tag:blogger.com,1999:blog-346576662024-03-08T01:05:05.004-03:00Caixa Pretasegredos e mentirasMercedeshttp://www.blogger.com/profile/16416668573655000919noreply@blogger.comBlogger358125tag:blogger.com,1999:blog-34657666.post-89800690274178379912018-03-27T01:23:00.002-03:002018-03-28T00:37:27.080-03:00_sobre ser eu<br />
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "calibri"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-hansi-theme-font: major-latin;">. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "calibri"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-hansi-theme-font: major-latin;">Fui criada como pessoa
branca, hétero, em escola particular, etc, o que me faz parte da “elite” do
país, gostando ou não.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "calibri"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-hansi-theme-font: major-latin;">Num determinado momento da
vida precisei rever meus valores e princípios, vigiar meu pensamento e minhas
palavras, para parar de reproduzir ideias que não eram de fato minhas,
pensamentos incutidos pelo meio, machismos e preconceitos que são inseridos na
vida da gente ao nascer, como se fosse um chip que da play assim que a gente -
branco, hétero, com acesso à escola e proteína - nasce. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "calibri"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-hansi-theme-font: major-latin;">Precisei resetar tudo e
começar de novo, e aconteceu depois de escalar degraus suficientes para me
tornar realmente elite. Porque enquanto eu fui classe média baixa sem um pila
no bolso, parecia que não era feio fazer pouco do outro - tão parecido comigo -
sem perceber.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "calibri"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-hansi-theme-font: major-latin;">Na infância, eu era a
pobretona da classe, morava meio mal, só ganhava roupa nova no Natal, dividia o
quarto, o pacote de absorvente, o guarda-roupas e o banheiro com o resto da família.
Não era convidada pras festas e eventos das colegas de colégio mas nada disso
era importante pra mim ou, sendo bem cruel comigo mesma, parece que não dói se
você acha que, mesmo sendo inferiorizada, você nasceu superior a mais alguém.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "calibri"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-hansi-theme-font: major-latin;">Meu primeiro trabalho veio
na oitava série. Fui alfabetizar crianças numa escola que o meu colégio
mantinha numa comunidade (nos anos 70, o nome era FAVELA mesmo). Lá eu tive o
primeiro contato com gente que levava uma vida miserável. Mas a gente ainda
achava que eles eram assim meio que por opção, a gente ainda olhava pra eles
como inferiores, a gente ainda não se dava conta do porquê da miséria. A gente
ainda acusava a mãe das crianças de "fazer um filho com cada pai" e
"ter um monstrinho de cada cor". A gente ainda ensinava regras de
higiene para as crianças, com a superioridade de quem treina chimpanzés, como
se eles não comprassem escova de dentes por opção ou não "quisessem" tomar
banho com sabonete. A gente raspava as cabeças das crianças nas epidemias de
piolho, como num navio negreiro. A gente achava que a família
"atrapalhava" o desenvolvimento civilizatório das crianças. Nós não
passávamos de crianças também, mas éramos sinhazinhas. Fazíamos caridade, sim,
mas com o olhar do colonizador. Quando eu penso nisso hoje, imagino a cara dos
índios olhando para os portugueses, enquanto eles extirpavam a cultura milenar
das tribos, alegando necessidade de higiene, civilização e conhecimento. Falando
assim parece feio ne? Porque é.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "calibri"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-hansi-theme-font: major-latin;">Ao mesmo tempo que fazíamos
um trabalho realmente incrível, nossa origem branca colonizadora gritava muito alto.
Mesmo a minha origem - pobretona, penetra na festa do clube com roupa do ano
passado, vinda de uma família sem pedigree que teve origem, de um lado no filho
de um padre, do outro lado no bastardo do barão, passando pela menina que se casou com um homem na Espanha e com outro no Brasil e ninguém ficou sabendo. Mesmo
com essa origem moralmente questionável para os padrões católicos, a minha era
só uma família católica, branca, brasileira, trabalhadora. Muito trabalhadora.
Mas foi no seio da família que eu escutei que os moradores da Cidade de Deus
iam plantar maconha no vaso sanitário, porque não sabiam pra que ele servia. Foi
dentro de casa que ouvi que mulato é preguiçoso porque “a mistura não da
certo”, e vamos dormir porque “amanhã é dia de branco”, como se preto não
trabalhasse de verdade. Foi na escola católica que eu vi meninas cochichando
como princesinhas sobre as alunas bolsistas, filhas da faxineira ou órfãs:
"ela é pobre! nossa coitada!" e mantendo distância profilática. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "calibri"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-hansi-theme-font: major-latin;">A Escola se esforçava, mas
era uma escola de elite e você mostra o mundo, mas só quem tem olhos enxerga. Foi
nessa mesma escola que eu tive que decorar a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, aprendi sobre o holocausto, aprendi que liberdade religiosa é um
direito, vi a minha irmã bem branca desfilar na rua vestida de Orixá num 7 de
Setembro, conheci um padre hippie e comunista, aprendi a história de Israel e
de Zumbi dos Palmares, convivi com freiras modernas e revolucionárias que
tentavam nos incutir alguma desobediência civil, em plena ditadura militar. Conheci a
história da arte e da civilização, entendi que a arte é livre e incensurável e
retrata as mazelas de seu tempo, entendi que o mundo é maior do que a minha realidade e
aprendi que o planeta precisa muito, mas muito de justiça social. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "calibri"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-hansi-theme-font: major-latin;">Dessa mesma escola saíram
pessoas lindas e humanas que eu trago comigo, e outras que eu precisei bloquear
nas redes sociais, tamanho o fascismo que vomitam todos os dias em posts e
notícias falsas.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "calibri"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-hansi-theme-font: major-latin;">Mesmo tendo essa formação
incrível, cresci numa cidade preconceituosa e rude, repetindo grande parte de
seus discursos horríveis, como já demonstrei ali em cima. Digo e repito que
falamos e fazemos coisas horrorosas, por hábito. Por ter ouvido. Por deduzir
que é o certo já que nascemos sabendo. E mesmo tendo acesso à verdade, continuamos,
pois somos frutos de toda uma rede de pensamentos. É esse hábito que faz com
que as pessoas reclamem que o aeroporto parece uma rodoviária porque a classe C
invadiu. É esse hábito que faz você atravessar a rua quando um jovem negro vem
andando na sua calçada. É esse hábito que faz olhar estranho para a mulher de
classe baixa ao seu lado no mestrado. Olhar estranho não é olhar feio; é olhar
com aquela mesma admiração bobinha que você olha pra criancinha que tenta
levantar no berço, assumindo a sua superioridade por andar sobre duas pernas há
anos...</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "calibri"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-hansi-theme-font: major-latin;">Estes anos metafóricos, -
justamente esses anos de caminhada - foram tirados dos negros, dos índios, são
tirados dos LGBT, das mães solteiras, dos miseráveis e das mulheres. Eu sou
mulher e reconheço que reproduzi muito machismo pela vida a fora. Falei que era
feminina e não feminista (céus!), escrevi criticando mulheres que “dançam até o
chão feito putas e depois não querem ser estupradas na saída<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>da balada”. Briguei para minha filha sentar como
mocinha, não falar palavrão porque fica feio numa mulher, disse pra ela que
mulher bêbada é bagaceiro, disse que ela tem que se valorizar para não parecer
moça fácil (logo eu, incapaz de ser difícil), e outras bobagens sem fim. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "calibri"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-hansi-theme-font: major-latin;">Hoje eu sei, mas pra saber
tive que rever. E dói. Dói porque o espelho reflete uma imagem feia e ninguém
gosta de se ver assim. É fácil apontar o dedo, difícil é se reconhecer vaidosa
e injusta.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "calibri"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-hansi-theme-font: major-latin;">Hoje eu sei a verdadeira
história do Brasil e de todas as colônias mundo. Sei como funciona. Sei como o
colonizador arranca a alma, a língua e a religião do nativo. Sei do negro no
Brasil. Hoje eu reconheço racismo em frases que eu já disse, em nome de
sobremesa, em ditados populares, em olhares de conhecidos e na maneira de muita
gente tratar os funcionários. Hoje eu sei que rir do sotaque de alguém é dizer
que eu sou melhor do que ele. Hoje eu sei que a “ameaça comunista” é só o
inimigo eleito para justificar desmandos e fascismo, e que toda guerra por
liberdade é unicamente comercial - geralmente petróleo - porque<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o patrão não se importa com a
sua liberdade. Hoje eu sei que o medo vive debaixo da cama de pessoas que eu
aprendi a amar desde que nasci, porque elas são ignorantes. É medo de perder
privilégios e ter que experimentar a chibata que nunca estalou nas costas de um
dos seus. Como se o oprimido fosse o verdadeiro inimigo e tivesse sede de vingança.
Hoje eu sei que lutei do lado do colonizador e nunca pedi perdão aos atingidos,
e que por muito tempo preferi o que vem de fora à cultura que deveria ter
formado a minha personalidade. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "calibri"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-hansi-theme-font: major-latin;">Já vivi mais de metade da minha vida e quero
chegar ao final dela sendo mais justa, mais fraterna, mais humana e mais
coerente. Hoje, as bandeiras que eu levanto pesam menos sobre os meus ombros,
porque são autênticas e me pertencem. Tenho orgulho da pessoa que me
tornei, e quando olho em volta e vejo meus pares, meu sorriso cresce do tamanho
do planeta inteiro, porque era esse o espelho que me faltava. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "calibri"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-hansi-theme-font: major-latin;">O que precisa mudar
urgentemente é o olhar de superioridade equivocado das pessoas, porque não há
superioridade em nenhum departamento da vida. É um engano. Há que se acostumar com a
igualdade. Prezar por ela. Há que se olhar para dentro, porque o inimigo mora na
alma e é dentro que se transforma o mundo.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="font-family: "calibri"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-hansi-theme-font: major-latin;">Era isso.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"MS 明朝";
mso-font-charset:78;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:1 134676480 16 0 131072 0;}
@font-face
{font-family:"MS 明朝";
mso-font-charset:78;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:1 134676480 16 0 131072 0;}
@font-face
{font-family:Calibri;
panose-1:2 15 5 2 2 2 4 3 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:-520092929 1073786111 9 0 415 0;}
@font-face
{font-family:Cambria;
panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:-536870145 1073743103 0 0 415 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-unhide:no;
mso-style-qformat:yes;
mso-style-parent:"";
margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:Cambria;
mso-ascii-font-family:Cambria;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"MS 明朝";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Cambria;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;
mso-ansi-language:PT-BR;}
.MsoChpDefault
{mso-style-type:export-only;
mso-default-props:yes;
font-family:Cambria;
mso-ascii-font-family:Cambria;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"MS 明朝";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Cambria;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
@page WordSection1
{size:595.0pt 842.0pt;
margin:72.0pt 90.0pt 72.0pt 90.0pt;
mso-header-margin:35.4pt;
mso-footer-margin:35.4pt;
mso-paper-source:0;}
div.WordSection1
{page:WordSection1;}
</style>
--><div class="blogger-post-footer">©MercedesGameiro</div>Mercedeshttp://www.blogger.com/profile/16416668573655000919noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-34657666.post-3163921702531547242015-02-11T18:15:00.000-02:002015-02-11T18:17:55.365-02:00_ kissing a stranger<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">.</span></span><br />
<style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"MS 明朝";
panose-1:0 0 0 0 0 0 0 0 0 0;
mso-font-charset:128;
mso-generic-font-family:roman;
mso-font-format:other;
mso-font-pitch:fixed;
mso-font-signature:1 134676480 16 0 131072 0;}
@font-face
{font-family:"Cambria Math";
panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:3 0 0 0 1 0;}
@font-face
{font-family:Cambria;
panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:-536870145 1073743103 0 0 415 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-unhide:no;
mso-style-qformat:yes;
mso-style-parent:"";
margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:Cambria;
mso-ascii-font-family:Cambria;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"MS 明朝";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Cambria;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
.MsoChpDefault
{mso-style-type:export-only;
mso-default-props:yes;
font-family:Cambria;
mso-ascii-font-family:Cambria;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"MS 明朝";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Cambria;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
@page WordSection1
{size:612.0pt 792.0pt;
margin:72.0pt 90.0pt 72.0pt 90.0pt;
mso-header-margin:36.0pt;
mso-footer-margin:36.0pt;
mso-paper-source:0;}
div.WordSection1
{page:WordSection1;}
</style> <br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">no, it wouldn’t knock you out -- at least not immediately. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">it’s more like a slow-motion-near-death-experience. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">not that you can die from it, or a film is going to pass
before your eyes, or a tunnel of light, no. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">it’s like a thousand frames per second: everything around
happens so slowly, and lingers for so long, it would make a matrix bullet effect
look like a black & white silent movie scene. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">it’s no one you know, no one you dreamed of.</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">it’s this unknown smell, this unfamiliar breath. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">a stranger. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">the stranger. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">and so are you: </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">pandora box in disguise. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">you never know…</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">your heart pounds like never before.</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">all your system warns you that the enemy is too close:</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">the alarm sounds, screaming, all over your body, but you
just can’t move. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">you want. you can’t. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">it’s not that you’re afraid. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">you’re mesmerized and freaking out. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">enchanted and willing to escape. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">it’s fascinatingly uncomfortable. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">close to lysergic, almost hallucinogen.</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">stop thinking. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">just close your eyes, will you?</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">that’s when tongs get to the scene and do not speak. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">there’s no use for words where there’s a perfect syntax. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">for tongs that touch sing psychedelic lullabies and, </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">THAT my dear, </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">is eloquence.
