham em chegar, e ela então beijaria entre as suas sobrancelhas e sorriria aliviada por saber que você está ali. Disse que acha lindo quando você faz isso e desvia o olhar para o lado como se pensasse no que dizer. Você preocupado, ela encantada...querendo beijar a sua testa um milhão de vezes para dizer que está tudo bem.
Ela disse que lembra do seu perfume como se o tivesse sentido hoje, e lembra melhor quando fecha os olhos e sente o rosto no seu peito, sua camisa aberta, seus pelos, e o cheiro que jamais a deixou. 
Do que mais sente falta ela não sabe dizer...não sabe se é da força das suas mãos - que segundo ela a pegavam com força, mas ao mesmo tempo com carinho hipnotizante; ou se do seu beijo...dos lábios, do gosto, da maneira que você a cheira roçando o nariz de leve por tudo, explorando, brincando, beijando o que encontra pela frente.
Disse que o mais difícil é lembrar do último dia. Aquele em que ela foi embora com os olhos cheios de luz e uma vontade enorme de não ir. O dia que você contou porque ela tinha que estar ali, naquela hora, quando tudo era dela, tudo para ela...e não era certo que não estivesse. Ela disse que foi nesse dia que decidiu que você valia o risco dela se machucar horrivelmente, que valia cada minuto de desassossego, que era o melhor sonho, o desejo inimaginável. Mas que foi neste dia também que ela perdeu você.

Ela não estava triste, mas tinha algo diferente nos olhos. Eu consegui ver que era um tipo de paixão partida, que não estava completa, que faltava um pedaço do brilho que ela sempre teve nos olhos.
Por isso resolvi te falar.
Ela veio aqui me contar que tem lutado com muita força, mas que não vê como seguir em frente como se a vida fosse ainda a mesma. Que ela não entende como isso foi ficar tão forte, se não estava nos planos dela, nem nos seus. Que tem tentado ver você em outra pessoa, mas que não existe alguém capaz de reproduzir qualquer coisa sua. Ela tinha uma lágrima...uma só, em um dos olhos, quando disse que não pode acreditar que "tudo o que se tem seja só o que foi", porque não é assim que ela sente. Ela sente que é maior, que não acabou, que mal começou, e que a saudade que às vezes ela não pode evitar, faz com que ela queira correr até você, mas que ela simplesmente não pode, porque se sente amarrada, forçada a ficar longe, por você.
Mas que ela gosta de acreditar que você a quer, mesmo sabendo que é só um delíro...porque se não fosse, essas coisas todas não seriam só lembranças.
Ela não estava triste quando esteve aqui, mas eu senti que ela esconde uma dor. Juro que senti.

Era isso. Não sei o que você vai fazer com essa informacão, mas eu achei que devia contar.

Bom dia.


sábado, agosto 21, 2010

_faz direito

Tenho assistido a um sem número de desilusões amorosas que fazem com que o mundo pareça um lugar triste e sem esperança. Eu sei que não é....o meu nunca foi. Não quero que seja.
Mas me entristece.
Tenho visto pessoas que brincam com os sentimentos alheios como se fossem bolinhas de borracha que podem ser jogadas ladeira abaixo, só para ver onde vão parar, como vão pular, se vão cair num bueiro, se vão seguir o rumo até o mar. Em muito pouco tempo, vi pessoas arrasadas. Aí lembrei de coisas básicas que a gente aprendeu na infância, sabe? Tipo quando você resolve ter um bichinho de estimação, que ensinam que você precisa cuidar dele, alimentá-lo, e que ele vai durar muito muito muito, e vai sempre depender de você de alguma forma.
Não digo que a gente tenha que cuidar para sempre daqueles que têm qualquer tipo de sentimento por nós, porque nem sempre isso dura "muito muito muito" como o cachorrinho -- talvez mais como aquelas tartaruguinhas que nunca vingam -- mas mesmo assim...é preciso cuidar de quem vive em torno do nosso carinho.
Piegas, eu sei...mas lembra do Pequeno Príncipe? "Tu te tornas eternamente responsável por aquele que cativas"? Lembra disso? Então como?...como alguém pode cativar....não...vamos falar português claro: como alguém pode seduzir alguém, conquistar, se esforçar para isso, e depois simplesmente virar as costas com uma desculpa qualquer, ou nem isso? Espera! Pensa! Respira! Você quis tanto aquela pessoa... talvez ela tenha até tentado resistir a você mas você foi atrás, bateu na mesma tecla e venceu. Como assim agora você nem liga para o que ela sente?
Eu entendo. Você decidiu que é melhor assim, que não existe chance de vir a amar a pessoa, ou em outros casos, você morre de medo de vir a amar a pessoa porque você simplesmente não pode querer ficar com ela de verdade. Ou ela é intensa demais e isso te deixa apavorado. Eu conheço cada um destes casos, mas não entendo virar as costas. Não entendo não saber terminar decentemente, sem fazer o outro se sentir largado, ou palhaço, ou bobo, ou simplesmente louco. E pelo amor de deus...se você soltou um "eu te amo" há três dias, não olha agora e diz "deixei de te amar", porque parece filme de terror onde, aliás, VOCÊ é o psicopata com o machadinho na mão.

