Se você tem estômago
fraco e a mente imaculada,
não leia este post.
não leia este post.
Era uma daquelas noites em que eu não podia esperar nada além de um sonho bom, já que nada especial poderia acontecer.
Ah sim... aquele seria o cenário perfeito para um crime: um quarto de hotel de sonho - desses que os mortais só vêem em filme - a lua perfeita pintando de azul todas as coisas brancas da terra; a brisa fria e calma dançando com a cortina pálida numa dança lenta e quase sexy...e um olhar distante.
Mesmo no lugar perfeito, com o figurino perfeito, eu sabia que o toque dos nove travesseiros brancos espalhados na cama, seria a única coisa que eu sentiria durante o sono.
Talvez.
Se ninguém tievesse batido na porta, garrafa de Sake numa das mãos, a outra no bolso, um sorriso irônico, e uma sede enorme rasgando a garganta.
Ah sim... aquele seria o cenário perfeito para um crime: um quarto de hotel de sonho - desses que os mortais só vêem em filme - a lua perfeita pintando de azul todas as coisas brancas da terra; a brisa fria e calma dançando com a cortina pálida numa dança lenta e quase sexy...e um olhar distante.
Mesmo no lugar perfeito, com o figurino perfeito, eu sabia que o toque dos nove travesseiros brancos espalhados na cama, seria a única coisa que eu sentiria durante o sono.
Talvez.
Se ninguém tievesse batido na porta, garrafa de Sake numa das mãos, a outra no bolso, um sorriso irônico, e uma sede enorme rasgando a garganta.
"Seu drink favorito."
Nem uma palavra em retorno. Só um meio sorriso. Mas ele sabia que devia entrar e encontrar um jeito de abrir a garrafa e mais cedo ou mais tarde, eu abriria um sorriso.
Fiquei em silêncio.
Eu o segui com os olhos quando ele entrou como se o lugar fosse dele. Ele sempre teve esse jeito no olhar que parecia dizer que eu era dele, e dele era tudo o que me cercava. Fechei a porta com um empurrão enquanto ele abria a garrafa com a faca que tirou do bolso.
"Que tipo de homem carrega uma faca?" -- pensei em dizer mas, antes que as palavras saíssem, lembrei que ele era esse tipo de homem. Talvez tivesse uma maior na mochila, quem sabe mais.
Ainda na porta, vi quando ele lambeu a lâmina antes de guardá-la. Fechei os olhos num suspiro mudo, só eu sei o que me veio à mente. Ou ele também, porque quando abri os olhos, ele estava sorrindo.
"Saudade?"
Saudade...do que mesmo eu teria saudade? De ter alguém ao meu lado na cama, fosse quem fosse -- e ele servia muito bem a tal propósito -- ou das coisas que eu sabia que jamais teria com outro, não nessa, nem em outra vida?
Nem uma palavra em retorno. Só um meio sorriso. Mas ele sabia que devia entrar e encontrar um jeito de abrir a garrafa e mais cedo ou mais tarde, eu abriria um sorriso.
Fiquei em silêncio.
Eu o segui com os olhos quando ele entrou como se o lugar fosse dele. Ele sempre teve esse jeito no olhar que parecia dizer que eu era dele, e dele era tudo o que me cercava. Fechei a porta com um empurrão enquanto ele abria a garrafa com a faca que tirou do bolso.
"Que tipo de homem carrega uma faca?" -- pensei em dizer mas, antes que as palavras saíssem, lembrei que ele era esse tipo de homem. Talvez tivesse uma maior na mochila, quem sabe mais.
Ainda na porta, vi quando ele lambeu a lâmina antes de guardá-la. Fechei os olhos num suspiro mudo, só eu sei o que me veio à mente. Ou ele também, porque quando abri os olhos, ele estava sorrindo.
"Saudade?"
Saudade...do que mesmo eu teria saudade? De ter alguém ao meu lado na cama, fosse quem fosse -- e ele servia muito bem a tal propósito -- ou das coisas que eu sabia que jamais teria com outro, não nessa, nem em outra vida?
Ele pegou dois copos, serviu duas doses, me entregou um deles e levantou o dele num brinde.