</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div class="blogger-post-footer">©MercedesGameiro</div>Mercedeshttp://www.blogger.com/profile/16416668573655000919noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-34657666.post-748203906115181282015-01-24T00:51:00.002-02:002017-01-19T14:27:13.680-02:00_ dança das lembranças<style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"MS 明朝";
panose-1:0 0 0 0 0 0 0 0 0 0;
mso-font-charset:128;
mso-generic-font-family:roman;
mso-font-format:other;
mso-font-pitch:fixed;
mso-font-signature:1 134676480 16 0 131072 0;}
@font-face
{font-family:"MS 明朝";
panose-1:0 0 0 0 0 0 0 0 0 0;
mso-font-charset:128;
mso-generic-font-family:roman;
mso-font-format:other;
mso-font-pitch:fixed;
mso-font-signature:1 134676480 16 0 131072 0;}
@font-face
{font-family:Cambria;
panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:3 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-unhide:no;
mso-style-qformat:yes;
mso-style-parent:"";
margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:Cambria;
mso-ascii-font-family:Cambria;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"MS 明朝";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Cambria;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
.MsoChpDefault
{mso-style-type:export-only;
mso-default-props:yes;
font-family:Cambria;
mso-ascii-font-family:Cambria;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"MS 明朝";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Cambria;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
@page WordSection1
{size:595.0pt 842.0pt;
margin:72.0pt 90.0pt 72.0pt 90.0pt;
mso-header-margin:35.4pt;
mso-footer-margin:35.4pt;
mso-paper-source:0;}
div.WordSection1
{page:WordSection1;}
</style> <br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: x-small;"><span lang="PT-BR" style="font-size: xx-small; mso-ansi-language: PT-BR;">.</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="font-size: xx-small; mso-ansi-language: PT-BR;">o medo era
tão grande quanto<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o desejo. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="font-size: xx-small; mso-ansi-language: PT-BR;">eu me
lembro.</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="font-size: xx-small; mso-ansi-language: PT-BR;">era um
querer diário pelas escadas e corredores, </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="font-size: xx-small; mso-ansi-language: PT-BR;">um inspirar profundo do teu perfume, </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="font-size: xx-small; mso-ansi-language: PT-BR;">das tuas palavras, </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="font-size: xx-small; mso-ansi-language: PT-BR;">da dança dos teus passos.</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="font-size: xx-small; mso-ansi-language: PT-BR;">era, sim, uma
dança perfeita: meus olhos dançando nos trejeitos do teu falar.</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="font-size: xx-small; mso-ansi-language: PT-BR;">um pas des
deux secreto, que eu coreografava sorrindo, sem saberes.</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="font-size: xx-small; mso-ansi-language: PT-BR;">e o medo
que me flagrassem neste delito de te desejar.</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="font-size: xx-small; mso-ansi-language: PT-BR;">hoje vens, disfarçado de poeta e me fazes descobrir que ainda quero tanto</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="font-size: xx-small; mso-ansi-language: PT-BR;">e temo
tanto</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="font-size: xx-small; mso-ansi-language: PT-BR;">ou ainda mais.</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="font-size: xx-small; mso-ansi-language: PT-BR;">é nas tuas
palavras que me afogo. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="font-size: xx-small; mso-ansi-language: PT-BR;">elas parecem mais fortes agora do que quando me
assombravam. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="font-size: xx-small; mso-ansi-language: PT-BR;">agora elas rabiscam o papel, carregadas do que não existia: </span></span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="font-size: xx-small; mso-ansi-language: PT-BR;">um
carinho antigo, uma vontade histórica, um beijo fossil – escondido entre as
sombras do tempo. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="font-size: xx-small; mso-ansi-language: PT-BR;">eu me deleito
no que teria sido, no que poderia ser, no que seria </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="font-size: xx-small; mso-ansi-language: PT-BR;">se fosse…</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="font-size: xx-small; mso-ansi-language: PT-BR;">meu balet
secreto é agora uma orquestra inteira de notas complexas, tocando frenética
para um milhão de bailarinos, que desenham com piruetas sem fim, uma tapeçaria
de tramas mágicas. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="font-size: xx-small; mso-ansi-language: PT-BR;">é o tear do
tempo. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="font-size: xx-small; mso-ansi-language: PT-BR;">a música do sempre.</span><span lang="PT-BR" style="font-size: xx-small; mso-ansi-language: PT-BR;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="font-size: xx-small; mso-ansi-language: PT-BR;">a dança das lembranças. </span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="font-size: xx-small; mso-ansi-language: PT-BR;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="font-size: xx-small; mso-ansi-language: PT-BR;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif; font-size: small;"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">*texto antigo para um poeta antigo</span></span></div>
<div class="blogger-post-footer">©MercedesGameiro</div>Mercedeshttp://www.blogger.com/profile/16416668573655000919noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-34657666.post-27397215761822141022014-12-04T13:29:00.000-02:002014-12-04T20:02:12.530-02:00_desejos.<br />
Fui dormir às três da manhã.<br />
Jurava que dormiria até as dez...pedi por isso, precisava disso.<br />
Mas não aconteceu. Eram quase sete quando abri os olhos e precisei salvar em algum lugar um pensamento: os desejos de uma vida, a alguém que acaba de nascer.<br />
O pensamento apenas me veio. Talvez para a Aurora, porque desejo uma vida intensa para ela...porque é assim que é bom viver. Ou Emily e Hayley, que também merecem tudo de mais apaixonante no universo.<br />
De qualquer forma, este deveria ser o nosso desejo para qualquer vida que comece.<br />
E era assim:<br />
<br />
Que seu diário tenha eventuais manchas de lágrimas e algumas gotas de
sangue. Que haja nele coraçōes pintados de carmim e negro, alguns
partidos, outros impiedosamente flexados. Que as músicas nele guardadas
sejam belas, mas tristes, e falem de dor e amor eterno. E que as fotos estejam
amassadas de raiva...e beijadas de paixão.<br />
<div class="_5pbx userContent" data-ft="{"tn":"K"}">
Desejo dias
intensos, anos realmente novos, recomeços e amores.<br />
Pedras estrategicamente colocadas no caminho,
e cachoeiras refrescantes.<br />
Jardins, muitos...dos selvagens, com portões
trancados e muros para pular.<br />
E amoras silvestres, colhidas com picadas de abelha seguidas de beijos curativos.<br />
Que sua vida seja escrita com a narrativa de um romance bom, e mereça, acima de tudo, ser chamada de biografia.<br />
<br />
<br />
<br /></div>
<div class="blogger-post-footer">©MercedesGameiro</div>Mercedeshttp://www.blogger.com/profile/16416668573655000919noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-34657666.post-10392464628504220052014-11-24T16:39:00.002-02:002014-11-24T16:46:44.198-02:00_swim<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEokR7qVzU-Wzis07qYS87DO0dmlcQUkhF50bdQNyiT3FEfxtJs3ZXT22r1zXejq0Kj9KETxYK5srmzsIww_XYuVcmJ07179xF2fF8EJcE4cqhllJZkkia_4lU0tDKPWCXprc7/s1600/Sea+of+love.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;">.</a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsj0CqLM1HuyCh9YxWg3DlTip2nyvNFoms4LWeOjh5MTa0D7rqwWiSm9KWwlpHNI9gVEPMNb0M0QGAeoT6MAzM4UCHdporwR_65YR5uskp4zoWaxk73hMwLtxCwtZDRWMgIwbe/s1600/Sea+of+love.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsj0CqLM1HuyCh9YxWg3DlTip2nyvNFoms4LWeOjh5MTa0D7rqwWiSm9KWwlpHNI9gVEPMNb0M0QGAeoT6MAzM4UCHdporwR_65YR5uskp4zoWaxk73hMwLtxCwtZDRWMgIwbe/s1600/Sea+of+love.jpg" height="640" width="640" /></a></div>
<br /><div class="blogger-post-footer">©MercedesGameiro</div>Mercedeshttp://www.blogger.com/profile/16416668573655000919noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-34657666.post-69033324244741677802014-11-19T16:26:00.001-02:002014-11-19T18:25:27.289-02:00_ in the bunker.<br />
Era quase verão no hemisfério sul, mas onde ela estava era impossível perceber as estações pelo cheiro, a não ser a primavera. Esta, ela sentiria até do fundo de um bunker, mesmo que o mundo tivesse acabado há décadas. De algum jeito, setembro traria a paixão e ela saberia. Paixão por qualquer coisa: uma saudade, uma vontade de escrever, uma mania nova. Sempre assim, ano sim ano não, até o ano do fim. E foi no ano do fim que o universo dela se fechou.<br />
Pensando bem, agora sim ela vivia no fundo daquele bunker... Lacrada, vendo a paisagem por um telescópio, deixando de sonhar com flores porque elas não existiam. Não era ruim....Era confortável, era seguro, era feliz, mas não havia mais setembros nem primaveras. Anos e anos sem música e sem uma única folha de papel escrita.<br />
Nem uma palavra. Nem um perfume. Nenhum setembro.<br />
<br />
Numa manhã igual às outras, o cheiro no bunker mudou.<br />
Jasmin? <br />
Não. Era uma mistura de novembro e whisky, com um pouco de blues... <br />
O bunker inteiro estremeceu quando ela quis abrir aquela porta selada há tantos anos.<br />
<br />
E bastou um sim.<br />
Será pra sempre, ou até quarta-feira?<br />
Que seja até um dia que ninguém vai contar, desde que haja música e páginas escritas.<br />
<br />
<br /><div class="blogger-post-footer">©MercedesGameiro</div>Mercedeshttp://www.blogger.com/profile/16416668573655000919noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-34657666.post-37286753555798500232013-07-26T17:53:00.002-03:002013-07-26T18:31:12.358-03:00...rancor adolescente<div style="text-align: justify;">
<style>
<!--
/* <span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">Font</span> <span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">Definitions</span> */
@<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-face
{<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">family</span>:"MS 明朝";
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">panose</span>-1:0 0 0 0 0 0 0 0 0 0;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">charset</span>:128;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">generic</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">family</span>:<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">roman</span>;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">format</span>:<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">other</span>;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">pitch</span>:<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">fixed</span>;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">signature</span>:1 134676480 16 0 131072 0;}
@<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-face
{<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">family</span>:"MS 明朝";
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">panose</span>-1:0 0 0 0 0 0 0 0 0 0;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">charset</span>:128;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">generic</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">family</span>:<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">roman</span>;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">format</span>:<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">other</span>;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">pitch</span>:<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">fixed</span>;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">signature</span>:1 134676480 16 0 131072 0;}
@<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-face
{<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">family</span>:<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">Cambria</span>;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">panose</span>-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">charset</span>:0;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">generic</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">family</span>:auto;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">pitch</span>:<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">variable</span>;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">signature</span>:3 0 0 0 1 0;}
/* <span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">Style</span> <span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">Definitions</span> */
p.<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">MsoNormal</span>, li.<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">MsoNormal</span>, <span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">div</span>.<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">MsoNormal</span>
{<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">style</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">unhide</span>:no;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">style</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">qformat</span>:<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">yes</span>;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">style</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">parent</span>:"";
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">margin</span>:0cm;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">margin</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">bottom</span>:.0001pt;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">pagination</span>:<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">widow</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">orphan</span>;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">size</span>:12.0pt;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">family</span>:<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">Cambria</span>;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">ascii</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">family</span>:<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">Cambria</span>;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">ascii</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">theme</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>:minor-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">latin</span>;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">fareast</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">family</span>:"MS 明朝";
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">fareast</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">theme</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>:minor-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">fareast</span>;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">hansi</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">family</span>:<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">Cambria</span>;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">hansi</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">theme</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>:minor-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">latin</span>;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">bidi</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">family</span>:"Times <span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">New</span> <span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">Roman</span>";
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">bidi</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">theme</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>:minor-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">bidi</span>;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">ansi</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">language</span>:PT-BR;}
.<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">MsoChpDefault</span>
{<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">style</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">type</span>:<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">export</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">only</span>;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">default</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">props</span>:<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">yes</span>;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">family</span>:<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">Cambria</span>;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">ascii</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">family</span>:<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">Cambria</span>;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">ascii</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">theme</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>:minor-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">latin</span>;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">fareast</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">family</span>:"MS 明朝";
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">fareast</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">theme</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>:minor-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">fareast</span>;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">hansi</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">family</span>:<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">Cambria</span>;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">hansi</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">theme</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>:minor-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">latin</span>;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">bidi</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">family</span>:"Times <span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">New</span> <span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">Roman</span>";
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">bidi</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">theme</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">font</span>:minor-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">bidi</span>;}
@<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">page</span> WordSection1
{<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">size</span>:595.0pt 842.0pt;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">margin</span>:72.0pt 90.0pt 72.0pt 90.0pt;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">header</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">margin</span>:35.4pt;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">footer</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">margin</span>:35.4pt;
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">mso</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">paper</span>-<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">source</span>:0;}
<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">div</span>.WordSection1
{<span style="background: none repeat scroll 0% 0% yellow;" class="goog-spellcheck-word">page</span>:WordSection1;}
</style>
</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Lá no meio ou no fim dos anos 70, minha turma do Colégio
costumava fazer um jantar por mês, geralmente temático, porque...sei lá porque.
Era cada vez na casa de uma de nós.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Tínhamos 16 anos em média, éramos não mais
do que 19 meninas de uma turma engraçada. Não éramos desunidas, mas havia uma
certa divisão na sala. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Tinha as não-virgens (não...a gente não as
chamava assim) que eram as meninas que namoravam há anos com caras mais velhos
do que nós, algumas até usavam aliança. Eram todas super mais bonitas, hiper
cool e, de longe, muito mais interessantes do que as outras, simplesmente porque
tinham mais assunto e mais histórias pra contar.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Tinha as CDF, que como no resto do
universo, eram menos bonitas, mais quietas, mais descabeladas. Mais tarde
essa diferença deixou de existir, porque ninguém consegue fazer a linha
meu-cabelo-é-feio-mas-sou-inteligente a vida inteira. Algumas delas se tornaram mulhers bem bonitas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Tinha as superamigas: meninas que estudaram
juntas desde o jardim, vieram da turma da tarde e não se separavam para nada.
