domingo, junho 27, 2010

_Math

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Se X é igual à luz que emana dos olhos e Y é igual à reação causada pelo fator X, Y é igual à toda a luz que move o mundo, vêzes as vêzes que os olhos olham; sendo A o desejo de X e B o elemento que impulsiona a energia de X. 
Então B + X = Y, fazendo com que A seja moto-continuo. Então ABX=Y elevado a uma potência impossível,  dizimando da face do planeta toda e qualquer razão.
Logo ABX=Y = Caos. 
Y=Caos.

ººº

Treze mil cento e quarenta minutos indescritíveis igual a setecentos e oitenta e oito mil e quatrocentos segundos intermináveis, que é igual a setecentos e oitenta e oito milhões e quatrocentos mil milésimos de momentos eternizáveis...que são duzentas e dezenove horas que nunca deveriam acabar.



Acho que é isso.

Confuso.

domingo, junho 20, 2010

_sapo na boca da cobra

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Peguei o carro, bati a porta e não olhei pra trás.
Chega! Não tinha como passar mais tempo sem olhar nos olhos dele e ver se tudo o que ele me fazia sentir de longe se repetiria assim, olho no olho. Muito medo. Muito medo, porque só de pronunciar a palavra “olho” me vira o estômago. Motim das tropas de borboletas! Elas estão armadas, atirando pra todo lado e...ai, pelo amor de deus! Parem de bater essas asas que eu vou passar mal. Frio no estômago master.
Cheguei em frente à casa e pensei dez vezes. Vou não vou, vou não vou...fui. O portão estava aberto...eu entrei. Nem 15 metros separavam a porta do portão, mas acho que andei uns 10 quilômetros...aquilo não chegava nunca e o único pensamento que eu tinha era o par de olhos escuros olhando dentro de mim. DENTRO, porque eu nunca consegui conceber que ele tivesse um olhar menos poderoso do que isso.

Respira...
Bati na porta uma vez. Nada. Pensei: “ótimo, vou embora.” Mas assim que virei as costas a porta se abriu. Ai. E agora? Desviro? ou faço a louca e corro pro carro e depois digo que não era eu? “Quem, eu? Na sua casa? Imagina...”
Não deu tempo. Borboletas em guerra, frio na barriga, olhos aterrorizantes e eu ainda de costas...e ouvi a voz. O que? VOZ? Eu nunca tinha ouvido a voz dele. Esqueci de contar que esse era outro medo: a voz que eu ouvia quando pensava era linda. Não! Cala a boca! Eu não acho voz de locutor linda...Eu to falando de uma voz gostosa...se bem que eu só pensei nela assim, no meu ouvido...não sei como soaria se ele falasse mais de longe...Tá! Para de ser louca. Foco.

Respira...
A voz disse: “Viu como não é tão longe?”
Que diabo de frase é essa? Sabe quanto tempo eu sonhei com a primeira frase? Vamos falar de geografia? Trânsito? Pavimentação de estradas? Pelo amor de deus, você só tem mais uma chance e eu vou embora. Pois é...pensei. Só que ele não disse a segunda frase. Acontece que eu virei pra ele e vi os olhos. Meu deus! Os olhos eram mais fortes do que eu pensei. Eles não olharam dentro de mim, eles me sugaram pra dentro deles. Os olhos sorriam de um jeito que não tinha como não saber tudo o que estavam dizendo. Ou eu que estava nervosa. Não...mentira. Eu estava nervosa sim, mas os olhos estavam gritando! E aquele olhar foi o suficiente pra eu não saber mais nada. O que mesmo ele tinha perguntado? Longe? O que que é longe? Perto, super perto... Quarenta centímetros de distância? Isso não é nada e com um movimentozinho minúsculo eu consigo voar no seu pescoço e abraçar você pra sempre.
Eu não posso imaginar a minha cara. Acho que eu até prefiro não imaginar, porque eu devia estar olhando pra ele como um sapo na boca da cobra. Romântico?

Aquilo durou uns três milhões de segundos. Nós dois ali, olhando um pro outro, trocando faíscas e pensando “Ai meu deus e agora?” (pelo menos eu pensei), e nada acontecia. Total WTF moment. Mas aí ele esticou o braço, e me pegou pela mão...me puxou pra perto e me abraçou falando no ouvido: “Não acredito que você tá aqui...”. Ai a voz, a voz, a voz...eu acertei em cheio! Era exatamente como eu imaginei.