Virei o Sake num só gole e estiquei o copo pedindo mais. Ele me serviu e continuou parado me olhando, sem se mover. O sorriso não era irônico...era um misto de ironia e admiração...era alguma coisa que me dava frio da barriga e medo. Cheguei a pensar que o Sake estaria envenenado ou que ele havia usado algum calmante, mas o medo passou quando lembrei que ele não tinha motivos para me dopar. Mais do que ninguém, ele sabia que não precisava de artifícios para me seduzir. E mesmo que houvesse dúvida, eu beberia, porque não passaria mais dez segundos sem saber o que ele faria comigo.
Este era o eterno jogo. Ele era perigoso, mas eu pagava pra ver. A confiança era cega, e era mútua. Se um dia eu não sobrevivesse, teria morrido tranquila.
Quebrei o silêncio, e o sorriso dele.
"Como você me achou?"
"Você deixa rastros."
"Não dessa vez..."
"Eu sinto o seu cheiro."
Eu atravessei o quarto rindo e fui até a janela. Sabia que ele me acharia mesmo que eu mudasse de planeta. Ele sempre achava...mesmo que eu tomasse cuidado. Ou talvez eu descuidasse num detalhe ou outro para apimentar a busca. Quem sabe?
"É impossível não seguir teu cheiro..." -- ele disse me abraçando por trás e puxando para baixo a minha blusa de forma a expor meus ombros. Beijou minhas costas e a nuca, e eu tentei não me mexer, não respirar, não mostrar que morria de saudade daquela boca e daquelas mãos. Mas foi impossível. Num impulso, eu levei minhas mãos para trás, segurei suas pernas e o puxei para mim...senti a faca no bolso da calça. Ele interrompeu o beijo por um segundo e voltou a beijar minhas costas sorrindo.
"Saudade...eu sei."
Eu balancei a cabeça num não, mas estava mentindo: saudade sim.
Ele me virou e me beijou na boca. Os corpos colados, a blusa escorrendo pelo ombro, a barba roçando a pele, uma longa lambida no pescoço... e minha cabeça tombou para o lado, olhos em transe. Ele conhecia os meus sinais...
Senti a lâmina fria tocar minha pele e um suspiro profundo veio do estômago, numa contração forte. Ele sabia. Um corte. Nem raso nem fundo: preciso. A língua quente, o gemido...
Senti a faca fria na mão como um pedido urgente e mais do que rápido fiz um corte em seu peito e deixei o sangue correr. Ele se afastou para olhar, a boca suja de sangue me beijou novamente, depois guiou minha boca até o corte. O gosto morno indescritível do sangue era o que guiava a nossa loucura. Sempre. Mas naquela noite, seria diferente.
Joguei a faca na cama e ele sorriu extasiado. Era hora de matar a sede.
Sempre cortes discretos capazes de cicatrizar rápido sem deixar grandes vestígios, mas em lugares onde o sangue é farto...essa era a regra e essa era a graça de fazer amor -- nos lambuzando um no sangue do outro até o gozo, até o êxtase, até nem um de nós ter um único milímetro de pele limpa.
Mas naquela noite, seria diferente.
Enchi a banheira e o convidei para entrar comigo. Bebemos mais, nos beijamos mais...Por fim, descansamos.
Ele deitou na banheira, eu montei sobre ele e ele entrou em mim. Enquanto fazíamos amor eu peguei a faca na borda e esperei o momento. Ele pedia que eu o cortasse e eu me recusava, dizia que não, ainda não era a hora, mas ele pedia de novo e de novo, e ficava mais excitado quanto mais a expectativa do corte crescia...e eu esperei e esperei...e veio o gozo... foi quando, num movimento rápido, eu fiz um corte profundo em sua perna, rompendo a femural e, num segundo golpe, levei a lâmina até a minha própria perna e fiz o mesmo.
O sangue tingiu a água quente, enquanto um prazer intenso nos tomava...
Nos beijamos uma última vez.
Happy Halloween!
O sangue tingiu a água quente, enquanto um prazer intenso nos tomava...
Nos beijamos uma última vez.
Happy Halloween!