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Doze janelas abertas no meu Firefox. Todas variações sobre o mesmo tema. Algumas no presente, outras no passado, outras tão passadas que mal reconheço a semelhança com nada que eu conheça. Algumas fotos abertas na bagunça do meu desktop, e tudo para eu tentar descobrir onde eu me encaixo nessa história toda.
Quem são essas pessoas? onde elas estiveram durante toda a minha existência? Por que, justamente agora, minha avenida pacata cruzou com a estrada delas? O que há em comum entre aquela pessoa e eu? Nada, meu deus, nada! Que traço dela remete a um traço meu? Eu reconheço o sorriso, mas não sei de onde. Eu sei que existe um link mas não consigo encontrar. Eu lembro da testa....eu sei que conheço, mas não sei...não lembro. São mundos distantes, são vidas diferentes. Não há um gosto, uma idéia, uma vírgula que coincida. Eu já vivi o que ela vive, eu já estive...já? Não! Mentira! Nem estive em nenhum lugar onde ela possa ter estado. Não há nada que nos ligue. Nada a não ser essa piada sem graça que é o destino - se é que existe um. Mas se não existir, o que seria então?
Às vezes a vida é esse quebra-cabeças: meu desktop bagunçado, janelas abertas, linhas que se cruzam sem se cruzar de fato, outras que estavam soltas em desenhos cheios de curvas, que de repente se embolam num nó difícil de desfazer. Eu que sou expert em desembaraçar luzes de natal, poderia perfeitamente usar meu talento para pegar este emaranhado de linhas de cores tão diversas e separá-las uma a uma, me libertando das milhares de perguntas que elas provocam. Mas o que eu faço? Eu sento na minha grande cadeira branca e passo os dias olhando a montanha de linhas no centro da sala. Sigo cuidadosamente uma delas com os olhos para ver onde estará sua ponta -- há de haver uma ponta.
E sorrio...
Deixa! Deixa que as linhas se cruzem. Deixa que a vida me enrede, me embarasse, me algeme.
Há beleza no universo dos nós. Só é preciso saber enxergar.
3 comentários:
só onde existe nós podemos enxergar qualquer beleza... haveria prazer se não existisse o outro?
Às vezes também me pergunto quem é toda essa gente, a maioria que eu jamais vi e provavelmente jamais verei. Que identidade têm, afinal, comigo? .. [Se é que têm alguma].
O que são todas essas vidas com as quais me envolvo dessa forma quase sempre tão asséptica? .. [aperto um interruptor e o envolvimento terminou].
E aí, fico quase feliz por lembrar que esse estranhamento talvez só exista porque - afinal! - eu aprendi a ser gente há muito tempo, quando essa engenhoca toda não existia nem em filme de ficção.
Mas ... ih! ... Será que esse é mesmo um motivo pra que eu me sinta melhor ou para que me desespere mais?
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