Eu estou muito triste. Adoraria nunca ter conhecido quem pisoteou e estraçalhou o coração de pessoas que eu gosto demais. Gostaria mesmo de viver num mundo onde essas coisas não acontecem. Acho brutal, sofro junto, me acabo.
Então, isso é para você - inconsequente irresponsável! [acho na verdade que você é psicopata]. Espero do fundo do meu coração que o seu seja pisoteado mais cedo ou mais tarde, para você saber como é ver o seu mundo inteiro se transformar em cinzas, de tanta decepção. Uma dor que não cabe em lugar nenhum. A sensação de ter morrido um pouco.

Boa sorte. #NOT


Obs: eu estou falando de mulheres más. Joguem fora as carapuças, marmanjos.

quarta-feira, agosto 18, 2010

_interessante

Mais um post sobre nada.

Bom dia, você que assistiu o programa eleitoral, leu o jornal, viu o debate online hoje pela manhã, está por dentro de todas as notícias e é um cidadão bem informado. Sinto comunicar que eu desliguei deste mundo e estou  vivendo numa dimensão diferente da sua -- e não fico nem vermelha ao afirmar isso. Estou longe das urnas, longe da imprensa, longe do Twitter, longe de todo um universo de informações que poderíam fazer de mim alguém interessante. Não é lindo? É sim porque eu não quero mais ser interessante. 
Houve um tempo em que eu não queria ser bonita. Achava que a beleza me atrapalhava profissionalmente, fazia as pessoas olharem para fora e não para dentro de mim, e era importante provar para elas, nos primeiros cinco minutos, que eu era brilhante. "Fala comigo como se eu fosse homem, e quando eu levantar daqui você vai estar tão impressionado que vai esquecer de olhar para minha bunda. Grata." Foi uma boa e divertida batalha. 
Agora estou na batalha inversa, por isso não vou mais emitir minha opinião estranha sobre as coisas. Não vou mais sorrir de graça e ser atenciosa. Não vou mais conversar sobre todo e qualquer assunto com toda e qualquer pessoa. Não vou. É...porque agora eu sou burra de pai e mãe. Estou até pensando em começar a ver a novela das 6, a das 7 e a das 8 e virar fan da Luciana Gimenez. Pronto. Fim.

Deu pra perceber que eu estou com raiva? Não me pergunte porque, mas eu estou. Estou sentindo uma vontade gigantesca de agredir, de escurraçar (como escreve isso?), de sacudir pessoas pelos ombros fazendo a cabeça delas ir para frente e para trás com tanta força, que elas fiquem tontas e desmaiem. A única coisa que eu não saberia fazer é deixar a criatura desmaiada lá, caída no chão. Eu cuidaria dela...porque eu sou tão idiota que nem raiva eu sei sentir direito.

Assim...estou de mal com o universo. Hello? Via Lactea? Exploda!

terça-feira, agosto 17, 2010

_abstinência

.
Sobre o que falar hoje?
Vasculhei minhas gavetas em busca de assuntos mas não está nada fácil encontrar. Esses dias, quase todos os assuntos me parecem banais na verdade -- e um assunto banal seria perfeito neste momento -- mas não encontro um que seja digno de ser transformado em letrinhas para encher o seu saquinho, querido leitor. Então pensei em fazer mais uma listinha tosca.
Poderia ser a infinita lista dos meus "não-gostares", ou das minhas "comidas preferidas" [mas ficaríamos em dois ou três itens apenas], ou talvez "coisas que eu não suporto num homem"...mas vem cá? Quem vai querer saber o que eu não suporto num homem? Bobagem, todo mundo sabe que eu tenho o pavio maior do mundo e suporto qualquer coisa, menos burrice. Burrice eu não tolero em ninguém.