Eu passei três anos inteiros me sentindo uma outsider perto delas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">E tinha “nós”. Nós éramos as que não
viajavam nas férias, não eram convidadas para as festas de 15 anos, não
frequentavam a casa das outras a não ser que tivessem trabalho em grupo pra
fazer, ficavam sabendo das festas do final de semana só na segunda, pelos
comentários. Nós não éramos importantes. Apenas estávamos lá.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">A diferença básica entre eu e a maioria das
meninas da minha sala, numa escola de elite, é que elas faziam parte desta
elite, enquanto eu era bem quebrada. Nessa época eu morava num
apartamento/sobrado perto da Escola e meus pais estavam tentando se reerguer de
um daqueles golpes do destino que levam embora todos os centavos que você
pensava que tivesse. Até hoje eu não sei direito se os 4 filhos da minha mãe
eram bolsistas, ou se meu pai vendia a alma para a diretora da Escola uma vez por ano.
Provavelmente a segunda hipótese.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"></span><span lang="PT-BR">Então um desses jantares foi na minha casa.
Eu lembro que o tema era “jantar brega”. Lembro de procurar a toalha de mesa mais
estampada, flores de plástico para um arranjo, e a roupa mais esdrúxula.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Lembro de pensar num cardápio igualmente
brega. Me preparei para tudo. Quase tudo. Tudo menos o olhar de reprovação de
duas das minhas “amigas”. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Lembro de querer ser surda pra não escutar os
comentários maldosos que elas não se preocuparam em esconder. Lembro de querer não ver as duas andando pela minha
casa e comentando as cortinas, os móveis, a louça, até os talheres de servir. Lembro
de sentarem na minha cama (eu dormia com minhas duas irmãs) e uma
delas passar a mão na colcha cor-de-rosa-medonha (ou era azul-medonha?) e olhar para a outra com um
sorrisinho malvadão. Talvez tenha sido a coisa mais rude que eu vivi. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Mas eu
sempre fui desligada. Sempre fui tranquila. Nunca achei grandes diferenças
entre o meu apartamento humilde e algumas das mansões em que minhas amigas
bonitas moravam. Era meio que uma regra: as bonitas eram legais e muito ricas. As outras apenas moravam bem. Mas eu nunca quis a casa de nenhuma delas, ou estilo de vida, nem o guarda-roupa. -- Quis o
intercâmbio...mas também quis assim tipo “nossa que legal seria”, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>nunca passou disso. Não ter, jamais foi um
problema pra mim. Não ser sim...isso seria um golpe terrível bem no meio do coração
dos meus pais, e me faria tremendamente infeliz. Ser, eu sempre fui. </span>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">E acho que foi por isso que me chocou a
atitude das duas. Por eu não entender que diferença tão enorme elas viram. O
que era tão absurdo na casa de uma família trabalhadora e digna, que as fez rir
tanto? O que era tão fora do comum na casa de uma família unida, que causou
nojinho a elas?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Eu não fiquei triste. Eu não me senti
humilhada. Mas esta foi a primeira vez que eu achei que o mundo talvez não fosse
um lugar muito amigável. Foi a primeira vez que eu vi que alguns humanos
nasceram cruéis e pequenos. E tive pena. Delas. Torci para que os pais delas nunca
ficassem sem dinheiro, porque talvez elas não soubessem mais viver. Talvez elas sofressem demais, e talvez não conseguissem ver o mundo
com os meus olhos, como um alívio. Seria cruel.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Aí os anos passaram, a vida passou, a
tecnologia evoluiu, e chegou o Facebook. Ah Facebook! Não faz assim comigo!
Adivinha quem veio me adicionar como amiga? </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Sim, senhoras e senhores...pois é.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">E foi aí que eu descobri uma coisa horrível
sobre mim mesma: eu não sou legal. Não consigo ser legal. Não tem como eu
clicar “aceitar”. Não tem como eu achar normal que 30 e sei lá quantos anos
depois eu não tenha esquecido essa história, mas também não dá pra acreditar
que elas tenham. Aí eu simplesmente não quero que elas participem da
minha vida. Passaram todos esses anos vivendo sem mim e eu sem elas, certo? Pra
que mudar isso agora? Eu seria bacana se desse a elas a chance de
mostrar que se tornaram mulheres melhores. Eu seria generosa se as deixasse
entrar na minha vida pra conferir as cortinas da minha casa nova. Talvez.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Mas eu não sou legal, bacaninha,
generosa...é tudo mentira. Eu guardo rancor. Esse, pelo menos, parece estar bem
guardado.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Desculpa mundo. Não dá pra ser uma linda o tempo todo. It’s beyond my control.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><span style="font-size: x-small;">**não precisa me dizer pra não dar bola pra isso, não precisa me dizer que eu sou melhor que elas, não precisa...não precisa. Obrigada</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="blogger-post-footer">©MercedesGameiro</div>Mercedeshttp://www.blogger.com/profile/16416668573655000919noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-34657666.post-84098591334116253642012-12-12T19:02:00.000-02:002013-03-01T12:23:37.390-03:00_chatice<div style="text-align: justify;">
<style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"MS 明朝";
panose-1:0 0 0 0 0 0 0 0 0 0;
mso-font-charset:128;
mso-generic-font-family:roman;
mso-font-format:other;
mso-font-pitch:fixed;
mso-font-signature:1 134676480 16 0 131072 0;}
@font-face
{font-family:"MS 明朝";
panose-1:0 0 0 0 0 0 0 0 0 0;
mso-font-charset:128;
mso-generic-font-family:roman;
mso-font-format:other;
mso-font-pitch:fixed;
mso-font-signature:1 134676480 16 0 131072 0;}
@font-face
{font-family:Cambria;
panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:3 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-unhide:no;
mso-style-qformat:yes;
mso-style-parent:"";
margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:Cambria;
mso-ascii-font-family:Cambria;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"MS 明朝";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Cambria;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;
mso-ansi-language:PT-BR;}
.MsoChpDefault
{mso-style-type:export-only;
mso-default-props:yes;
font-family:Cambria;
mso-ascii-font-family:Cambria;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"MS 明朝";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Cambria;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
@page WordSection1
{size:595.0pt 842.0pt;
margin:72.0pt 90.0pt 72.0pt 90.0pt;
mso-header-margin:35.4pt;
mso-footer-margin:35.4pt;
mso-paper-source:0;}
div.WordSection1
{page:WordSection1;}
</style>
</div>
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: small;">Oi você.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: small;">Eu fiquei pensando se deveria ou não dizer
isso, mas talvez seja muito injusto deixar você descobrir sozinho. Vou tentar
ser suave, não machucar, não amedrontar, mas não garanto nada.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: small;">Vamos lá.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: small;">É que crescer dói.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: small;">É...logo eu ! Logo eu com a minha teoria de
que a infância é a pior fase da vida. Pois é. Mas é verdade: crescer também é
chato.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: small;">Não! Não é que a vida seja chata. A vida é
muito boa! Muito! Mas ela tem coisas, rapaz...tem coisas que eu queria poder
pular.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: small;">Uma das coisas mais chatas de crescer é o
trabalho. Claro que não chato CHATO, mas é chato às vezes. É bom se você ama o
que faz, mas mesmo amando muito, vai ter que encarar gente que não é legal. Tem
os legais...tem sim, mas não existe um lugar no mundo onde todos sejam legais.
No trabalho, você pode querer fazer só o que combina com os seus valores e
convicções. Pode. Mas às vezes vem a tentação de se desviar um pouco, por uma
proposta financeira irrecusável. Aí você começa a não dormir tão bem, porque
abriu mão dos seus princípios por dinheiro e isso se parece muito com
corrupção.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Aí você arruma uma desculpa
pra você mesmo: “tivemos que ampliar nosso campo de ação para sobreviver num
mercado competitivo.” Balela. Você quis a grana! Ela falou mais alto! Você é
agora um adulto. Um adulto como os outros. Chato isso. Muito chato.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: small;">E depois disso o dinheiro começa a ser seu
amigo, comprar as coisas que você sempre quis, encher a sua vida de presentes.
Ou não...ele não basta para as coisas que você sempre quis, e faz com que você
se esforce mais, trabalhe mais, seja mais competitivo, use palavras horríveis
como “empreendedorismo” e “agregar valor”, e se torne escravo do dinheiro, e
desprezível aos olhos de quem você era antes -- <s>embora bem vestido</s>.
Complicado, mas você tenta com todas as forças criar seus filhos de acordo com
aqueles valores que você trancou numa gaveta no fundo do armário, e agora estão
mofados e manchados de poeira.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: small;">Tem muita coisa boa na vida sim, mas tem as
contas. As contas são ok quando você tem dinheiro pra elas. São ok também
quando são poucas. Mas elas enchem o saco em três casos: </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: small;">. quando o dinheiro não dá</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: small;">. quando você queria guardar dinheiro pra
outra coisa</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: small;">. quando você esqueceu de pagar e agora
elas valem mais do que todo o tesouro do mundo. </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: small;">Mas conta não é nada: tem imposto. Imposto
é conta com dor. O DARF é um boleto que quer torturar você. É aquele dinheiro
injusto que você não pode deixar de pagar senão tiram tudo o que é seu. Você
não pode deixar de dar 1/3 do que ganha para que o governo mantenha o país em
ordem, mas eles podem usá-lo pra enriquecer políticos corruptos...ninguém vai
tirar nada deles. Chatice. Mas a maior chatice dos impostos é que ninguém
prepara você para eles. Você não aprende na escola que quando tiver sucesso,
vai ter que dividi-lo com o governo. Você até pode sacar isso sozinho, mas
nunca vai entender como eles funcionam, nem quantos eles são. Juro. Chatice.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: small;">Outra coisa chata da vida é ceder. Meu deus
como você vai ter que ceder...</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: small;">É no trabalho, em casa, no namoro, no
casamento, no trânsito, ceder, ceder, ceder! Aí você me diz que se recusa a
ceder sempre. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ta bom. Talvez você ache
que outras pessoas não cedem nunca. Não seja bobo! Todo mundo cede muito o
tempo todo, e mesmo os mais durões um dia vão amarelar para um filho, um amor, uma
mãe. Chatice.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: small;">Tem as partidas também. As partidas são o
mais duro. Quanto mais velho você fica, mais duras elas são. Tem gente que
morre, assim do nada, deixando você sem se chão. Tem gente que vai embora e não
volta. Tem gente que vira as costas sem piedade. Tem gente que cresce e parte,
porque tem que ser, porque é assim que é, porque faz parte. E dói demais. Bem
chato.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: small;">Tem o espelho. O espelho é cruel porque ele
é inconstante. Por muitos anos ele elogia você,<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>enche de vaidade, levanta a sua bola. Mas chega um dia que você percebe
que ele não acha que você acordou “bonitinho”, nem que o seu corpo é aquilo
tudo, nem que o seu cabelo seja um mínimo atraente. Não! Horror! <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E depois desse dia, ele passa a apontar seus
defeitos diariamente, mostrando sem dó o quanto você era melhor antigamente.
Cruel o espelho. Muito cruel. Chatice.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: small;">Fora tudo isso, tem as pessoas. O mundo
está atrolhado delas, não tem como escapar. O problema com as pessoas é que,
apesar de previsíveis, elas não são controláveis. Algumas vão com você do
começo ao fim – não sem dar algum trabalho – outras só estarão por perto quando
você não precisar. Experimente ter muito dinheiro e depois perder e talvez você
tenha que aprender o significado da frase “lots of money, lots of friends”,
para depois contar suas pessoas nos dedos. Pessoas não são fáceis, amigo.
Algumas vão lhe amar. Outras vão usufruir do que você puder lhes dar. Umas
serão a sua família. Outras passarão. Outras serão a sua família e passarão.
Acontece. Algumas decepcionam demais, outras são tão previsíveis que nem isso
conseguem. Chatice...</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: small;">E tem os documentos, a burocracia, as leis,
as filas nas repartições, o tempo de espera de um simples passaporte ou um
visto, pra você poder ir pra onde quer, fazer o que quer. Ou de um papel que
comprove que a sua casa é sua, mesmo todo mundo sabendo que você a comprou. Ou
os milhares de comprovantes de que você existe, mesmo todo mundo vendo que você
está ali, vivo, falando. Chatice!</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: small;">Crescer é chato. E dói às vezes. A gente
cresce e não dá mais pra não fazer a lição de casa e, mesmo assim, se safar.
