domingo, abril 25, 2010

_mudanças

Hoje, tremendo de medo, migrei meu blog do meu ftp para o Blogspot.
Não que eu quisesse fazer isso, mas se não fizesse até dia 1 de maio, perderia tudo - o que seria como tirar os meus braços. Não! o meu cérebro (que já não anda la essas coisas).

Por uma hora, mais ou menos, achei que meu mundo iria explodir. Depois de tudo arrumadinho, largura de post, margens, etc, descobri que todos os comentários haviam desaparecido. Pânico! Quase bati com a cabeça na quina na mesa, e na hora que decidi que faria isso sem dó de mim mesma, todos eles ressurgiram do limbo dos comentários perdidos...assim, do nada.

A mudança, na verdade, não muda nada para ninguém. Quando você clicar no link antigo, vai ser redirecionado para cá em alguns segundos (não poucos, aliás), e tudo estará bem.

Tudo lindo na reino de Mercedes.
Ufa.

Bom dia.

...tempos interessantes - parte 2

Esta é a segunda parte de Tempos Interessantes.
Se você não leu a primeira, clique aqui: Parte 1



"Senhores passageiros,
a partir deste momento todos os
aparelhos eletrônicos devem ser deligados.”

Os dois desligaram seus celulares, se olharam sorrindo, e ele iniciou uma conversa sem limite de caracteres.
“Então…essa viagem…férias?
“Deixa eu pensar como faz pra te contar isso com 140 letras…”

Ele sorriu entendendo a ironia e retrucou.
“Não! Pelo amor de deus, conta usando o máximo de palavras que você conseguir! A gente ta fora da prisão do Twitter!”
"Jura que você não vai desaparecer na terceira frase?”

Ele segurou a mão dela com ar de arrependimento.
“Ai Helo…desculpa. Eu nunca consigo dar atenção pra você direito, sempre alguém me chama…geralmente eu to trabalhando. Desculpa…”
“Eu sei. Ta tudo bem, eu nem te odeio por isso…hoje.”
“Hoje? Nossa…tão ruim assim?”
“Péssimo! Qual dos assuntos interminados você quer retomar agora?”

Os dois riram com a possiblidade de encontrar todas as conversar interrompidas no twitter e retomá-las, e ele voltou à pergunta original.

“E a viagem?”
“Ah…a viagem. Uma amiga de muito tempo vai dar uma festa. Um reencontro.”
“Eu to convidado?”
“Se você tiver um pretinho básico, uma peruca e um salto alto. É um reencontro só de meninas.”

Os dois falaram durante quase toda a noite, sem parar, até os olhos dela não obedecerem mais. Ele percebeu.
“Hey…pode dormir…”

Sem abrir os olhos ela respondeu:
“Teu limite de API acabou?”
“Não, mas a sua proteção de tela já entrou…”

Ela sorriu abrindo um olho só - “Boa noite…nerd”
“Boa noite, amor.”

“Amor”. Esta era a maneira que ele falava com ela no Twitter, sem se dar conta de que cinco letras eram suficientes para que ela derretesse. Mas nem em seus sonhos mais delirantes ela podia imaginar adormecer ao som desta palavra.

......................


No saguão do aeroporto, a confusão de sempre para pegar a bagagem, muita gente, pouco espaço, malas que não aparecem, outras que aparecem em outra esteira. E os dois.

Quando a mala preta com grandes bolas pink apareceu, ela se aproximou da esteira para pegar, mas ele se adiantou trazendo a mala para junto dela. Repetiu a gentileza trazendo um carrinho e ajeitando a bagagem para ela, mas não se mexeu para pegar a sua própria. Um homem grande, de jeans a camisa branca se aproximou batendo no ombro dele.
“Podemos ir.”

Ele concordou com a cabeça, ainda olhando para ela que arrumava os documentos na bolsa.
“Tem uma caneta?”
Ela não entendeu. "Ein?”
"Me dá o seu celular.”

Antes que ela concordasse ou discordasse, ele pegou o celular da mão dela, discou um número, olhou para ela levantando as sobracenlhas como se esperasse alguma coisa. O celular dele tocou no bolso da jaqueta.
“Ta daa! Pronto…eu tenho o seu número, você tem o meu. Vamos nos falar antes de você ir embora?”
Ele falava enquanto salvava os respectivos números nos dois celulares.
“Isso é uma pergunta ou um pedido?”
“Um pedido… numa pergunta.”

Justin colocou o celular na bolsa dela que ainda estava aberta sobre o carrinho de bagagem. Guardou o outro no bolso da jaqueta.
“ Ok. Vamos sim.”
“Ótimo. Se cuida.”
“Você também. Ah…o que que eu falo pra todo mundo que vai me fazer pergunta no Twitter?”
“Que eu sou burro e tenho mal hálito.”
Ela sorriu e o viu se misturar à multidão que saía do aeroporto. Com um suspiro descrente, ela deu a volta na esteira para ter certeza de que não havia esquecido nada – o que seria normal partindo dela – e foi para fora esperar pela amiga, Marina.

O cheiro da cidade nunca muda. Café, mar, sol quente. Não importa a estação do ano, este é o cheiro que ela sente quando chega e respira fundo, deixando o perfume penetrar em cada poro do seu corpo. Heloísa fechou os olhos por alguns segundos e sorriu… “Minha casa…”

Ao abrir os olhos novamente, procurou por Marina, sem sucesso, olhou em volta e viu Justin próximo a uma sport utility preta que estava cercada de pessoas.
Antes que Justin entrasse no carro, uma loira estonteante de seus 18 anos, com sua calça justa e suas botas altas, o abraçou longamente. Ele levantou a menina, que cruzou as pernas em torno de sua cintura, e colocou-a no banco traseiro do carro.