Então resolvi falar sobre abstinência. De qualquer coisa. De inteligência inclusive.
De uns dias pra cá eu resolvi me abster de ser inteligente. Agora eu finjo que sou burra, que não entendo algumas coisas, que acredito em tudo o que me dizem. Até dou razão para quem absolutamente não tem, só porque resolvi que a abstinência de inteligência seria a melhor maneira de sobreviver aos dias que tenho vivido. Porque, amigo...amiga...se eu resolver ser inteligente agora, não vai sobrar pedra sobre pedra. Juro. Eu vou sair atropelando tudo para mostrar quem está certo e quem está errado, vou ganhar a luta por knock out e levar o cinturão de campeã absoluta, invicta, eterna, com o pobre adversário arremessado contra as cordas, pedindo mais. É, você leu certo: não é pedindo água, é pedindo mais.

Abstinência de comida.
Pelos motivos errados, resolvi me abster disso também. Como, mas o faço por obrigação ou para acompanhar a família que não tem culpa das minhas decisões imbecis. Resolvi me abster de ser gorda e de envelhecer sem digninade, e para isso estou -- pela primeira vez (segunda vai?) na vida -- tendo caráter suficiente para voltar a ter o velho e bom corpão aquele que alguns de vocês chegaram a ver e outros nem imaginam que um dia eu tive. Então, também pela primeira vez na vida, abstenho-me de ser a mãe e esposa perfeita que sempre fui, para usar 3 horas do meu dia só para mim. Céus! isso parece uma bobagem para você e para o resto do universo, mas até o médico da familia sabe que eu jamais me dei esse direito tão básico.

Então recapitulemos: Estou em plena abstinência de inteligência, comida e Amelice (ou seria Ameliazice, whatever).
Ainda no projeto "Devolve o Meu Corpo", estou em abstinência de audição. Sim, porque é difícil ficar ouvindo qual aparelho é melhor para gordura localizada e o que é bom para celulite, e que a Jackie Curi (quem?) faz manthus, a Monique Evans faz 300 sessões de bronzeamento por dia e por isso a pele dela é laranja e mais grossa do que chapéu de cangaceiro (e o cérebro dela cozinhou), a outra Jaqueline fez estrias horríveis na gravidez mas sumiu tudo com sei la o que, e o creme da fulana, as bolas da ciclana que emagrecem 520 quilos por dia e tal. Sacal. Então agora eu sorrio com a maior cara de interesse ao escutar qualquer dessas coisas e me abstenho de lembrar quem sou eu. Sim, porque se eu lembrar, eu saio correndo enrolada na toalha pelas ruas feito uma louca, e sou presa, porque o lugar fica ao lado da delegacia. Ah...e abstenho-me de realizar a dor. Não sinto. Pode apertar, puxar, espetar...não vou sentir. Mas antes que você dê palpite, saiba que estou me abstendo de treinar sim. E daí? Mas estou correndo, porque correr gera uma deliciosa abstinência cerebral. Eu não penso enquanto corro. É lindo.

Fora todas essas abstinências maravilhosas, eu também tenho sofrido com a conclusão de que eu sou uma criança mimada que não sabe ouvir "não". A abstinência do "sim" me faz sofrer, chorar e arrancar os cabelos. Tenho vontade de bater a cabeça na quina da mesa até sangrar e depois chamar a mãe pra fazer drama dizendo que alguém me bateu. Sinto-me de castigo sem assistir meu desenho preferido, e detesto detesto detesto isso! Muito! [batendo o pé no chão e chutando o ursinho de pelúcia] Saco! Droga! Gente boba, feia e chata!
E ainda tem a abstinência de viagens que me faz sofrer mais do que todas as outras. Sinto falta de Los Angeles. Sinto falta do cheiro dos lugares que eu amo. Sinto falta das minhas amigas. Eu poderia viajar...tenho milhas...tenho liberdade...tenho tudo o que preciso, mas e a minha obra? Ficar sem ver a casinha crescer? Never! Never! Então fico sem mais um desenho preferido em prol do bem geral da nação.

E assim passam os dias. Eu em crise de abstinência de algumas coisas por opção outras por imposição, tendo meus delírium-tremens baixinho debaixo do edredon sem ninguém saber. Tá frio né? Se eu tremer e gemer, é porque o lençol elétrico desligou.

Beijo pra você que é normal.

_try to erase it

If you can...


terça-feira, agosto 10, 2010

_coisas da vida #8

.
É só uma coisa da vida, mas vamos combinar que estamos falando da MINHA vida, e aí não é bem assim. Eu já disse -- ninguém acredita -- mas as coisas que acontecem na minha vida não são normais. Eu fui sorteada. Deus deu três piruetas e parou apontando o dedo randomicamente para lugar nenhum, só que "lugar nenhum" era eu. O que eu estava fazendo bem na frente dele, não se sabe....o que eu sei é que aí já deu para ver que eu nasci assim, toda do avesso.