Pensei em respirar, mas não descobri como fazer isso. Assim que a voz terminou a segunda frase - que eu vou chamar de primeira, pra esquecer aquela outra - ele me beijou no canto da boca. Mas assim...não foi um selinho no canto da boca. Foi um beijo de canto de boca daqueles que você fica perdida sem saber se vira e beija direito ou se finge que nem notou. No meu caso, acho que não consegui fingir coisa nenhuma, mas segurei a vontade de virar e lascar um beijo decente nele. Que raiva! Eu odeio esses joguinhos de sedução. (NOT)

Ele me puxou para dentro de casa sem desgrudar o olhos de mim, tirou a bolsa do meu ombro e jogou num sofá, tirou a chave do carro da minha outra mão, jogou junto, desenrolou meu cachecol sem mover os olhos um segundo...eu ainda estava na boca da cobra, completamente hipnotizada e, muito provavelmente, com cara de quem diz: “eu morro de medo de morrer, mas se é você quem vai me matar, por favor, seu moço...mata bem devagar.” Ai como eu sou besta. Eu tenho a cena do cachecol tatuada no cérebro...nunca vou esquecer os olhos dele naquela hora. Um silêncio mortal. Só a dança daqueles olhos - encantador de animaizinhos indefesos.

Assim que o cachecol deu a centésima volta para fora do meu pescoço, ele levantou os cantos da boca num meio sorriso torto, fechou os dois olhos numa piscada longa como se fosse me libertar daquela prisão , inclinou a cabeça em slow motion - ou eu estava completamente inebriada, embriagada e entregue - chegou mais perto de mim e beijou o meu pescoço. Ai ai ai...PAUSA. Deixa eu explicar que você não pode ir beijando o meu pescoço no primeiro encontro. Principalmente se faz uma semana que você não faz a barba. Não pode! Eu sou uma pessoa fácil, entendeu? Eu me controlo, mas determinadas atitudes valem por uma garrafa de vodca, e aí babau. FIM DA PAUSA.

Um beijo no pescoço que fez uma breve passagem pela minha orelha, passeou pelo rosto, e terminou num longo, molhado, lambido, delicioso beijo na boca.

Ai ai...esse era o outro medo. Epic win though. Nada mais a temer. Se todo mundo prestasse atenção no beijo, ninguém teria decepções na cama. Básico. Lição numero 1: um beijo afoito, urgente, com força, igual a sexo afoito, urgente, com força, quiçá com acrobacias e direito a triplo mortal carpado, atletismos, Daine dos Santos e ai que preguiça! Um beijo seco, sem língua, ou pior, língua estranha que parece um bife na sua boca, é igual a... é... não sei, porque na verdade eu nunca me arrisquei a passar de um beijo assim. Eca! Agora... um beijo como esse - lento, mole, molhado, com tempo, um explorando milímetro a milímetro a boca do outro - que hipnotiza e amolece as pernas... isso é igual a sexo bom. Com tempo... com calma... deixa eu perder uma eternidade aqui que tá bem bom... Deixa eu conhecer mais esse pedacinho... Bem, sexo bom pra mim. Sei lá se é bom pra você, mas também se você não gosta assim eu nem quero saber como você gosta. Azar seu!

Foi tudo muito incrível. Tudo muito de verdade. Brincadeira de gente grande, sem se enganar, sem achar que aquilo era pra sempre, mesmo tendo a imensa tentação de deixar o romance ser maior que tudo. Duas pessoas estabanadas que se deixam tomar por uma total falta de controle  quando uma paixão penetra, entrona, metida, que simplesmente não foi convidada pra festinha entrou e comandou a festa assim, do nada; duas pessoas assim, tendem a querer que aquilo dure pra sempre. Tendem a se deixar enganar só um pouquinho, porque seria bom se amanhã de manhã a gente fosse namorado, se saísse de mãos dadas pra algum lugar, e telefonasse pra dar boa noite, e demorasse pra desligar porque ficar longe é ruim. Mas somos como dois alcoólatras habituados à abstinência e a nossa história é vivida assim por horas, por dias, só mais 24 horas porque amanhã não sei. E foi com essa urgência de quem pode morrer amanhã e precisa aproveitar os últimos minutos de vida, segundo por segundo, - mas sem pressa para não ser triste -  que ele fez amor comigo. Não. Eu fiz amor com ele. Não sei, espera... não foi assim. A gente também fez sexo, assim... sexo. Mas fez amorzinho bonitinho. E conversou mais do que eu esperava, e eu esperava muito. Foi lindo, e foi divertido, e foi, sim, romântico, e foi engraçado às vezes, e se tiver que acabar daqui a pouco eu vou morrer de saudade.
Ai.
Doeu.
Fiquei romântica. Pareço triste, até. Mas não... não estou não. Na verdade bem feliz. Outro epic win. Mas eu não vou contar os detalhes sórdidos que você estava esperando. Só vou dizer que algumas coisa que acontecem na vida são VIDA pura. É como se você abrisse um frasco de “vida concentrada” e bebesse inteiro, pra viver um ano em um dia. Uma overdose de milhares de sentimentos e sensações misturadas, uma vida que é só sua. Um ato ao mesmo tempo egoísta ao extremo, do tipo “eu quero essa pessoa pra mim e fim”, e de uma generosidade imensa, porque você quer dividir com essa pessoa cada gole desse extrato mágico concentrado e vê-la bêbada disso ao seu lado. Um presente duplo: a gente abre junto o pacote, ganha esse presente incrível, e nunca mais vai esquecer. Lindo.