Não dá mais pra morder o doce ruim, e jogar o resto embaixo do sofá da avó. Não
dá mais pra fechar a porta do quarto e dormir até tudo passar. E nem adianta
chorar. Não dá.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: small;">Desculpa, ta? Eu não queria assustar, mas
corre! Eu juro! Corre, que crescer é uma armadilha!</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span lang="PT-BR" style="font-size: small;">Beijo</span></span></div>
<div class="blogger-post-footer">©MercedesGameiro</div>Mercedeshttp://www.blogger.com/profile/16416668573655000919noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-34657666.post-66617849536545095682012-10-31T18:56:00.003-02:002017-01-19T14:36:48.576-02:00_família, família<div style="text-align: justify;">
<br />
As pessoas têm me olhado de olhos esbugalhados e exclamado frases espantadas, talvez por não me conhecer bem...talvez por me conhecer bem demais, e com certeza, por não conseguir entender o que eu sou e como quero viver.</div>
<div style="text-align: justify;">
O fato é que o dia de ficar mais velha está chegando. Não...não é meu aniversário. É um daqueles momentos em que você tem de se conformar: você não é mais menina, o tempo passou, agora dá um passinho pra trás e abre caminho para a outra geração.</div>
<div style="text-align: justify;">
É isso. Meu filho vai casar.</div>
<div style="text-align: justify;">
O fato dele ter quase 30 anos não me fez tão "gente grande" quanto a notícia do casamento. Calma...presta atenção: notícia do casamento = sua família vai formar família. Você pode ser avó. A.V. Ó. Entendeu?</div>
<div style="text-align: justify;">
Então...talvez eu devesse fazer charminho e dizer que isso me deprime, mas não. Eu estou louca pra ser avó de uma vez e, nem de longe, isso mudaria a louca aquela que existe em mim. Sorry. Eu continuo envelhecendo (bastante), só por fora.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nessas horas, a noção de família vem à tona. E o espanto das pessoas também. Sei lá o que elas imaginam que seja uma família. "Meus pais, meus filhos, meus irmãos e sobrinhos"? Não. Família é uma coisa mais ampla. Pelo menos a minha. Todo aquele que toca um dos meus de maneira mais próxima, mais constante, mais presente, é parte da minha família. Foi assim que a família do meu marido se tornou a minha (ou você acha mesmo possível casar com uma pessoa só?). Foi assim que a minha sogra se tornou minha filha, meu sogro virou meu amigo, os sobrinhos deles, e os filhos dos sobrinhos, as esposas dos meus sobrinhos... E dá pra ir mais longe: os primos dos meus primos e seus filhos, e a sogra da minha irmã, as enteadas do meu concunhado e seus maridos... Meus filhos têm amigos que me chamam de mãe. Pelo menos três das minhas amigas são minhas irmãs. E tem também as amigas-filhas. Somos todos uma coisa só, gostem ou não, queiram ou não. E assim a família cresce em progressão geométrica, não na árvore genealógica, mas no coração.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E senhoras e senhores, tem aquela outra parte da família. Aquela que causa o tal espanto que eu contei ali em cima. É o lado de lá: o pai, a madrasta e o irmão do meu filho. História longa essa...uma vida inteira de amizade, mesmo que distante, e ao mesmo tempo totalmente presente. Ela, minha amiga e confidente de adolescência - aquela amiga que promete ser madrinha do seu primeiro filho, sabe? - foi levada de mim pelo tempo, pela vida adulta, por aqueles caminhos que de repente se bifurcam...e se perdeu. Mas quando voltou, voltou no posto prometido. Virou madrinha. Mais do que madrinha, virou mãe-2. Voltou pra dividir comigo o que eu tinha de mais precioso e, sábia como ninguém, mostrou que amizade é sim eterna. Ele manteve-se em sua cadeira cativa, sempre pronto para ajudar, para ser cúmplice, para ser nobre - o que sempre foi e sempre será seu talento maior - dono de toda a nobreza do mundo. Juntos, eles tiveram um filho incrível. Um garoto tão genial quanto o meu (cof cof), tão doce e querido e tão... da família! E como poderia ser diferente? Eles são a família do meu filho, que também a minha, logo somos todos. </div>
<div style="text-align: justify;">
Quando era pequena, minha filha fez um desenho na escola, que mostrava todos nós: os sete. O desenho chocou a professora, que mandou me chamar, mas me deixou feliz: minha filha era uma pessoa de verdade. Porque é assim que é. E se todas as famílias fossem assim, eu garanto, a vida de todo mundo seria mais feliz.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pois então, quando a minha familia, de todos os lados, já era enorme, lá veio mais um carregamento de gente. Meu filho vai ter sua própria família, que também será a minha...Que venham todos!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu acho lindo, sabia? Eu acho que a vida é boa quando se soma, quando ela mesma se multiplica, quando ela é feita de pessoas que sabem que não é preciso contar, mas ser capaz de acumular e dividir o amor que se tem, bem direitinho.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Era isso.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="blogger-post-footer">©MercedesGameiro</div>Mercedeshttp://www.blogger.com/profile/16416668573655000919noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-34657666.post-78737521795996472082012-06-01T12:01:00.000-03:002014-11-16T11:05:02.015-02:00_enquanto isso na Irlanda<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrcetn_AETZrZT9pawmGVC1YbZvzrQ7G6WfQJC_op8XSH6t0AwbTuEidb-uPMnVmkkDqwT_aVIRk1PTsSa3ubxsxGe5in8cjdOC09bH_94IefxO_4aZEsQQ85MkwD20bxs5254/s1600/summertime.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrcetn_AETZrZT9pawmGVC1YbZvzrQ7G6WfQJC_op8XSH6t0AwbTuEidb-uPMnVmkkDqwT_aVIRk1PTsSa3ubxsxGe5in8cjdOC09bH_94IefxO_4aZEsQQ85MkwD20bxs5254/s320/summertime.jpg" height="238" width="320" /></a></div>
<br />
Então havia este lugar verde e cheio de árvores, muitas flores e alguns móveis. Era bucólico como deveria ser um país exuberante em natureza e história.<br />
Numa cadeira de jardim estava ele. Camisa branca, gravata borboleta desamarrada, um sorriso enorme estampado no rosto. Como eu sabia. <br />
Antes que eu me manifestasse, ele se levantou sorrindo e abriu os braços. Eu ali...<br />
Era tão real e deliciosa aquela visão.<br />
<i>Meu amigo querido...</i><br />
O abraço mais alegre e eu descubro que as flores eram para o meu casamento.<br />
<i>- Meu casamento? Eu sou casada!</i><br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2xlKsGzcKboagsyDrOnocJvEptopF29AL3kEnG4q7bT41IrpAfnadBPv5pEp90LX3ehACC9AMgMCi6TU0SPwGfe1Wy1R1hUIe8i2QaCK8OBthCDlLiRu928e3vO9iAcHsP2V8/s1600/together.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2xlKsGzcKboagsyDrOnocJvEptopF29AL3kEnG4q7bT41IrpAfnadBPv5pEp90LX3ehACC9AMgMCi6TU0SPwGfe1Wy1R1hUIe8i2QaCK8OBthCDlLiRu928e3vO9iAcHsP2V8/s200/together.jpg" height="200" width="130" /></a><br />
<i>- Você não pode FICAR casada comigo, mas a gente pode se casar só hoje, só pra ser feliz.</i><br />
<br />
E fomos para a cozinha da casa grande ajudar com os doces, e ele cantou e fez graça e me exibiu as pessoas que ele ama, e arrumamos as flores nas mesas.<br />
O lugar cheio de amigos, num dia inundado de sol e sorrisos. <br />
<br />
Foi isso: um casamento para selar essa amizade à distância de tantos anos, para dizer que a gente se tem para sempre, haja o que houver, mesmo que o mundo acabe, ou um de nós.<br />
<br />
<br />
Sonhos são ingênuos. E felizes.<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-small;"><i>Imagens: Summertime e Together - By <a href="http://www.flickr.com/photos/paddy2009/">Paddy Higgins </a></i></span><br />
<span style="font-size: x-small;"><i>@hisIrishness</i></span><div class="blogger-post-footer">©MercedesGameiro</div>Mercedeshttp://www.blogger.com/profile/16416668573655000919noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-34657666.post-73244048264625792532012-05-28T18:05:00.003-03:002012-05-28T18:05:34.170-03:00_saudade de mim<br />
Sinto saudade da minha insanidade.<br />
O tempo passou e com ele veio uma serenidade que deveria ser bem vinda, mas ao contrário, é incômoda. A serenidade trouxe mais tempo. Mais tempo significa que o que eu não fiz hoje posso fazer amanhã, a pressa passou, a ansiedade passou, o turbilhão de idéias borbulhando na cabeça passou.<br />
Isso não é bom.<br />
Deveria ser ao contrário. Eu deveria ter mais pressa agora que a maturidade chegou. De hoje em diante as mudanças são diárias. Meu rosto se modifica, meu corpo se modifica, e o que eu mais temia também acontece: fica mais difícil sonhar acordada.<br />
É como se de repente eu tivesse instalado um plugin que me aprisiona à realidade. E a realidade é gostosa, não se engane. Eu leio, eu cuido do jardim, eu sorrio mais tranquila, eu penso em coisas que antes não pensava. Eu até tenho mais paciência com as pessoas. Mas e a paixão? E os pensamentos desvairados? E a eterna conversa com personagens impossíveis, as histórias de amores inatingíveis? Cadê?<br />
Será que envelhecer é assim? É ficar mais calma, mais feliz, mais tranquila? Se é, deixa eu contar pra vocês que é chato. É muito chato envelhecer.<br />
Morro de saudade de pegar o carro e não saber para onde estava indo, porque na verdade estava viajando por algum mundo distante onde viviam magos e monstros. Saudade de chegar na ponta do pier e ver emergir do oceano o moço de olhos azuis que tentava levar Mônica para o seu mundo.<br />
Saudade de ver Daren tentar conquistar Mariana, Jack se indignar de amor, Nani ficar dividida entre dois homens perfeitos.<br />
Muita saudade de ser eu.<br />
Será que ao perfurar o solo para os alicerces da minha casa eu criei raízes que nunca mais me deixarão voar? Será que estou enfeitiçada, atada irreversivelmente ao mundo real , condenada a cuidar das contas e do supermercado? Será que nunca mais vou encontrar uma história de amor entre uma caixa de chá e um pote de doce de leite? Será?<br />
<br />
Estou pagando meu próprio resgate a quem quer que saiba como sair deste marasmo confortável.<br />
<br />
Alguém me dá uma <i>poção desconfortabilizadora de escritoras adormecidas</i>.<br />
Me beija, príncipe. Eu quero acordar.<br />
<br />
<br />
<br /><div class="blogger-post-footer">©MercedesGameiro</div>Mercedeshttp://www.blogger.com/profile/16416668573655000919noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-34657666.post-54076135064029272042012-01-10T17:16:00.003-02:002012-01-10T17:24:30.838-02:00_as gavetas do caixão<div style="text-align: justify;">.</div><div style="text-align: justify;">A gente vive num tempo voltado para o dinheiro. Dinheiro este voltado para o conforto - ou essa é a desculpa. Cientistas descobrem maneiras de vivermos mais e melhor. Inventores resolvem problemas básicos como encurtar distâncias, minimizar esforço, diminuir stress. A tecnologia caminha a passos largos para que nossos passos possam ser cada vez menores e mais leves. Menos esforço = mais conforto, como se nossa espécie estivesse cansada já ao nascer. Além do dinheiro comprar conforto - e celulares cada vez mais legais - também compra saúde, ou maneiras de fazê-la perdurar. Às vezes compra relações, mas não há garantia extendida para isso. O dinheiro compra. Fato. Mas e daí? "Caixão não tem gaveta", diria minha avó.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mas se caixão tivesse gaveta, o que iria dentro dela? Não cabem seus feitos, mas cabem seus sonhos. Não cabem suas conquistas, mas cabem seus amores. Não cabem seus milhões, mas cabe o que você viu neste mundão de meu deus. Não cabem as pessoas...nem a lembrança delas, nem nada. Tudo mentira. Eu sou o tipo de pessoa que para para pensar no que cabe nesta gaveta, acredite. E depois de pensar muito, concluí que é inútil perder o tempo do carpinteiro com a execução de um caixão/cômoda/armarinho, porque no final você não leva nada desta vida. Você DEIXA.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Não vamos nem discutir a existência da vida eterna - teoricamente você tem a eternidade para esta discussão -, não vamos nem querer saber se existe um deus lá em cima anotando os seus pecados, não vamos avaliar se o juiz do juízo final usa toga ou peruca branca ou se o fórum vai estar em recesso quando/se você chegar lá, o fato é que a vida que você leva aqui é a vida que você deixa aqui. Não! Você não deixa filhos, mulher, parentes, obras...você deixa a sua história. Quer julgamento pior do que deixar a história aí para todo mundo ver, e não estar presente para se defender? Ah-ha! agora você entende o "julgamento final"? Você a sete palmos do chão, mãos cruzadas sobre o peito, aquelas flores já murchando e o povo aqui fora analisando os seus feitos e defeitos? E você com medo de Deus...ai ai ai que equívoco!</div><div style="text-align: justify;">Os seus segredos mais bem guardados virão à tona. Seus amores platônicos serão revelados. <strike>Sua segunda familia aparecerá no velório.</strike> Suas caixas de lembranças serão abertas, seus bilhetes serão lidos, suas mazelas serão descobertas...e você lá, impotente.</div><div style="text-align: justify;">Aí as pessoas acham que precisam andar direito para que sejam salvas. Salve-se! É você quem salva a sua reputação deixando as pessoas cheias de coisas boas para lembrar sobre você. Se não for capaz destas "coisas boas", seja engraçado, seja diferente, seja inteligente, mas por favor faça alguma coisa para que a sua vida dure mais do que os anos de vida que você teve. Ser esquecido, este sim, talvez seja o inferno. A eternidade pode ser a lágrima que escorre pelo rosto de alguém ao falar de você, o sorriso de admiração ao conhecer uma história sua, um traço de gratidão no olhar de alguém que você ajudou... A vida eterna talvez more nesta lembrança pairada no ar, fazendo seu nome viver por mais tempo, nas histórias contadas nos almoços de domingo, ou nas páginas de um livro de memórias...de alguém outro.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Talvez a salvação - se é que alguém precisa ser salvo - seja só a certeza de uma vida bem vivida.</div><div class="blogger-post-footer">©MercedesGameiro</div>Mercedeshttp://www.blogger.com/profile/16416668573655000919noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-34657666.post-48555317845176592092011-11-10T19:05:00.000-02:002011-11-10T19:05:37.801-02:00_...