quarta-feira, fevereiro 11, 2015

_ kissing a stranger

.

no, it wouldn’t knock you out -- at least not immediately.
it’s more like a slow-motion-near-death-experience.
not that you can die from it, or a film is going to pass before your eyes, or a tunnel of light, no.
it’s like a thousand frames per second: everything around happens so slowly, and lingers for so long, it would make a matrix bullet effect look like a black & white silent movie scene.

it’s no one you know, no one you dreamed of.
it’s this unknown smell, this unfamiliar breath.  
a stranger. 
the stranger. 
and so are you:
pandora box in disguise.
you never know…

your heart pounds like never before.
all your system warns you that the enemy is too close:
the alarm sounds, screaming, all over your body, but you just can’t move.
you want. you can’t.
it’s not that you’re afraid.
you’re mesmerized and freaking out.
enchanted and willing to escape.
it’s fascinatingly uncomfortable.
close to lysergic, almost hallucinogen.

stop thinking. 
just close your eyes, will you?

that’s when tongs get to the scene and do not speak.
there’s no use for words where there’s a perfect syntax.
for tongs that touch sing psychedelic lullabies and, 
THAT my dear, 
is eloquence.



sábado, janeiro 24, 2015

_ dança das lembranças


.
o medo era tão grande quanto  o desejo. 
eu me lembro.
era um querer diário pelas escadas e corredores, 
um inspirar profundo do teu perfume, 
das tuas palavras, 
da dança dos teus passos.

era, sim, uma dança perfeita: meus olhos dançando nos trejeitos do teu falar.
um pas des deux secreto, que eu coreografava sorrindo, sem saberes.

e o medo que me flagrassem neste delito de te desejar.

hoje vens, disfarçado de poeta e me fazes descobrir que ainda quero tanto
e temo tanto
ou ainda mais.

é nas tuas palavras que me afogo. 
elas parecem mais fortes agora do que quando me assombravam. 
agora elas rabiscam o papel, carregadas do que não existia: 
um carinho antigo, uma vontade histórica, um beijo fossil – escondido entre as sombras do tempo.
eu me deleito no que teria sido, no que poderia ser,  no que seria 

se fosse…

meu balet secreto é agora uma orquestra inteira de notas complexas, tocando frenética para um milhão de bailarinos, que desenham com piruetas sem fim, uma tapeçaria de tramas mágicas.
é o tear do tempo. 
a música do sempre. 
a dança das lembranças.


*texto antigo para um poeta antigo