Então era 1980 e alguma coisa no final que eu não me lembro. Eu morava sozinha com meu filhote num apartamento perto do Parque Barigui, em Curitiba, e estava em fase de castigo (já falei sobre isso antes), indo de casa para o trabalho, do trabalho para casa, e nos finais de semana sem filho me reunia com meus cinco amigos preferidos no que chamávamos de "Festa de Babbette", pela pobreza absoluta dos cinco na época. Nossos banquetes não passavam de uma lazagna ou algo do gênero, que fazíamos nos amontoando na cozinha e dando risada até passar mal. Mas, vamos ao que interessa.

Naquela época eu era conhecida (não ria!) como "Rainha do Radio Táxi", porque trabalhava em agência de propaganda há 300 anos e não tinha carro, então ganhava um bloquinho de vale-taxi no juizo final...oops...no final do mês, para ir trabalhar. Sendo assim, as atendentes da central reconheciam minha voz, os motoristas todos sabiam tudo de mim (e contavam para todo mundo), e tinha gente que usava o meu nome em dia de chuva para garantir que o táxi chegasse.
Well, 8:15 da manhã, hora de discar o velho e bom número: 3262-6262. Mas eu fiz alguma coisa errada e quem atendeu foi uma secretária eletrônica. Tentador: eu e o meu bom humor insuportável, resolvemos anotar o número discado e deixar um recadinho.

- "Nossa...desculpa, eu liguei errado...o que é uma pena porque a sua voz é incrível. Então bom dia pra você...beijo."
Ha! se um dia eu prestei, foi bem pouco.

Até aí tudo lindo. Liguei para o taxi, desci e fui trabalhar como se nada tivesse acontecido, até porque nada havia acontecido. Mas voltei para casa à noite. Jantar, brincar com o filho, banho na criancinha, coloca na cama, lê uma história...validade de mamãe vencendo...beijo tchau, apaga a luz, sonha com os anjos te amo.
Tédio...casa vazia...silêncio mortal porque eu sempre esqueço de ligar a TV. Fui arrumar umas coisas e "Olha o que eu achei!...o número que eu anotei!"
Quem resistiria, não é? Liguei. A secretária atendeu de novo.

-"Oi, você ligou para xxx-xxxx, eu não estou aqui agora, então deixe o seu recado...você sabe como."
E eu respondi.
- "Oi, sou eu de novo. Liguei errado hoje de manhã quando estava ligando pro táxi...aí achei que devia ligar pra ouvir a sua voz de novo. Que bom que você ainda está aí. Então...meu dia não foi lá essas coisas...trabalho normal, cliente chato e tal...mas eu acabo me divertindo no meio do dia. Pena que você não pode me contar o seu né? Então...beijo. Dorme bem."
E essa se tornou a minha brincadeira preferida durante alguns meses. Quase todos os dias eu ligava para o moço da secretária eletrônica e contava o meu dia. Assim, feito maluca mesmo: contava história, dava risada, contava o filme que eu vi...para uma secretária eletrônica.
Um dia ele atendeu o telefone e eu surtei. Desliguei na cara dele. Meu coração quase saiu pela boca, eu tremia. hahaha! Esperei passar a tremedeira e liguei de novo. Ele atendeu.

- "Fala comigo".

- "Desliga...eu só falo com a secretária."

- "Por favor..."

Desliguei e liguei de novo, a secretária atendeu e eu contei meu dia outra vez. Essa era a rotina. Todos os dias, sagradamente, eu falava horas com aquela máquina. Deixava cinco, seis recados, contando coisas variadas, sem dizer meu nome, sem dar detalhes de mim.
Mas chegou o dia em que eu estava matando a pessoa e ele me deu uma dura. Quando eu liguei, a secretária atendeu com um novo recado:

- "Se você não falar comigo hoje, não vai falar com mais ninguém porque eu vou desligar a secretária. Eu não aguento mais: você está acabando comigo."
Ui! eu contei até dez e liguei de novo. Ele atendeu. Conversamos horas naquela noite. Mais horas na noite seguinte e assim todos os dias por muito tempo. Minha única exigência: não diria meu nome, e nao queria saber o dele.

No que pode dar uma história dessas? Todo mundo sabe, não é novidade: paixão. Óbvio!

Um dia, contando uma história, ele falou o nome sem querer. Em troca eu tive que dizer o meu. Depois soube que ele era instrutor de paraquedismo. Eu sou fraca...não aguentei e fui até o aeroclube ver que cara ele tinha. Escondi a cabeleira loira (era o único detalhe meu que ele conhecia) dentro de um boné, cheguei, perguntei por ele, estava no hangar, fui até lá...vi alguém com a bunda mais incrível jamais vista em terras brasileiras, logo abaixo de um costado cheio de músculos que terminava num par de ombros que ocuparia de ponta a ponta uma quadra de tênis...e o dono disso tudo, virado de costas para mim. Sentindo a minha presença, ele me olhou, eu olhei para ele, sorri, e continuei andando como se estivesse indo para outro hangar.