Pois é. Foi assim.




Não seja besta! É claro que essa história é ficção. O primeiro que perguntar se é auto-biográfico eu rogo uma praga e vai ficar burro assim pra sempre.

Bom dia flor do dia.


(Rafaela Pedro, viu só? Falhei de novo...cortei pra lareira.)

sexta-feira, junho 18, 2010

_julho

Deixa eu abrir a casa?
Faz tanto tempo que julho não chega com seus céus azuis e a promessa de setembros...
As borboletas se foram e tudo ficou tão chato. A previsão do tempo é sempre a mesma...chuva, só um chuvisco. Sol, só um solzinho. Vento, uma brisa tão morna.
É desse jeito que eu gosto: ventos que façam tremer e geadas que congelem lágrimas. Sol de dias sem núvens, que arrepie a nuca, que machuque os olhos. Fogo aceso...por dentro e por fora. Frio cortante ou calor que queime - não quero nada no meio,  nada pela metade, não quero se não deixar marcas.
E as borboletas que voltam... dançando aqui, dois palmos abaixo da minha garganta. É assim. É desse jeito que eu gosto.
Julho, agosto, setembro, meus meses maiúsculos de coração disparado, sejam eles janeiros, dezembros, abrís! Sempre é julho, quando o cheiro é bom.

Vem então...eu já fiz o fogo. Sente o cheiro do café. Ouve a música tocando.
Declaro reaberta a velha casa do lago.
Enfim.


a casa do lago aqui: 
Sequestro,
Bonnie & Clyde

_um beijo na janela

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Tanta luz...
O sol vinha da direção errada e batia no meu corpo esquentando a pele em lugares que eu nunca senti. Não era a minha casa...não era.
Abri os olhos para encontrar a luz e não entendi de onde ela vinha. Não era do alto, não era de fora, era de mim.
Andei pelo lugar com cuidado. “Não conheço esse chão, não sei onde ele leva.” Tive medo. “Eu já quis estar aqui mas recuei. Agora me lembro...”

Lençóis brancos na cama - os mesmos lençóis voando no varal -, minha cabeça rodando e toda aquela luz...Eu sabia que era preciso chegar até a janela. E lá estava ela, no final do corredor, toda aberta, com suas cortinas enormes, como asas, mostrando que a casa inteira queria voar.
São sempre as janelas, são sempre elas.
Dei mais três passos:
1...2...3...e senti a  fumaça doce no ar. Eu sabia. Fechei os olhos sorrindo, respirei o mais fundo que pude e traguei a doce névoa branca do cigarro aceso. Era bom, mesmo assim tão cedo. Mesmo assim descalça, perdida, com olhos cheios de luz. O desenho da fumaça me mostrava onde ir: além da janela, em direção ao perigo.
O sol esquentava os meus pés querendo chamar: “vem...” Eu fui.
As asas abertas da grande janela me envolveram como mãos e guiaram o meu último passo. 
Não fechei os olhos - eu queria ver dentro da alma quando ele me tocasse -. 
E foi assim que eu vi os olhos que me esperavam...as mãos quentes pesquisando o corpo, a barba  roçando o pescoço, o calor sussurrado no ouvido...o beijo molhado na boca.