<div style="text-align: justify;">Oi pai,</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Já é Novembro. O Natal vai chegando perto e a gente vai tentando dar um jeito de esconder a sua ausência. Imaginando a bagunça, as chegadas, a comida, e pensando o que você gostaria de comer, o que diria para o último a chegar, a que horas declararia abertos os trabalhos e abriria a primeira garrafa...</div><div style="text-align: justify;">Eu fico tentando fugir destes encontros com você, como se fosse possível. É pensar em Natal e eu já escuto a mãe brigando porque você está roubando fatias de peru e bagunçando o prato que ela arrumou. Aí eu já quero abrir um pacote gigante de pepino na salmora do mercado municipal, e comer com você.</div><div style="text-align: justify;">Lembra do terreno que a gente comprou? Você falou tanto que a gente tinha que morar num lugar nosso. Então...a casa está pronta e a gente já se mudou. É tão linda, pai... qualquer janela que você abra dá para a mata. Os sons são os mais incríveis: grilo, passarinho, sapo (é...claro que tem sapo. Você sabe que eu não vivo sem sapos), um tucano que nos acorda de manhã, e o jardim é incrível. Plantei dois pés de romã pra não esquecer o que você me ensinou: <i>"a fruta não precisa apodrecer por causa de uma semente estragada - como a romã."</i> E plantei pitanga, jaboticaba, lichia, limão, tangerina, um monte de lavanda. Na frente da casa, resedás e cerejeiras, para encher tudo de flor. E a cada árvore que foi plantada eu pensei na sua aprovação. Todos os dias, quando eu abro a porta da varanda com um céu imenso e a mata, e sinto o cheiro da lavanda, não consigo evitar de pensar como você gostaria deste lugar.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUr05vKMPC1YWRpEVZsznNU2txGUmGhXB958tzyoKaplJ4c3lvFEhDW6iYyN7ZqZnxoEAJpwaeZozKX6j2577Ls2txky1uiYU_3Uc877zrc8ohhWPDz3x2IIfANKD4Q3e_VkGv/s1600/pai+baixa.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUr05vKMPC1YWRpEVZsznNU2txGUmGhXB958tzyoKaplJ4c3lvFEhDW6iYyN7ZqZnxoEAJpwaeZozKX6j2577Ls2txky1uiYU_3Uc877zrc8ohhWPDz3x2IIfANKD4Q3e_VkGv/s320/pai+baixa.jpg" width="320" /></a>É o terceiro Natal sem você. Saudade três vezes maior. Não passa, sabe? Desde que você foi embora eu não fiz muita coisa. É, eu sei, eu construí uma casa e plantei uma dúzia de árvores, mas eu não terminei o meu livro. Não consegui mais escrever. Republiquei textos, escrevi uma bobagem ou outra, mas escrever, escrever MESMO, não. O livro ficou encostado, como se tudo o que eu tinha a dizer tivesse esvaziado. Eu também não quis mais fazer ginástica, nem regime. Eu sei o que você diria disso. "Vai pra terapia, Mercedes. Você precisa superar." Hm...não sei. Até porque no fundo eu sei que usei você como desculpa para esvaziar. Andar tão cheia cansa um pouco (mentira!). Eu acho que apesar de todos os altos e baixos, minha vida foi sempre tão cor-de-rosa - ou eu tão irresposável -, que antes era mais fácil fantasiar e escrever. Depois que você foi embora, ficou tudo tão mais duro e real...</div><div style="text-align: justify;">Eu sei...preciso resolver.</div><div style="text-align: justify;">Mas fora esse pequeno desvio, estamos todos bem. A vida - apesar de mais real - está boa, todo mundo feliz, e não deixei de cumprir as promessas que fiz pra você. Todas elas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Então Pai...o Natal vai ser aqui em casa. As duas familias inteiras e juntas. A Dona Marilia, matriarca absoluta, fazendo fios de ovos, os meninos na piscina, as meninas fazendo barulho, todo mundo falando ao mesmo tempo, os acessos de riso de hábito, as histórias engraçadas da infância das quais você faz parte. E a gente vai chorar, claro, a gente chora só de se olhar. Isso nunca mudou. Aí eu fico pensando se não vai faltar o seu sorriso. Mas não vai não Pai, porque na verdade ele sempre está lá quando a gente se reúne. É a sua obra. Porque se tem uma obra que você deixou na vida, foi este amor que a gente sente. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Era isso, Pai. Acho que eu precisava chorar.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Beijo</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;"><i><br />
</i></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;"><i>eu sei que este texto vai afetar demais algumas pessoas. Me desculpem, mas fazia muito tempo que eu precisava fazer isso. </i></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;"><i>Só não me telefonem pra falar disso, ta? por favor...porque eu vou chorar no telefone e ninguém vai entender nada do que eu falo. Sorry.</i></span></div><div class="blogger-post-footer">©MercedesGameiro</div>Mercedeshttp://www.blogger.com/profile/16416668573655000919noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-34657666.post-43967296556273626282011-09-23T21:01:00.004-03:002011-09-23T23:28:51.110-03:00_5.0<div style="text-align: justify;"></div><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span lang="PT-BR">Dizem que quem nasce nos domingos de sol é vaidoso, alegre, barulhento. Não sei se é verdade. Sei que sou vaidosa sim, que passei 90% desses 50 anos sorrindo e que já fui bem mais barulhenta do que sou hoje. Ultimamente gosto de ficar quieta e às vezes nem estou a fim de conversa. Mas há um barulho intenso dentro de mim, 24 horas por dia, sete dias por semana, desde sempre. E sol.</span></span></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></div><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span lang="PT-BR">Em outros 90% dessa minha vida estive triste. Não triste triste. Triste...triste. Só lá no fundo, numa outra vida imaginária que quase ninguém conhece. Espera...NINGUÉM conhece!</span></span></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span lang="PT-BR">É lá que eu vou buscar poesia quando preciso, porque não é possível escrever feliz. Não pra mim. Existem coisas que escrevo que são de uma tristeza mais profunda do que a profundidade em si, mas nem é verdade, embora seja. Dá pra entender? Provavelmente não. Mas se eu não convivesse com essa dor que não existe, jamais escreveria uma linha. Nem as obscuras nem as felizes. Então não me dê remédio, não me trate, não me mande para a terapia, porque não existe remédio melhor do que ler o que sai de mim, mesmo que eu jogue fora depois. É o meu falar sozinha, é o meu falar com deus. </span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span lang="PT-BR">É, eu sei...de perto ninguém é normal. Não eu.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span lang="PT-BR">75% dos meus dias foram de paixão arrasadora. Ou mais: mais que 75, mais que arrasadora. Me apaixonei pelos outros, por mim, pelas coisas, fui obsessiva, fui maluca, fui inconsequente, assustadora. Fiz coisas talvez codenáveis, se é que é possível condenar o amor em qualquer de suas formas. Se for, sou culpada, aceito, confesso sem a menor vergonha na cara, porque é assim que eu sou 100% do tempo.</span></span></div><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span lang="PT-BR">32% dos dias de sol eu sorri. 99,9% dos de primavera eu sonhei acordada. 87,2% dos dias de chuva eu chorei. </span></span></div><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span lang="PT-BR">É quando a tristeza me toma de assalto que minha vida imaginária acontece, e ah! não me faça rir porque eu não quero! Me deixa sofrer por nada. Me deixa descabelar as madeixas e me jogar na cama só hoje...só pra cozinhar essa tristeza boa, porque a vida é chata sem ela, porque ser feliz pode virar rotina e toda rotina torna-se um nada. É preciso enxergar a felicidade, então deixa chover em mim...deixa eu chover no mundo.</span></span></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span lang="PT-BR">Mas a dor em mim dura pouco...eu canso. Passou.</span></span><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span lang="PT-BR">40% dos meus dias eu trabalhei. Meu nome foi trabalho durante quase toda uma vida, até meu nome se tornar família, não por vontade própria, mas por pura birra. Sim...as pessoas que nascem nos domingos de sol são teimosas, odeiam ser contrariadas e conseguem ressurgir das cinzas só pra contrariar de volta. Eu trabalhei 15 horas por dia dos 18 aos 40, - e menos um pouco desde os 13 - porque precisava, porque queria e parei só pra não dar o braço a torcer. Long story... Mas aí que recomeçar é o que eu sei fazer melhor, em qualquer território. Então por que não? Funcionou.</span></span></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></div><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span lang="PT-BR">65% da minha vida profissional foi criar. Criar pelos outros, criar os outros, arrumar a criação dos outros, criar um mercado, criar diretores, criar laços, criar problema (oops)...criar. Criei condições de trabalho onde não existia. Criei pupilos e ensinei até quando não sabia que estava ensinando. E eles cresceram. Cada um deles era um mini-príncipe encantado ou uma princesinha perdida e todos viraram reis e rainhas enquanto eu, rainha mãe, os via crescer orgulhosa. Também criei meus filhos e meu marido - ele mesmo criado por mim em várias áreas da vida, agora está me criando - e meio que terminei de criar meus pais e meus sogros. Agora sigo criando formas de recriar a minha própria vida.</span></span></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span lang="PT-BR">73% desses anos eu questionei a existência de deus na forma que conhecemos. Questionei a Bíblia, o Torah, todas as versões e traduções dos textos sagrados, fiquei de mau com a igreja e com a humanidade, mas rezei. Aprendi a rezar do meu jeito pra um deus que eu entendi e pra Santa Rita, Maria Padilha, Iansã e para as forças que aprendi a dominar dentro de mim. Aprendi que o bem e o mau são a mesma mão e a minha é parte disso, como a sua, não importa de que lado você ache que está. Já soube ler tarot, já aprendi kabalah, já dominei os cristais, já purifiquei coisas e pessoas que precisavam, e já esqueci como fazer tudo isso. Já salvei casamentos e aliviei angústias. Fui chamada de bruxa mais vezes do que gostaria, mas a verdade é bem mais simples: aprendi que as palavras têm força. Aí evitei as que não gosto, procurei outras - novas - para proteger os meus de um mundo que pode ser cruel, quando me distraio. Aprendi a confiar no destino e a modificá-lo dentro das minhas limitações - que são muitas quando me sinto fraca, e nenhuma quando estou feliz -. E respeitei a lei do retorno. Aprendi que é aqui e agora que nasce e cresce o que a gente planta. E durante 80% do meu tempo, planto coisas que você nem vê...mas elas crescem.</span></span></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span lang="PT-BR">94% dos dias, fui grata. Grata pelas minhas escolhas, grata pelas minhas pessoas, grata até pelos meus erros.</span></span></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span lang="PT-BR">Entendi que não tem como dar errado quando você faz as coisas por intuição. Segui as reviravoltas do meu estômago, derrubei meus castelos e construi outros, milhares de vezes, porque achava que daria certo e, mesmo não dando, deu...ou eu que sou iludida. Mas fui feliz. Funciona assim: se fui feliz deu certo. End of story.</span></span></div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span lang="PT-BR">Não aprendi matemática (talvez você note, pelos percentuais aí em cima) mas entendi a vida. É que quantidade, assim como tempo e espaço, é uma coisa relativa e mutável – na minha matemática.</span></span><br />
<span style="font-size: small;"><span lang="PT-BR">Que tipo de vida besta soma só 100%? Tão lógica...tão banal... não serve pra mim. </span></span></div><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span lang="PT-BR">O exagero, este sim, guarda a totalidade das coisas que eu sinto. Só ele pode definir a minha vida: um exagero de vida, um transbordar de tudo. Esse sem número de acontecimentos que até eu duvido...um eterno “despencar na cabeça” de vida. </span></span></div><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span lang="PT-BR">É assim que é: 50 anos de vida despencando na cabeça e transbordando em milhares de histórias indescritíveis, quase todos os dias, em todos os planos da vida: no real e no imaginário. Ou eu, que sou irresponsável, entendo assim.</span></span></div><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span lang="PT-BR">Em resumo...schlevers por cento da minha vida eu fui feliz, mesmo quando não fui. </span></span></div><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span lang="PT-BR">Tem sido bom demais. </span></span></div><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;"><span lang="PT-BR">E faz sol.</span></span></div><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><span style="font-size: x-small;"><i>Amanhã, 24 de Setembro de 2011, eu faço 50 anos. And inside, I'm dancing.</i></span><br />