Ele era um menino...não tinha 18 anos...eu não poderia...

Mais tarde eu soube que, na época que eu falava com a secretária eletrônica, havia uma platéia fiel que se reunia na casa dele todas as noites depois do jantar para me ouvir. Depois soube que eu falava com duas pessoas: ele e o roommate -- eles tinham vozes parecidas -- quando a conversa ficava mais saidinha era o roommate falando comigo à traição, quando era mais melancólica e apaixonada, era o dono da voz. Depois, bem mais tarde, eu soube que a vida dele era pior do que as páginas de um romance policial. Complicadíssima! Ele era um amor, tadinho, vítima de uma história feia da qual ele não tinha culpa. Virou meu amigo,  assim como a namorada que foi minha grande amiga durante muitos anos, mesmo depois que ele foi embora.

E assim acabou a história da secretária eletrônica. Um romance telefônico de alguns meses, amigos que ficaram para sempre, e um punhado de tempo com o coração disparado: coisas que sempre me fizeram achar que viver é bom demais.

Sou louca? É...parece que já faz tempo.

domingo, agosto 08, 2010

_carta para não ser lida

Este texto é uma invasão da amiga Ella S.  - que há muito não aparece por aqui.


Uma vez terminei um namoro longo, do qual eu precisava me livrar de uma vez porque a fila anda, mas o meu quase-ex não entendeu, não aceitou e me mandava uma carta por dia, todas falando o quanto me amava e tal. Eu li as cartas da primeira semana, depois eu parei de ler, e confesso que só há bem pouco tempo abri os envelopes ainda lacrados daqueles dias. 
Então é assim que funciona: as coisas só atingem a quem quer ser atingido. End of story.

Mas ah! Eu preciso tanto falar! Por isso eu resolvi invadir o Caixa Preta e gritar. Eu até acho que não vai ser lido, se for não vai ser ouvido, se for não vai ser absorvido porque, meu bem, eu nunca conheci alguém tão teimoso. Já que você não vai ler, decidi que não vou escrever para você. É...não leia isso. Não é para você, não foi enviado para o seu e-mail nem para a sua casa. Você nem é um leitor do Caixa, é? Claro que não. Não sei.


Começa assim: 
Eu já fui exigente, já escolhi demais, já descartei pessoas pelo sapato que usavam. Eu já fiz questão de exclusividade absoluta. Eu já tive a ilusão de ter alguém só para mim. Mas isso era quando eu tinha vinte e poucos anos. 
Até os trinta e alguma coisa eu ainda achava que a vida de verdade era rígida assim, mas descobri que não é. Então, se hoje eu encontro um homem que fale diretamente com o meu fígado, eu não pergunto se ele é casado, noivo, anão, vesgo, ou comandante de um navio pirata. Porque olha...é muito fácil encontrar homens dentro dos padrões: tem homem que é bonito, tem homem inteligente, tem homem rico, tem homem trabalhador, tem homem interessante, tem homem de todas as formas, tamanhos e profundidades (ok...exagerei nessa última); mas não tem -- eu posso dizer porque eu procurei -- NÃO TEM homem que me dê frio na barriga só de me olhar. E não tem um homem neste planeta inteiro (nem Clive Owen, nem Johnny Depp, nem ninguém) que me faça sorrir por dentro e por fora, um sorriso inteiro e gigantesco, ao simples soar da voz. Só você -- mas eu não estou escrevendo pra você, lembra? 
É isso que eu chamo de falar com o meu fígado. É uma reação química completamente descompensada, que alguns idiotas podem chamar de tesão, mas tesão é uma coisa que a gente sente só no corpo, e essa coisa que eu sinto não se limita ao corpo. Ela invade os olhos e dentro deles, depois o cérebro, e vai até a alma e dá dez voltas olímpicas!...É uma enchurrada, uma enchente, uma tempestade avassaladora que -- ai droga! -- é grande demais para verbalizar.
Até aí, tudo lindo. Mas o que você ganha com isso, não é, meu bem? Como eu vou saber se algum dia você sentiu a mesma coisa por estar perto de mim, por me ver, por me ouvir falar. Espera...eu sei sim. Eu vi com esses olhos o que os seus falaram. Eu senti o seu sorriso tão perto da minha boca que eu pensei que fosse meu. Eu ouvi a sua voz falando (pro meu fígado) coisas que não eram de mentira. Então não sei....não sei se foi até a alma, mas foi bem lá dentro de você sim, seu teimoso, sua coisa mais burra desse mundo! E você resolveu negar.
Você tem motivos para isso. Milhares deles. Conheço um por um e até acho que você tem razão. Mas ao mesmo tempo eu não me conformo porque, meu anjo, eu escuto quando você pensa. É...você não conhece essa parte de mim....mas eu sei até quando você acorda, porque você ME acorda de manhã , assim que abre os olhos. Eu sei quando está aflito, eu sei quando está sorrindo, eu sei até quando você faz amor com alguém. Sei sim. Eu sinto. Azar o seu...tem mais gente na sua cama do que você imagina (note to self: something tells me that you'll like this line, you perv!). 
E eu não acho que esse tipo de ligação seja algo desprezível, descartável ou esquecível. Eu acho, de coração, que o dia que você se der conta da história que jogou fora, você vai sofrer, porque, meu amor, isso é para muito poucos...muito poucos. Isso é raro, raríssimo eu digo porque eu sei. Você mesmo diz que eu sempre sei. E é verdade.