Bons sonhos.

quarta-feira, junho 16, 2010

_coisas que você não precisa saber sobre mim

ou...Too Much Information



_Necessidades Básicas:

. Eu não consigo dormir de meia, mas consigo dormir de luva.
. Não durmo antes das duas da manhã, mesmo que vá para a cama às onze. Se acontecer de eu dormir cedo, acordo as cinco e não consigo dormir mais.
. Não reclamo quando meu marido ronca. Ao contrário, uso o ritmo do ronco dele para me ninar. Começo a respirar no ritmo do ronco, vou indo...vou indo...É como contar carneirinho: tiro e queda.
. Eu bebo o tempero da salada.
. Eu fico na mesa do café da manhã me enrolando bebendo café e lendo jornal durante uma hora - já cronometrei - mas posso almoçar em cinco minutos ou nem almoçar.
. Não lembro quando foi a última vez que tomei um copo de leite. Simplesmente desmamei.
. Um quilo de açucar dura dois meses na minha casa.
. Eu não leio no banheiro
. Meu banho não dura mais que dez minutos.
. Odeio banheira.
. Eu esqueço que tenho bebida alcoólica em casa.
. Jogo Bejeweled na cama, no escuro, antes de dormir. 


_Manias idiotas

. Não tenho manias idiotas

_Superstições

. Eu acredito que o meu passado me trouxe ao presente, e me fez ser quem sou. Pensando assim, a aliança do meu primeiro casamento foi feita com ouro de presentes dados por ex-namorados. Achei justo levar essa "bagagem" para a vida adulta. Não repeti isso no terceiro - e último - casamento porque não deu sorte. Então escolhi uma aliança Cartier: aquela que são três alianças entrelaçadas...não sei por que...juro que foi sem querer.

. Não corto bolo de cima para baixo. A primeira fatia é sempre cortada de baixo para cima. Não sei se existe relação, mas a minha vida mudou para melhor desde que decidi fazer isso.

. Não me dou muito bem com deus. Não é que não acredite nele, mas acho a história dele meio furada. Nasci católica, estudei em escola católica e foi lá que aprendi a questionar a existência dele como nos é contada Mas eu rezo o Pai Nosso sempre que a coisa aperta.

. Tenho um papelzinho com o nome dos três reis magos (Baltazar, Belquior e Gaspar) em todos os carros da família, desde sempre. Uma cartomante me disse que eles protegem contra roubo. Funciona.
Adoro a minha cartomante e não venha me dizer que não acredita porque só eu sei...só eu sei...

_Mal humor

. Detesto conviver com pessoas que acordam felizes e barulhentas. Só estou casada há 18 anos porque meu marido acorda depois de mim.
. Eu brigo com o cantor quando a música fica repetindo a mesma frase quinhetas vezes: "Eu sei! Já ouvi! Cala a boca!!" Me irrita...
. Mais do mesmo: odeio rock ou jazz progressivos. Solo chama SOLO. A palavra já diz: sozinho!só você! Vai solar no seu quarto! Me irrita...
. Passo o dia feliz até alguém me perguntar o que vamos fazer para o almoço/jantar. Mania ridícula de comer toda hora!
. Odeio quando me pedem para ligar a câmera no msn/skype/whatever. Se escrevo, consigo falar com três, quatro pessoas, twitar, ver meu facebook. Já com áudio e vídeo vira exclusividade. Depois, eu não ponho o pé na rua desarrumada...agora não posso mais ficar desgrenhada na minha própria casa? E a possibilidade do videofone então? Ai, ai ai...que mané tem que ver a minha cara, onde e com quem estou, pra falar comigo? E se eu estiver no banheiro? Me economize!

Acho que era só.


(é eu sei....listinha é falta de assunto)

segunda-feira, junho 14, 2010

_ lembranças de folhetim

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pensei que o tempo amenizasse as coisas
que o cérebro encontrasse defesas para apagar o que foi ruim
e deixar só as boas lembranças
mas não: é triste

toda a névoa que encobria os seus atos se foi
a imagem é limpa e clara
posso ver cada detalhe
da cuidadosa armadilha que você preparou

vejo
com lentes poderosas
cada milímetro do seu plano
vejo ganância
vejo vaidade
avareza
maldade
vejo inveja

vejo a alma cheia de rancores
e tenho nojo
tenho pena
tenho lembranças
já não distorcidas
de coisas que não seriam escritas no folhetim mais sujo
na novela mais barata

achei que o tempo tornasse a feiúra mais bela
mas não
o abrigo dos seus olhos ruiu
onze de setembro nos meus dias de sol


Não queria postar isso hoje, porque meu humor está elevado, maravilhoso, quase bobo.
Desconsiderem...era um texto que estava na fila.