<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="blogger-post-footer">©MercedesGameiro</div>Mercedeshttp://www.blogger.com/profile/16416668573655000919noreply@blogger.com15tag:blogger.com,1999:blog-34657666.post-67543805730191763232011-07-12T21:19:00.001-03:002011-07-12T21:22:04.615-03:00_socorro!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIcClcfigxOcnuVyw4pktyQsW-aa5FCr5tWQw17WEqAfj5ynqIRwrrrQrqjE_d6jCGgPQiYFhSGOegSfzyZQ-GdAEE_aNMmROsWTnfBMTLMiBjfMicmeuHvYXdrA-awwtxMDh8/s1600/godzila.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="298" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIcClcfigxOcnuVyw4pktyQsW-aa5FCr5tWQw17WEqAfj5ynqIRwrrrQrqjE_d6jCGgPQiYFhSGOegSfzyZQ-GdAEE_aNMmROsWTnfBMTLMiBjfMicmeuHvYXdrA-awwtxMDh8/s400/godzila.JPG" width="400" /></a><i> </i></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><i>foto: a chegada do godzilla</i></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">(Sobre como me tornei um monstrengo) </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nunca vi nada tão feio na vida! Juro!</div><div style="text-align: justify;">Há alguns dias, minha filha me disse que eu tenho andado muito desarrumada:"você nunca foi assim, Mãe..."</div><div style="text-align: justify;">É verdade. A carinha dela dizendo isso me deixou mexida. Quer dizer...me deixou envergonhada. Mas não tem jeito, gente, sério. </div><div style="text-align: justify;">Eu me mudei. Mas assim, não foi uma mudança igual às quase 30 que eu fiz no decorrer da vida. Eu me mudei pra minha própria casa, o que é lindo, mas com cheiro e restos da obra, o que não é nada lindo. Teve toda aquela ilusão de que a gente só se mudaria com tudo pronto e cheirosinho, mas como todas as outras ilusões da vida, era mentira. Cá estamos.</div><div style="text-align: justify;">Antes da mudança, tive um ataque de desapego e me livrei de 50% das minhas roupas. Outra ilusão. "Nunca mais vou querer isso", pensei, como se mudar de casa mudasse o gosto ou a quantidade de roupas que alguém usa. E o que sobrou? As roupas de gorda, claro: blusas largas e leggins e casacos desmilinguidos. Aff. Mas isso não é tudo. O homem é fruto do meio, certo? Então...pensa no meu meio: pedreiros, pintores, encanadores, faxineiras, jardineiros. Gente linda! Só gente linda!</div><div style="text-align: justify;">O resultado disso é que eu estou um horror. Não, não assim como você pensou. Nem você, que me conhece e sabe dos meus exageros. Não! Pior. Muito pior.</div><div style="text-align: justify;">Faz quase três semanas que estou aqui e ainda não tem espelho no meu banheiro. Tem no closet, mas não no banheiro. Agora me conta, quando você realmente se olha no espelho? Sim, quando lava o rosto, escova os dentes, seca o cabelo. Cabelo? Não vamos falar de cabelo. Todos os meus antepassados estão gritando! A parte frontal da minha cabeça é a filial da África. Tudo num laranja "eu-pinto-meu-cabelo-em-casa-com-a-tinta-errada"...uma lindura.</div><div style="text-align: justify;">E meus dias têm sido super agradáveis.</div><div style="text-align: justify;">Acordo as 7:30 com a portaria me ligando para anunciar a chegada do Tonho pedreiro. Bom dia!</div><div style="text-align: justify;">Nos próximos 30 minutos posso cochilar um poquinho, mas bem pouquinho, porque chega o Francisco - o paisagista peão - com um exército de jardineiros feios vestidos de verde, com nomes como Gileno, Gildásio, e uns doze Franciscos. O Francisco chefe é um amor, delicadíssimo, atencioso a ponto de te fazer pensar que o mundo é lindo, mas tem um megafone na garganta e fala com o exército verde debaixo da minha janela. Bom dia! (A propósito, o jardim está lindo).</div><div style="text-align: justify;">Depois começam os sons internos. Os pintores invadem a casa, e conversam. Um deles canta. As vozes se misturam aos sons de fora: o radinho de pilha do gileno, o pedreiro levantando o muro, outro colocando a tela dos fundos, o eletricista e o assitente conversando mais alto do que a furadeira , os marceneiros montando a estante da sala, e o diabo em pessoa rindo da minha cara em algum lugar do inferno.</div><div style="text-align: justify;">Lembra daquela mulher que levantava com o famigerado roupão pink, sentava para tomar uma dúzia de xícaras de café lendo o jornal? Esquece. Morreu. Agora ela levanta, toma banho, veste uma coisa (sim, uma coisa), prende o cabelo e a áfrica inteira para trás e vai tomar café no banquinho da cozinha (preta e linda), porque não dá pra levantar de pijama, nem tomar café na sala com 3 pintores olhando e mais um monte de neguinho passando. Ah! Mencionei que os móveis da sala estão cobertos com plástico e tem papelão no chão por tudo? Não...detalhe sem importância.</div><div style="text-align: justify;">Poeira...poeira na alma, nas narinas, em tudo.</div><div style="text-align: justify;">Hoje istalaram um espelho de aumento no meu banheiro (o grande não chegou ainda e não me pergunte porque) e eu fui testá-lo. Ele tem luz sabe? E aumenta. E eu me deparei com uma ogra descabelada com a sobrancelha ídem. Céus...alguém me roubou de mim!</div><div style="text-align: justify;">Mas voltemos à rotina do dia: durante as horas em que o sol está brilhando, escuto meu nome sendo chamado em várias línguas: baianês, alagoês, caipirês, para resolver coisas never dantes imagináveis e atender pessoas tipo o instalador da bomba, o caminhão da caçamba, o vendedor de caixa de correio, o moço dos vidros, o do corrimão, o da pedra, o entregador de andaime. Recebo notícias do tipo: tá escorrendo água pela luminária do corredor porque a marcenaria furou o cano quando foi instalar o não sei o que do banheiro. Ha! Isso enquanto o eletricista liga e desliga coisas para testar a caixa de luz e faz meu computador enlouquecer. E tem as contas. E tem o telefone que não para. E tem a poeira. E tem a lama.</div><div style="text-align: justify;">Aí o sol se põe maravilhoso num céu incrível que aqui em cima - sorry - é muito mais incrível do que o céu mais incrível que você pode ver aí embaixo, e o silêncio começa a predominar. Escuto uma última porta bater e um último "até amanhã, Dona Mercedes"...e a casa parece ser minha, finalmente. Só que já é hora de pensar no jantar, depois conversar um pouco e descobrir que o sofá está branco de poeira e o vidro do corredor tem uma fresta que precisa ser siliconada, e que a água do banho não está tão quente quanto o tio do aquecedor prometeu, e que é hora de dormir.</div><div style="text-align: justify;">Assim acaba o dia, para amanhã às sete e meia o telefone tocar, e o pastor evangélico começar a berrar no rádio de pilha do Gileno, e o Francisco e seu megafone...Aí eu não tenho mais roupa ou tempo de ir comprar. E meu cabelo continua amarelo-ôvo-socorro. E minhas unhas estão um horror. E não me convide para sair porque eu não posso aparecer em público. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Era isso. Eu precisava dividir toda essa baderna com alguém.</div><div style="text-align: justify;">Agora vou voltar pra caverna.</div><div style="text-align: justify;">Beijo.</div><div class="blogger-post-footer">©MercedesGameiro</div>Mercedeshttp://www.blogger.com/profile/16416668573655000919noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-34657666.post-12234705752471583872011-05-25T00:23:00.000-03:002011-05-25T00:23:08.597-03:00_tempestade.<br />
Estou com os dedos pretos de poeira, desmontando minha sala para a mudança que não tarda. Encontrei cadernos antigos, consequentemente textos antigos, cartas que nunca foram entregues, poemas perdidos.<br />
Um deles é irresitível, porque me lembro (não eu nunca lembro) da noite em que escrevi. <br />
<br />
_tempestade, outra vez<br />
<br />
houve outra noite de tempestade.<br />
eu, dominada pelo que fui<br />
e não posso deixar de ser,<br />
corri para fora<br />
no meio da noite<br />
e abri os braços para tocar os raios.<br />
<br />
o céu e eu éramos um<br />
(raios e braços,<br />
água e olhos,<br />
vento e respiração)<br />
<br />
relâmpago girando pelo jardim - <br />
foi outra vez assim.<br />
<br />
depois dessa noite<br />
veio de novo o destino brincar comigo.<br />
convidou-me outra vez a dançar,<br />
em volta do fogo,<br />
a dança que muda tudo.<br />
<br />
em volta do fogo o corpo se lembra:<br />
a velha feiticeira é livre.<br />
<br />
eu danço<br />
confusa e encantada.<br />
<br />
<i>6 julho 1992</i><div class="blogger-post-footer">©MercedesGameiro</div>Mercedeshttp://www.blogger.com/profile/16416668573655000919noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-34657666.post-3021524376648995612011-05-09T20:05:00.000-03:002011-05-09T20:05:43.341-03:00_remember that.<br />
Encontrei hoje um comentário perdido que me lembrou um texto antigo.<br />
Esse aqui:<br />
<a href="http://mgcaixapreta.blogspot.com/2007/06/inexistncia.html">Inexistência</a><br />
<br />
Era isso.<div class="blogger-post-footer">©MercedesGameiro</div>Mercedeshttp://www.blogger.com/profile/16416668573655000919noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-34657666.post-73531707109185635692011-04-30T12:51:00.001-03:002011-04-30T12:52:00.169-03:00_complicando<div style="text-align: justify;">.<br />
É. É complicado...</div><div style="text-align: justify;">A vida prática nunca foi o meu forte. Passei esses poucos 49 anos sonhando acordada, delirando e acreditando que quando uma criança chama por fadinhas no jardim, as flores apararecem. Aí, aqui estou eu tendo que falar de dinheiro, pastilha, estruturas de ferro, esquadrias, etc. Eu - euzinha - negociando com o japonês malvadão com cara de kamikaze que vai colocar metade da minha casa de pé. Eu - euzinha - falando em números impossíveis e discutindo coisas mais ridículas do que o sexo dos anjos: <i>"preto são gabriel ou preto absoluto?" "madeira naval ou chapa de ferro?" "beiral assim ou beiral assado?"</i> Hello? Minha vida nunca teve beiral! Aliás, sem eira nem beira é o que eu sempre fui - nem pedigree eu tenho, quanto menos um habite-se.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Existe uma outra vida que eu desconheço, de pessoas feias e assuntos antipáticos (e vice-versa). Eu não gosto dela. Dizem que o nome é vida adulta. Estas pessoas falam de impostos, bolsa de valores, taxas de juros, preço do aço, metros quadrados, área construída, limite de recuo e NOP! Gente...vida adulta pra mim era outra coisa. Era ter filhos com problemas de adultos, assim: coração partido, escolha de carreira, revisão do carro, eleição. Vida adulta era consolar a sogra, conversar com a mãe, pagar conta, sentir saudade do pai. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nem quando eu quebrei, e minha vida virou de pernas pro ar, e perdi todas aquelas pessoas que me amavam incondicionalmente (lots of money, lots of friends), e me decepcionei com o universo e com a natureza humana, eu me senti tão fora do meu banquinho.</div><div style="text-align: justify;">A parte boa é que é por um motivo nobre: a minha casa nova, a primeira conquista de um chão realmente meu depois de incontáveis mudanças na vida de cigana que eu achava boa. Meu pai queria que eu tivesse segurança, casa própria, emprego público, fizesse concurso pro Banco do Brasil. Virei as costas para essa idéia uma vida inteira, e sempre achei que quem tem raiz é árvore, quem fica parado é poste, e bom mesmo era aluguel, porque quando cansa é só ir embora...e o mundo é o quintal da minha casa. É mesmo. Ainda é. Só que do alto dos meus quase 50, acho que ter onde cair morta pode ser interessante. Finalmente. Não! Não finalmente cair morta. Finalmente "ter onde", só.</div><div style="text-align: justify;">Cair morta é outro assunto: eu não quero, viu Seu Deus. Passo. Me deixa ficar pra semente que eu não me importo. Quero ficar velhinha bem velhinha, dirigindo um conversível na 101 em Los Angeles. Já disse isso tantas vezes, que você já deve estar criando o cara que vai abrir uma "elderly lane" na freeway só pra eu poder fazer minhas barbeiragens com segurança, to sabendo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Fora tijolos, cimento e trenas, tem o Malvadezas. Ah o Malvadezas...este blog genial que mega deu certo, graças à querida da Carolina Mendes, que tem olhos de lince pra entender o que dá certo nesta vida online. O Malvadezas só me faz bem, mas também me faz cair na real quando vejo trocentos mil comentários em textos que estão tão longe dos assuntos que eu abordaria. Claro, to ficando velha, oras! Mas hey! Quem disse que eu queria me dar conta disso? Aí publico um texto Mercedístico lá, e fico nos 15, 16 comentários... ah eu devo ser um tédio, desinteressante, morna, sei lá. Então toda vez que vou postar penso que <i>"dane-se"</i>, ne? Eu sou eu, e que culpa eu tenho de não ter problemas cabeludos ou não ser super moderna e querida pelos mudernos e... ah gente! Acho que eu amo mais ainda os 16 malvadezos por me fazer questionar tudo, de 15 em 15 dias, antes de mandar meu texto para a Carol.</div><div style="text-align: justify;">De qualquer forma, fico pensando se, mesmo tendo ralado uma vida inteira, eu não tive uma vidinha bem boa, e se isso é bom ou ruim pra quem escreve. Sei lá. Não sei. Passou.</div><div style="text-align: justify;">Era isso. </div><div style="text-align: justify;">Só um desabafo, como se eu fosse dada a desabafos. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Um beijo amigo no seu umbigo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><i>Malvadezas é <a href="http://malvadezas.com/">AQUI</a></i><br />