Então eu acho que você não quer mesmo, mesmo jogar nada fora, não. Você precisa talvez. Você diz que sim, mas tem alguma coisa errada na maneira que eu escuto o que você diz. Até porque você sabe escrever que não quer, mas quando você fala comigo, você não sabe FALAR que não quer. Você está tentando, mas se você quisesse mesmo, eu não sentiria você pensando em mim no meio do dia. 
Sou louca? Pode ser. Mas você também é, baby. Mais do que eu. Você sabe disso. Só que neste momento, a impressão que eu tenho é que a sua loucura maior está sendo querer se afastar da loucura.
Tomara que você esteja fazendo a coisa certa, porque eu preciso muito de um bom e grande motivo para ficar sem você.
Era isso. 
Que bom que você não leu...Assim você consegue continuar na sua teimosia, e eu não passo por louca, ne? Pois é.


(Gracias pelo espaço, Mercedita)

quinta-feira, agosto 05, 2010

_portas abertas

.
Nunca se sabe o dia de amanhã. 
Isso não é uma simples frase feita que os avós dizem quando guardam parafusos velhos ou pregos meio tortinhos. Isso é um fato inegável. 
A gente tem a tendência besta de achar que amanhã tudo vai ser como é hoje, que estabilidade se conquista e, uma vez conquistada, ela é nossa para sempre. Mas é mentira. Às vezes a vida chega com uma foice e muda o jogo, vira tudo, e quem você era ontem nem se parece com quem você é hoje. Mas é igual AIDS e piolho, a gente sempre acha que só acontece com os outros.

O que eu quero falar é que a maioria das pessoas não sabe ir embora pensando que amanhã pode ser outro dia. Ou seja: elas fecham portas atrás delas, que poderiam servir de socorro em tempos de vacas magras, ou simplesmente em tempos de tristeza.  
Saber partir é uma arte. E eu digo isso porque:
. A pessoa que você destrata hoje, pode ser a única que vai estar por perto quando você tiver um enfarte ou sofrer um acidente besta numa ciclovia deserta.
. A namorada que ficou odiando você quando você foi grosso, cafajeste ou simplesmente sumiu, com uma desculpa esfarrapada por msn ou mensagem de texto, pode vir a ser a mãe do noivo da sua filha, e você vai ter que negociar com ela as despesas do casamento (sem falar nos Natais para todo o sempre).
. O patrão pra quem você diz tudo o que sempre quis, na hora da demissão, pode ser a sua única alternativa depois dos 60, quando ninguém mais quiser te dar uma oportunidade.
. O funcionário que você humilha porque vai embora mesmo, pode ser um empresário quando o vento mudar e você precisar demais de um emprego.
Essas coisas não acontecem com macaquinhos. Acontecem com pessoas. Por isso eu tenho alguns conselhos e lembretes para você -- pessoa impulsiva, imediatista, e sem noção.
A eles:

_no trabalho
Seja cortês, saiba ser grato, agradeça a oportunidade que teve, coloque-se à disposição (sim, do patrão idiota) caso ele precise de alguma coisa mais tarde. Deixe seu telefone e e-mail pessoal, caso alguém tenha alguma dúvida na sua ausência e, claro, crie dúvidas para que eles precisem ligar. Deixe seu departamento impecavelmente organizado para o mané que vai substituir você - isso vai fazê-lo ser sempre lembrado como o cara que não fez cocô na saída. E só estes são os caras que são chamados de volta, ou recebem proposta de sociedade de ex-colegas para abrir uma empresa nova.