</div><div class="blogger-post-footer">©MercedesGameiro</div>Mercedeshttp://www.blogger.com/profile/16416668573655000919noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-34657666.post-26946126088723220392011-04-09T20:25:00.004-03:002011-04-09T20:29:52.512-03:00_dois pesos<div style="text-align: justify;">.</div><div style="text-align: justify;">Quem é mesmo você para julgar alguém? Vamos ser sinceros, assim...sinceros de verdade? Quer brincar?</div><div style="text-align: justify;">Então presta atenção. Você acha que a sua amiga não educa os filhos direito, que está criando monstros sem limites, que não sabe dizer não, que parece ter medo dos filhos e tal? E você, tem filhos? Se tem, você tem tempo para educá-los de fato ou deixa isso para a escola, a avó, a empregada, e assume à noite e nos finais de semana? Você tem certeza que seus filhos, fora de casa, são exatamente como quando estão com você? Tem certeza que os outros acham seus filhos super normais e educados como você acha? </div><div style="text-align: justify;">Não. Você nunca vai saber a resposta, porque ninguém vai reclamar dos seus filhos para você. Só a escola. Talvez. Caso seus monstrinhos sejam interessantes, porque se forem mal educados porém mortinhos, a professora não vai reparar muito neles, sabe? Desculpa, mas é verdade.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">E a filha gay daquele seu conhecido? Aquela que você diz que a culpa é dos pais. Você tem certeza absoluta que sabe o futuro dos seus filhos? Você acha mesmo que a “opção” (ninguém opta por ser gay) da menina, é fruto da educação que teve? Então amiguinho... prepare-se para se surpreender.</div><div style="text-align: justify;">Sabe, a vida não é fácil. Na verdade é, mas o que complica são as expectativas irreais que as pessoas criam. Seus filhos serão profissionais de sucesso? Serão corretos? Serão honestos? Ser hétero está na sua lista de “elogios”?</div><div style="text-align: justify;">Eu tenho uma surpresinha pra você. Senta aí: </div><div style="text-align: justify;">A vida é imprevisível. Mesmo cagando regras, tendo convicções fortíssimas, mesmo regendo sua família com punhos de aço e livros de psicologia embaixo do braço, você não sabe o que o futuro reserva para ela...nem para você.</div><div style="text-align: justify;">Reviravoltas não acontecem com macacos e girafas no reino de Simba. Só acontecem com humanos, aqui mesmo na cidade grande, ou naquela menor. Acorda, Alice!</div><div style="text-align: justify;">Eu não estou livre de ser traída, de ser trocada por uma gostosinha de 25 anos que acabou de sair da faculdade de cinema e acha Mr. Director “bárbaro” (sim, elas aprendem a falar bárbaro nas faculdades de cinema). Você não está livre de ser trocado por um garotão, nem por um velho pavoroso que você não entende como, meu deus, como?! Você mesmo pode se apaixonar, ou trair sua mulher numa escapadinha inocente, e ser pego. E você sabe: não existe traição na ignorância, longe dos olhos longe do coração, blablabla, mas quando te pegam...ai ai ai.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A gente não sabe se nossos filhos serão gays, se casarão com uma mocréia rancorosa, ou um mal caráter interesseiro. Se vamos sofrer um acidente, parar numa cadeira de rodas e precisar daquela vaga no mercado - aquela onde você estacionava “só um minutinho” e aquele aleijado que espere.</div><div style="text-align: justify;">A gente não sabe se vai ter três derrames, virar um semi-vegetal e ser cuidado justamente pelo marido pobrinho e “meio encardido” da filha...aquele loser que a gente julgou e falou mal a vida inteira.</div><div style="text-align: justify;">Vai que, na velhice, acaba dividindo o quarto com a sogra da filha? Aquela mulher pedante, brega que usa perfume doce, e vai acabar sendo sua melhor amiga. Também tem a hipótese de engordar 40 quilos por causa de uma disfunção hormonal e ficar igualzinha àquela vizinha “porca” que não se cuidava e era uma “baleia”, lembra?</div><div style="text-align: justify;">Então... desculpa incomodar a essa altura das suas certezas, mas acho que você não devia nem guardar seus julgamentos para si mesmo: devia descartá-los. Varrer todos eles. Deixar de ter LAMA por dentro e, finalmente, ter ALMA - é só trocar uma letrinha de lugar.</div><div style="text-align: justify;">Uma vez ouvi uma frase que adotei para sempre: quando você aponta um dedo, outros três estão apontando para você. Tenta aí...aponta e olha para a sua mão.</div><div style="text-align: justify;">É bom lembrar que a lingua é o chicote da bunda e a vida, como dizia Gump, o Forrest, é como uma caixa de bombons: a gente nunca sabe o que tem dentro deles. Não tem nada mais feio do que ter dois pesos e duas medidas: se é feio na casa dos outros, é feio na sua. Ponto. Então é melhor não arriscar: senão por ética, ao menos por precaução, fecha essa boca.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Beijo.</div><div class="blogger-post-footer">©MercedesGameiro</div>Mercedeshttp://www.blogger.com/profile/16416668573655000919noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-34657666.post-76187582115481837042011-02-01T17:18:00.003-02:002011-02-01T17:33:52.905-02:00_ google, seu lindo!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAs6EVz2gv-f9Z52XDqPuCapsOlVlVZBAM3k_n8P8jqIuk0aQwJ6cA8gkWOOHeb-hctyWzdY9ffCvPpZws4ggIuhqa9eTC7f82EDD4JK4RhbgDPoqveNSdeEKBX8JAZVoQ-SL6/s1600/Screen+shot+2011-02-01+at+5.11.05+PM.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAs6EVz2gv-f9Z52XDqPuCapsOlVlVZBAM3k_n8P8jqIuk0aQwJ6cA8gkWOOHeb-hctyWzdY9ffCvPpZws4ggIuhqa9eTC7f82EDD4JK4RhbgDPoqveNSdeEKBX8JAZVoQ-SL6/s320/Screen+shot+2011-02-01+at+5.11.05+PM.jpg" width="239" /></a></div><div style="text-align: justify;">.</div><div style="text-align: justify;">Deixa eu falar quem eu sou. </div><div style="text-align: justify;">Talvez muito pouca gente saiba de uma parte de mim que não sai por aí se revelando, simplesmente por não ter um "por aí" para se revelar.</div><div style="text-align: justify;">Eu fui criada, de certa forma, respirando arte. Minha mãe trabalhou na Escolinha de Arte do Rio de Janeiro com o Augusto Rodrigues, ouvi desde sempre histórias sobre peças de teatro, quadros, pintores, escultores, movimentos e revoluções. A Semana de Arte Moderna visitava minha casa de tempos em tempos em conversas infindáveis, e havia os livros. Livros e mais livros cheios de figuras incríveis, feitas pelas mãos de homens e mulheres incríveis.</div><div style="text-align: justify;">Depois fui para a escola. Estudei uma vida inteira naquele lugar onde se tinha sete horas/aula de arte contra duas de matemática por semana. Comecei a aprender história da arte muito cedo, quando mal e porcamente sabia escrever meu nome, e fiz isso até me darem um diploma de magistério com especialização em história da arte. Ponto.</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Saí dessa vida. </div><div style="text-align: justify;">Aos dezessete anos fui trabalhar em agência de propaganda, fui redatora, RTV, coordenadora de produção, atendimento de produtora, dona de produtora...(todo mundo conhece o meu CV), até chegar em São Paulo, há quase dez anos, e resolver só escrever. </div><div style="text-align: justify;">Mas o que está no DNA não morre jamais.</div><div style="text-align: justify;">Eu cresci e pude viajar. E eu sou aquela louca que chorou dentro da Catedral de Madrid. Aquela, e aquela outra que sentou num banco do Museu do Prado, de frente para uma gigantesca tela de Velasquez, e chorou feito criança. E que escolheu passar o dia no Metropolitan em Nova Yorque vendo só o que foi feito antes de cristo, e andava pela parte do Egito entre paredes pintadas e múmias coloridas, rindo como se fosse a Disneylandia. </div><div style="text-align: justify;">Eu enganei a minha familia cansada dentro do Louvre, inventei que sabia onde era a saída, só para poder ver tudo o que queria. Eu sentei no chão em frente a uma escultura do Rodin e agradeci por ter chegado até ali. Eu fiquei nas ruínas de Roma até o sol se por, respirando séculos de história, e não queria ir embora. Eu chorei batendo o pé na frente do Musée Dorsay porque estava fechado e eu tinha que ir embora no dia seguinte. Eu fiquei furiosa na Basílica de São Pedro e no Museu do Vaticano, por ver tantas coisas incrivelmente lindas, conquistadas com o sangue de tantos inocentes.</div><div style="text-align: justify;">Essa sou eu. A arte e a história me emocionam a ponto de me tirar do chão. A arte e a história exercem um poder sobre mim que nenhuma paixão arrebatadora seria capaz de exercer.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">E eu contei tudo isso por um motivo: hoje, eu estou feliz como uma criança que achou uma mina de doces e brinquedos: eufórica! histérica! Porque um amigo me mandou o link para o Google Art Project. </div><div style="text-align: justify;">Depois de fotografar o planeta inteiro e a rua da sua casa, o céu e as estrelas, o fundo do mar e seus navios naufragados, o Google fotografou os museus do mundo. Agora, a gente pode andar dentro deles, ver os quadros em detalhes (os museus não permitem que se chegue tão perto) com zoom tão poderoso que é possível ver as pinceladas de Van Gogh e até as pequenas rachaduras na tinta. </div><div style="text-align: justify;">E por isso eu sou feliz! Sou estranha?</div><div style="text-align: justify;">Agora eu posso ser a louca que chora na frente do computador e ninguém vai poder me julgar. Ha!</div><div style="text-align: justify;">Google, seu lindo!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><a href="http://www.googleartproject.com/">Google Art Project é aqui.</a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="blogger-post-footer">©MercedesGameiro</div>Mercedeshttp://www.blogger.com/profile/16416668573655000919noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-34657666.post-83802637228648356972011-01-05T15:39:00.005-02:002011-01-05T20:13:48.337-02:00_uma carta<div style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;"><i>(from Ella to her beloved ghost) </i></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Oi, meu bem. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Já é 2011, sabia? O tempo passou mais rápido do que eu sonhava, no meio de toda a dor que eu pensei sentir, mas os dias se arrastaram, um a um, desde aquele em que você ligou o motor e saiu antes de mim e se foi, meio que pra sempre. </div><div style="text-align: justify;">Nossos sempres, sempre tão efêmeros...</div><div style="text-align: justify;">Daquele dia em diante, a sua ausência foi a mentira maior. </div><div style="text-align: justify;">A gente não se viu mais de verdade, mas quem disse que eu preciso ver para saber? Quem disse que não acredito no que é invisível? <strike>Se ao menos você soubesse ser invisível. </strike></div><div style="text-align: justify;">Eu senti o seu cheiro quase todos os dias, de alguma forma. Mesmo com a vida andando e as coisas sendo feitas como manda o tempo, eu vi você todos os dias - se não em pensamento, em sonhos. Encontrei você nos meus textos e nos dos outros. Encontrei seu olhar em filmes, suas palavras em livros...e na vida real. A vida real apontava seu carro na rua, seu bar preferido, seu restaurante de hábito, a rua da sua casa, seu parque, seu céu e suas músicas...Tem também a sua hora - aquela em que o céu está vermelho e a cidade começa a acender todas as luzes e cantar alto, uma música qualquer que me aponta o seu lugar.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O ano passou inteiro desse jeito, e eu que tinha medo de estar congelada ali, inerte, não estava. Eu estava viva. Mais viva. Muito mais viva do que nunca antes, e de alguma forma você estava lá dizendo que a vida é hoje, que tudo é agora e só por isso esperar não dói. Paradoxal, parece? Mas não é.</div><div style="text-align: justify;">E eu esperei, confesso. Andando e vivendo, eu esperei todos os dias, e você vinha, porque não era possível de outra maneira. Você passou a mão nos meus cabelos e me beijou antes de dormir. Você sorriu para mim com cara de sono, ao amanhecer. Você andou ao meu lado, me olhando, enquanto eu dirigia cantando. Você esteve aqui, quase mais do que eu.</div><div style="text-align: justify;">Parece loucura, eu sei, mas não...essa sou eu. Você não foi embora porque não quis, mesmo querendo tanto, e eu não deixei que você fosse. É isso.</div><div style="text-align: justify;">Já é outro ano e eu continuo ao seu lado, você sabe.</div><div style="text-align: justify;">Eu e meus exageros, eu e a minha intensidade, eu e a minha paciência infinita...continuamos ao seu lado. De uma maneira maluca, talvez equivocada (duvido), eu sei que você sabe que eu nunca liguei o meu carro, nunca saí daquele lugar, nunca perdi o seu cheiro que continua em mim, e gosta disso.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Já é 2011 e o que fica do ano passado é a impressão de que tudo se transformou. Não existe mais dor alguma, não existe nada, nem saudade...não existe nada além dessa presença forte -- você em mim, eu em você -- que nunca vai desaparecer porque o que está feito está feito: de um jeito bizarro eu sou sua e você é meu, mesmo não sendo verdade, mesmo não sendo mesmo. E vai ser sempre assim, enquanto não houver ausência -- não no peito ou no pensamento.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Close your eyes...I'm there. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
<br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;"><i>Ella é aqui: <a href="http://terceiraportadireita.blogspot.com/">http://terceiraportadireita.blogspot.com/</a></i></span></div><div class="blogger-post-footer">©MercedesGameiro</div>Mercedeshttp://www.blogger.com/profile/16416668573655000919noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-34657666.post-85612509705895262582010-12-21T12:33:00.001-02:002010-12-21T13:19:14.107-02:00_o novo post de natal<div style="text-align: justify;">.</div><div style="text-align: justify;">Quando eu era pequena, Natal era uma festa religiosa. </div><div style="text-align: justify;">Minha mãe acendia a coroa do advento em cada um dos domingos que antecedem o Natal, e nós tínhamos que ficar ali olhando ela rezar - quer dizer...fingindo que rezávamos. De nós quatro, os filhos, acho que só a Bia era realmente religiosa. Os outros três, eu inclusive, eram fakes. Eu e meu irmão costumávamos ter acesso de riso em momentos religiosos: na missa, na oração das refeições...até que minha mãe cansou da gente e desistiu de rezar. Tadinha.</div><div style="text-align: justify;">Anyway, Natal tinha coroa do Advento. Tinha também um boato de missa do galo -- boato, porque a gente nunca foi a uma -- tinha presépio e as coisas que as famílias católicas constumam ter. Mas aí os filhos cresceram. E aí meus pais meio que cansaram dos nossos (meus) questionamentos. Mas daí meu pai tinha o mesmo tipo de curiosidade científica que eu tenho e ficava meio difícil manter todos os mitos vivos.</div><div style="text-align: justify;">Abre parênteses: só no final da vida ele voltou a se agarrar em assuntos religiosos. Me disse um dia que não queria ter certeza de que Deus não existe, porque ele estava no fim...e a existência de Deus era um tipo de alívio. Fecha parênteses.</div><div style="text-align: justify;">De qualquer forma, foi meu pai quem me ensinou a pensar, e desde que isso aconteceu, eu não consegui mais ter uma religião.</div><div style="text-align: justify;">Então o Natal deixou de ser uma festa religiosa. Quando passou a ser assim, me parece, passou a ser uma festa mais honesta. Levando em conta que Jesus nem nasceu em Dezembro, que a gente está na verdade comemorando o Solstício de Verão, e que, teoricamente, não haveria a menor necessidade de uma festa, o que é o Natal?</div><div style="text-align: justify;">Para vocês eu não sei, mas para mim, o Natal é uma desculpa deliciosa para estar em família. </div><div style="text-align: justify;">Acho uma tremenda babaquice não gostar de Natal. Só quem nunca viu os olhos das crianças brilhando, asiosos, esperando a hora dos presentes, pode dizer que não gosta de Natal. Só quem não foi criança, não teve a casa enfeitada, não comeu fios de ovos, uva, não roubou ameixa, não passou o dedo em sobremesas que só aparecem na ceia de Natal e depois lambeu...só quem não foi feliz. Me desculpe... mas o Natal faz parte da minha história de felicidade.