_no casamento
Você escolheu aquela pessoa, lembra? Jurou fidelidade e dedicação na alegria e na tristeza, em frente a uma tonelada de amigos, familiares, talvez um padre, pelo menos um juíz. Fez de um tudo pra amarrar o pobre coitado (aposto que até existe uma cueca dele amarrada numa calcinha sua no fundo de alguma gaveta, e você vai negar). Então faz favor...talvez ele tenha se tornado um tremendo asshole, tenha aquela barriga que você jamais imaginou que cresceria naquele corpanzil delicioso de outrora... eu sei que ele coça o saco na sua frente, solta pum, ronca, cospe na privada enquanto faz xixi, usa palavras que você odeia, acha que você não sabe daquela pasta repleta de amateur porn no computador dele...eu sei, amiga, mas tudo isso estava no pacote desde o início e você que não leu as letras miúdas.

E você, querido...não ache que está fora dessa. Ela deu uma embagulhada depois que teve as crianças, é chata pra caramba, te enche o saco porque você demora pra ir pra mesa quando ela serve o jantar, pede companhia quando você não está a fim, tem uma TPM dos infernos, reclama da pia molhada, deixa calcinha no box, implica com a sua mãe, suas amigas, seu futebol,  com a bagunça do seu carro, com você; e pra completar: pra conseguir uma rapidinha que seja, é uma negociação sem fim. Eu sei...eu sei...
Mas o fato é que vocês dois viveram uma vida juntos e têm filhos. Isso quer dizer que nunca, jamais, em tempo algum, vão se livrar um do outro. Essa pessoinha que vocês fizeram vai durar para sempre. Na melhor das hipóteses - se vocês conseguirem se ver bem pouco no decorrer da vida dele /a - um dia pode ser que vocês dois estejam juntos no altar para testemunhar o casamento dele/a, ou no hospital, caso algo grave aconteça. Então sejam civilizados. Saibam que as agressões e  o tiro ao alvo com pratos e cinzeiros, ficarão marcados na cabeça dessa criança, e ela vai provavelmente repetir o que viu - ou perder totalmente a admiração por vocês dois. Dividam seus bens sem encheção de saco. O que foi adquirido depois do casamento - nao importa quem saiu pra caçar e quem ficou em casa vendo Sonia Abrão - é dos dois. O resto não. E tudo -- eu disso TUDO -- é dessa criança que não tem a menor culpa de vocês dois não saberem o que querem da vida. 
Saindo civilizadamente do casamento e não falando mal um do outro para os filhos (cale a boca das sogras por favor), você garante um futuro tranquilo para todos. E faz favor de escolher direito o /a próximo/a  namorado/a e lembrar o fofo/a que seus filhos não são "os filhos do ex", mas sim SEUS filhos. E ou ele/ela aprende a amá-los por isso, ou vaza. Rápido!

_fora do casamento
A amante é antes de tudo uma aliada. O amante eu já não sei. Mas entendo tudo sobre cabeça e coração de amante porque andei sabendo de umas histórias do século XIX (que um dia eu conto) e isso me fez querer estudar melhor o comportamento das amantes em geral. 
Então vou explicar: amante é uma mulher de Atenas, antes de mais nada. "Tudo pelo meu homem" é o seu lema máximo. Mesmo que ela não saiba disso conscientemente, ela sabe no DNA, porque mulheres que têm tendência a amante já nascem assim, está no sangue, isso não muda. Ela não vai expor você, ela não vai trair você, ela não vai exigir mais do que carinho e atenção. Ninguém é capaz de amar mais do que uma amante. Que outra mulher passa aniversário, natal, férias, dia dos namorados, ano novo...sozinha e sem reclamar? Ela fica triste, sem dúvida. Ela queria ser a pessoa a acordar você no dia no seu aniversário com uma surpresa e fazer amor loucamente até você querer nascer de novo. Aliás, a amante tem essa outra qualidade: não é preciso negociar com ela para conseguir sexo. Está no pacote. Ela já abre a porta tirando a sua roupa.
Ela queria ser a mãe dos seus filhos mas não pode, então ela ama cada um deles como se fosse dela, porque tudo o que é seu e tudo o que faz você feliz, ela vai amar e proteger até o fim. Ela odeia a sua mulher por não usar o seu sobrenome -- ela se orgulharia dele imensamente -- mas se for preciso, ela vai cuidar desta mulher na beira de uma cama, com a mesma dedicação que cuidaria de você. Mas nunca, jamais, em tempo algum, ela vai deixar que a sua imagem de bom marido e bom pai seja maculada. Ela sabe que se ela tiver um pití e entregar você, é ela quem vai ficar sozinha...então ela cala. Caso você tenha filhos com ela, eles também calarão. Sempre.
Então querido, vem cá. Trata essa mulher com dignidade. E se um dia você achar que é necessário ir embora, deixar de vê-la, mudar o rumo, faça isso usando as palavras certas, explicando direito a situação e - mais do que tudo - dizendo a verdade. Ela merece. Ela vai sofrer, vai arrancar os cabelos, vai rasgar as roupas como uma mãe judia que perdeu um filho...mas vai fazer isso sem você ver, porque está no DNA dela...ela não quer incomodar você.
Mas mesmo indo embora, não feche essa porta, em hipótese nenhuma -- nunca! jamais! -- porque muito provavelmente, muitas vezes durante a vida ela vai ser o seu 911 - o seu porto seguro, a única bóia num oceano de desespero. E quando você estiver velho e solitário, é ela quem vai aparecer para fazer a sua sopinha.
(Em tempo: mas se você resolveu arrumar uma amante gostosona, com pinta de biscatona pirigueti que está atrás de grana, meu bem...aí você é burro mesmo e merece morrer pobre e lentamente)

No próximo capítulo, se houver um, talvez eu fale sobre como sair bem de imóveis, amizades, sociedades e lojas (sim, lojas....aquelas onde você pode comprar fiado quando tudo der errado). Mas por hoje é só.

Have a nice day.

terça-feira, agosto 03, 2010

_nós

.
Doze janelas abertas no meu Firefox. Todas variações sobre o mesmo tema. Algumas no presente, outras no passado, outras tão passadas que mal reconheço a semelhança com nada que eu conheça. Algumas fotos abertas na bagunça do meu desktop, e tudo para eu tentar descobrir onde eu me encaixo nessa história toda.
Quem são essas pessoas? onde elas estiveram durante toda a minha existência? Por que, justamente agora, minha avenida pacata cruzou com a estrada delas? O que há em comum entre aquela pessoa e eu? Nada, meu deus, nada! Que traço dela remete a um traço meu? Eu reconheço o sorriso, mas não sei de onde. Eu sei que existe um link mas não consigo encontrar. Eu lembro da testa....eu sei que conheço, mas não sei...não lembro. São mundos distantes, são vidas diferentes. Não há um gosto, uma idéia, uma vírgula que coincida. Eu já vivi o que ela vive, eu já estive...já? Não! Mentira! Nem estive em nenhum lugar onde ela possa ter estado. Não há nada que nos ligue. Nada a não ser essa piada sem graça que é o destino - se é que existe um. Mas se não existir, o que seria então?

Às vezes a vida é esse quebra-cabeças: meu desktop bagunçado, janelas abertas, linhas que se cruzam sem se cruzar de fato, outras que estavam soltas em desenhos cheios de curvas, que de repente se embolam num nó difícil de desfazer. Eu que sou expert em desembaraçar luzes de natal, poderia perfeitamente usar meu talento para pegar este emaranhado de linhas de cores tão diversas e separá-las uma a uma, me libertando das milhares de perguntas que elas provocam. Mas o que eu faço? Eu sento na minha grande cadeira branca e passo os dias olhando a montanha de linhas no centro da sala. Sigo cuidadosamente uma delas com os olhos para ver onde estará sua ponta -- há de haver uma ponta. 
E sorrio...
Deixa! Deixa que as linhas se cruzem. Deixa que a vida me enrede, me embarasse, me algeme. 
Há beleza no universo dos nós. Só é preciso saber enxergar.

segunda-feira, agosto 02, 2010

_jaqueline e as crianças

.
Essa pessoa doce que habita a minha casa, tem transtorno obsessivo compulsivo e deixa tudo mais arrumado do que eu jamais sonhei, anda como um anjo para lá e para cá, e as vezes para para me contar uma história ou outra.

Sábado, arrumando meu café da manhã, ela me disse que a primeira vez que comeu presunto, já era adulta, porque a mãe dela dizia que presunto era feito de carne de criança. Quando eles íam à casa dos tios que tinham uma situação melhor, os tios insistiam para que eles comessem presunto, mas eles recusavam. Tinham peninha. Não entendiam como alguém podia comer algo feito da carne de criancinhas abandonadas.
Quando a mãe saía para trabalhar, avisava que eles não podiam ir para a rua, porque lá fora tinha pessoas que pegavam criança para fazer presunto. "Quer virar presunto?"- ela perguntava.

Achei horrível, mas ao mesmo tempo achei bonito. A mãe podia fazer um drama da vida difícil que levava, dizer que presunto era coisa de rico, que não era para o bico deles e tantas outras coisas horríveis que os pais dizem quando falta dinheiro. Horrível, sem dúvida...cruel até...mas eu até entendo.

De qualquer forma, é uma história que a Jaque lembra com carinho. Triste... como todas as histórias infantis.