</div><div style="text-align: justify;">Mesmo agora, que a gente chora. </div><div style="text-align: justify;">Desde que meu pai se foi - há dois anos - a gente chora mais. Antes a gente chorava porque a gente chora mesmo. Ha! Minha família inteira chora e não sabe porque. Acho que é uma saudade que na verdade é plena de presente. Não é uma saudade do passado, é uma conscientização momentânea, uma constatação: "Sempre fomos tão felizes!" E isso nos faz chorar, porque estamos felizes de novo, porque temos uns aos outros mesmo não nos vendo todos os dias. Porque sabemos que construímos uma vida que, quer você aí fora ache que deu certo, quer ache que deu errado, é uma vida cheia de histórias, cheia de...deixa eu ver...cheia de VIDA.</div><div style="text-align: justify;">De qualquer maneira construímos uma história e temos um passado imenso em comum. Então agora a gente chora porque meu pai não está lá. Mas também porque a gente teve, por todos aqueles anos, a companhia daquele sorriso infalível, daquela ironia deliciosa, daquela alegria que ele era, sempre. E constatar que tivemos a sorte de viver com ele, só traz um mesmo pensamento: "Sempre fomos tão felizes!"</div><div style="text-align: justify;">Então acho que Natal é festa e que não custa ter um Natal. Não importa se somos dez, trinta ou duas pessoas. Montar uma árvore, por pequenina que seja... fazer um jantar, por mais modesto...fazer um cartão, um presente, uma coisa qualquer para dar ao outro...e comemorar o nascimento de um sonho, seja ele qual for. Não precisa ser um sonho ambicioso: sonhar estar junto com gente que se ama, pra que mais? Isso já é o suficiente para uma festa. </div><div style="text-align: justify;">E festeje. Porque a vida é uma e não é tão longa, e por mais dura, existem momentos felizes. Invente um.</div><div style="text-align: justify;">Piegas? Natal é piegas. O amor também é piegas, famílias são piegas e essa é a hora em que ser piegas é mais permitido. É o que eu desejo: se dê o direito de ser piegas e inventar um sonho.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Não importa se você é ateu, católico, evangélico, judeu, whatever, nasça de novo...e mais uma vez.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Feliz Natal.</div><div class="blogger-post-footer">©MercedesGameiro</div>Mercedeshttp://www.blogger.com/profile/16416668573655000919noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-34657666.post-19546805593158850342010-12-13T00:33:00.003-02:002010-12-13T01:01:39.378-02:00_I don't belong<div style="text-align: justify;">.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Não é complicado. É simples assim: I don't belong. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Eu simplesmente não pertenço à maioria dos grupos onde estive, que conheci, que convivi, que visitei. Não sou parte deles.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por mais "dentro" de um determinado grupo, ou por mais próxima que eu seja das pessoas, o que eu sinto é que, de certa forma, eu pertenço a cada uma delas em separado, mas dificilmente sou ou serei como elas, como o grupo que as cerca, suas tribos, suas gangs, suas confrarias.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Sempre foi meio impossível, já deu pra sacar na infância. </div><div style="text-align: justify;">A religião não trouxe os meus "iguais", embora meus pais tenham tentado. A escola também não. Mas eu cresceria e quem sabe a faculdade ou o trabalho... Não! Não aconteceu. Nem o esporte, nem o inglês, o francês, a vizinhança... eu não achei os meus iguais. Acho que igual é uma coisa que não existe na minha língua, ou pelo menos não na minha -- esta -- existência. Eu tenho amigos. Isso sim. Tenho muitos amigos e eles são sazonais, simplesmente porque eu não pertenço. Não que eu os esqueça ou deixe de amá-los, isso nunca. Mas eles ficam lá, nos grupos de seus iguais, enquanto eu passo. Eu só passo. Transito de grupo em grupo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O fato é que eu amo rápida e facilmente a qualquer um que passe pela minha vida e preencha os requisitos básicos para me agradar. Em muito pouco tempo, aquela pessoa é minha. Isso... você me pertence. Muito provavelmente eu pertenço a você bem mais do que você pode vir a imaginar um dia, mas não se engane... eu não sou como você, não sou como o seu grupo. Vou me dar super bem com ele, mas é mentira que vou fazer parte de alguma coisa que não a sua vida. Não que eu não vá tentar. Mas eu vou estar lá, entre todos eles -- tão iguais a você, dividindo os mesmos gostos, as mesmas histórias, as mesmas experiências -- e eu vou olhar em volta com um sorriso e descobrir que não nessa vida, ou em outra qualquer, eu serei capaz de me sentir parte daquilo. Simplesmente porque não sou.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A sensação recorrente na minha vida é esta: sentar numa sala cheia de pessoas e procurar, nos olhos delas, alguma semelhança comigo. Eu me acomodo e me adapto como um vírus... mas não... nada muda. Eu continuo sendo um corpo estranho infiltrado num sistema que funcionaria perfeitamente sem mim. O sistema me aceita. Me deixa entrar e me instalar em todas as frestas, mas mesmo assim, eu não sou dali.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Sempre igual: muito maluca para andar com os certinhos, muito certinha para andar com os malucos. Sempre no meio do caminho, sempre em cima de um muro onde esqueceram de pregar a plaquinha.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Talvez um psicólogo resolvesse isso, mas hey! Não dói. Não dói e não é incômodo de maneira alguma. E depois, se a essa altura da vida um terapeuta me disser que eu perdi tempo, o que que eu faço? Me mato? Porque voltar é impossível! Sem falar que o ele falaria em insegurança, necessidade de se sentir aceita, e outras bobagens que realmente não são o caso. Eu sei o meu lugar no mundo e acho que ele me recebe muito bem. Não é isso. Longe disso. Então deixa quieto, doutor.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Outro dia falei sobre domingos de novos amigos. Foi alguma coisa sobre um dia de sol com pássaros cantando, que me lembrou Domingos de adolescência em Curitiba. Daqueles em que alguém resolve ir para o aeroclube ver acrobacia aérea. Eu fiz isso várias vezes na vida, sempre com amigos novos. Os amigos do namorado, os amigos do namorado novo da amiga... whatever. Eu fiz. E os dias de sol ficaram marcados assim: dia de gente nova. Dia de tentar me encaixar. Dia de constatar que, por mais que eu queira, eu não me encaixo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Agora as coisas se agravam um pouco. Além de ter ainda o mesmo probleminha sobre malucos e certinhos, eu me tornei muito diferente das mulheres da minha idade que, embora tenham a vida um pouco parecida com a minha, por alguma razão misteriosa, não têm os mesmos interesses, nem os mesmos gostos. Aí me tornei também muito mais velha do que as pessoas que compartilham dos meus interesses. Isso não seria problema se elas não fossem solteiras, ou se eu combinasse com os lugares que elas vão, ou com o que elas fazem nestes lugares. Não preciso continuar, você sabe...eu não me encaixo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Então não é um gosto musical, não é o estado civil nem a quantidade de filhos, não é um jeito de se vestir, não é uma crença ou um talento em comum. Não é. Eu sempre senti que o mundo inteiro é dividido em grupos com diferenças muito claramente definidas que, no fundo, torna todos eles "grupos de pessoas menos eu".</div><div style="text-align: justify;">Simples assim.</div><div style="text-align: justify;">Aí eu pergunto... sou só eu?</div><div class="blogger-post-footer">©MercedesGameiro</div>Mercedeshttp://www.blogger.com/profile/16416668573655000919noreply@blogger.com21tag:blogger.com,1999:blog-34657666.post-16895064995899366542010-12-06T13:18:00.002-02:002014-11-13T09:45:36.859-02:00_fix me<div style="text-align: justify;">
.</div>
<div style="text-align: justify;">
Tem dias que a vida me presenteia com cheiros que eu amo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Nem todos eles existem de verdade.<br />
Alguns existiram por um efêmero segundo, mas não tem como esquecê-los.<br />
À simples menção de um nome, um dia, um lugar, tais cheiros me invadem - narinas e alma -, trazendo essa nostalgia doída, deliciosa, do jeito que eu - mãe de toda intensidade - adoro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
I need a fix </div>
<div style="text-align: justify;">
camon and fix me.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="blogger-post-footer">©MercedesGameiro</div>Mercedeshttp://www.blogger.com/profile/16416668573655000919noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-34657666.post-41420134084877411292010-12-04T12:51:00.018-02:002010-12-04T13:04:53.052-02:00_sobre escrever<div style="text-align: justify;"><i>"e sobre mim" </i></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhf6kHiEWnP6Hx5_R3blb32Bz2CmjZF7ZPKKsPkJ9KymYyhD7ntUdJaLdk5V0KessyMATfbQayXsrXtYDF1XkgVBvfhrEa7k2M5HZcK5hyphenhyphencunm8MGnDwryNXa0ylbV_fak8-Eml/s1600/mao+esquerda+me+life.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="291" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhf6kHiEWnP6Hx5_R3blb32Bz2CmjZF7ZPKKsPkJ9KymYyhD7ntUdJaLdk5V0KessyMATfbQayXsrXtYDF1XkgVBvfhrEa7k2M5HZcK5hyphenhyphencunm8MGnDwryNXa0ylbV_fak8-Eml/s400/mao+esquerda+me+life.jpg" width="400" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Era uma vez uma adolescente sonhadora que adorava inventar diálogos na frente do espelho...</div><div style="text-align: justify;">É. Isso também. Mas também era uma vez uma pessoa impaciente e nada perfeccionista, que jamais conseguiu ficar muito tempo em cima do mesmo projeto - fosse ele um desenho, um texto ou uma salada.</div><div style="text-align: justify;">Essa mesma pessoa - eu - também não gostava de fazer trabalho de colégio. Não! Ui que saco! Sempre deixei para o resto da equipe e a minha parte era a que doía nos outros: a apresentação. Ah o palco! Delícia master subir ali naquele degrauzinho, sem saber nada de verdade, começar a falar sem parar...e convencer todo mundo de que o trabalho merecia um dez. É o meu jeitinho.</div><div style="text-align: justify;">Falar sempre foi meu forte. Falar por escrito não demorou muito a acontecer. Mas eu não gosto... Eu não gosto de escrever certinho. Mesmo que eu publique vinte livros eu nunca vou escrever como se deve. Vou escrever como eu penso, como eu falo, como você escuta. Também não vou querer/gostar/aceitar que um editor meta o bedelho no meu texto e saia arrumando a gramática. Tira a mão do que é meu e foca na ortografia...no máximo. Se eu escrevi assim, era assim que eu queria escrever.</div><div style="text-align: justify;"><br />
De tempos em tempos eu sofro influências do que ando lendo, e me pego escrevendo como os outros. Minha sintaxe desaparece e viro uma coisa meio chata, meio arrastada que eu odeio. É como ir pro Rio passar um mês e voltar falando "meixmo", ou voltar de um final de semana em Porto Alegre, tri-diferente. Acontece. Tenho facilidade pra línguas. Ha! </div><div style="text-align: justify;">Mas o que a pessoa que não gostava de ficar muito tempo em cima do mesmo projeto tem com isso? Elaborarei.</div><div style="text-align: justify;">Eu não escrevo um texto em vários dias. Eu não guardo para revisar e re-escrever. Eu não esquematizo uma história com 1º, 2º e 3º atos e seus clímaxes e final. Eu tenho uma idéia e começo a escrever, como na vida: você nasceu...coisas foram acontecendo...você vai morrer mas não sabe como. É assim que esse meu cérebro doente funciona, e é por isso que meu livro nunca acaba: simplesmente porque quando eu comecei, eu não sabia o que aconteceria, e toda vez que eu sento para escrever, coisas novas acontecem...e agora, o "Senhor dos Livros" ainda não veio me dizer como aquela moça tem que acabar. Não sei! Não sei! não me pressione. Assim que ele ditar, psicografarei.</div><div style="text-align: justify;">Assim são os textos do blog. Lá estou eu andando na rua ou dirigindo meu carro e cantando feito uma louca, quando algum pensamento cruza de uma orelha para a outra e resolvo elaborar. Vou para casa pensando (oh! eu penso?) e quando chego, escrevo direto no form do blogger, tipo irresponsável, numa tempestade cerebral...depois dou uma revisada meia-boca, aperto "publicar postagem", ainda com muitos erros.<br />
<br />
</div><div style="text-align: justify;">É assim. Puro instinto. Pura tempestade. Pura paixão cega e burra. É como um beijo na boca que não devia acontecer ali, naquele lugar, na frente daquelas pessoas, mas que não podia esperar. </div><div style="text-align: justify;">Meus textos são como meus amores, como vivo meus dias, como decido o almoço. Se eu estiver inspirada, o mundo inteiro será amado e bem alimentado. Do contrário me aguentem. </div><div style="text-align: justify;">É por isso que às vezes publico um texto tosco. Em dias que estou morna, não tem como fazer a coisa fluir, mas me forço a escrever porque passei a vida ouvindo que se eu sentar aqui, uma hora por dia, vou escrever mais. É...funciona com engenheiros da literatura, mas não comigo - o que eu faço nem deve ser literatura.</div><div style="text-align: justify;">Comigo funciona me apaixonar: pelo texto, pela idéia, pelas pessoas. Se eu não estiver perdidamente apaixonada, as pessoas estão mortas, a idéia é vaga, o texto inexiste. </div><div style="text-align: justify;">Imaturidade...pode ser. Excesso de intensidade...com certeza. Escrever é como sexo: dá pra fingir, mas né? Que graça faz? Enquanto eu escrever com paixão, cada palavra será verdadeira e eu garanto o meu próprio prazer que, me desculpe, é o que interessa.</div><div style="text-align: justify;">É assim que eu gosto.</div><div class="blogger-post-footer">©MercedesGameiro</div>Mercedeshttp://www.blogger.com/profile/16416668573655000919noreply@blogger.com6