Aquela estava longe de ser a cena que Heloísa esperava ver, e ao que tudo indica, ele também se preocupou com isso. Depois de colocar a garota dentro do carro, ele correu os olhos pela saída do aeroporto procurando por Helô, que rapidamente disfarçou e olhou para o outro lado, fingindo não ter visto nada. Justin ficou observando a imagem de Helô parada ali: a echarpe bege de bolas pretas envolta no pescoço, a mala de bolas cor-de-rosa deixando escapar seu temperamento alegre, sua risada infantil, e o estilo que não a deixaria passar despercebida em lugar nenhum.

Ele foi até ela.
“Helô!”
Ela se virou, fazendo-se de surpresa.
“Você tem como ir embora? Quer carona?”
“Não…obrigada, minha amiga já deve estar chegando.”
“Tem certeza? A gente pode te levar…”
“Não…sério mesmo…ela deve estar estacionando.”
“Eu espero com você.”

“Justin!” - Gritou a menina, gesticulando de dentro do carro.
Vendo a cena, Heloísa disse.
“Não…Vai…eu to bem…a Marina já chega.”
“Mesmo?”
“Mesmo. Vai.”
Helô ficou olhando o carro de Justin se afastar…e o braço dele que apareceu para fora da janela, acenando para ela. Um suspiro. Isso foi tudo o que deu tempo de fazer antes que Marina encostasse o carro e abrisse o vidro do passageiro.
“Acorda, mulher!”
Ela virou-se rápido e viu Marina, a porta do carro já aberta…
“Entra e me conta TUDO!”
…jogou a mala de bolas no banco de trás, fez o mesmo com o casaco, bateu a porta e entrou no lugar do passageiro. As duas se abraçaram longamente.
“Ai que bom ter você aqui de novo! Você me mata de saudade!”
Heloísa não respondeu, mas abraçou a amiga da maneira mais terna que podia, tentando trazer, de trás da decepção momentânea, o verdadeiro motivo de sua presença ali.
“Eu sinto saudade até do seu cheiro!”
Marina riu e arrancou o carro.
“Ah a mania de cheiro…Me conta do cheiro do “Lives”.
“Ai ai…o cheiro do Lives…o Lives…a voz do Lives…as mãos do Lives…Posso fumar?”
“MÃOS DO LIVES? Como assim? Não muda de assunto…pode fumar. Ta com fome?”
“Não…to empapuçada de comida de avião.”
“Conta.”
“Ele mandou dizer que é burro e tem bafo…”
“Sei…por isso que você tava olhando pra ontem, parada ali, quando eu cheguei: o bafo!”
“Hahah…não. Antes fosse o bafo. Um Halls resolvia.”
“A mão…?”
Heloísa ligou o rádio do carro, apertou o botão do CD.
“O que você anda ouvindo?”
Marina desligou o rádio.
“Desembucha…o que que rolou naquele avião que você ta com essa cara?”
Helô voltou a ligar o rádio, olhou para Marina pronunciando cada sílaba…
“O.que.você.anda.ouvindo?”

Aumentou o som do carro, abriu a janela e colocou o rosto na direção do vento.
Marina franziu a testa estranhando a reação da amiga.

...............................

No final daquela tarde, no apartamento de Marina, Heloísa entrou na cozinha onde a amiga preparava um café.
“Hm…cheiro bom…”
“…de café ruim.” - Completou Marina.
“Não! Seu café é bom. To com fominha…posso assaltar a geladeira?”
“Mi casa su casa.”

Heloisa pegou um prato no armário e uma lasca de queijo na geladeira, encheu uma caneca de café e sentou-se à mesa da copa. Marina ficou encostada no balcão tomando seu café, olhando para a amiga que tinha o olhar distante.
“Você ta mais bonita. O que você fez?”
“Ah sei lá. Acho que são os 30. Meu pai sempre disse que a mulher desabrocha aos 30.” - levantando a sobrancelha ironicamente - “Desabrochei. Hahaha.”
“Você é ‘desabrochada’ desde que eu te conheci, na 6a. série.” – Marina disse, usando a mesma careta irônica de Heloísa. Helô deu risada e voltou a tomar o café.

“Me conta…você sabia que ia encontrar o Lives?”
“Não. Eu entrei no vôo sem saber nem que ele estava no aeroporto, você sabe que ele é um escondido e nunca diz direito onde está. Tá sempre em Londres. Blé…mentiroso ridículo.”
“Mas como foi?”
“Ele me reconheceu…pela foto no celular. Você viu o Tweet dele?”
“Vi…que roubaram o seu iphone.”
“Isso. Foi a hora que ele viu a foto, assim que sentou na poltrona. Foi engraçado…Ele é um bonitinho, todo carinhoso, tímido…um amor.”
“Sobre o que vocês falaram?”
“Ah…sobre tudo e coisa nenhuma. Filme, música, a mulherada do Twitter…”
“Como assim? Ele te contou quem dá em cima dele, quem manda mensgem, essas coisas?”
“Imagina! Ele é um gentleman! Nunca.”
“Ai…ele é um chato! Eu queria saber.
“Pelo amor de deus, Ma…a gente SABE quem dá em cima dele.
Aliás….ele é ELE mesmo né?”
“Você não quer saber essa parte.”
Marina saiu pela cozinha dando pulinhos.
“Ok…respondeu. Ha! Eu sabia! La la la la!”
“Você fica quieta, Ma…não sai falando!”
“Juro juro juro! – cruzando os dedos na frente da boca - Ah! Nunca me enganei!”
“Hahah parece uma adolescente. Por falar em twitter, posso entrar online rapidinho?”
“Claro. Vai lá que eu vou tomar um banho.”

Marina foi andando saltitante para o quarto enquanto Heloísa ia até a escrivaninha no canto da sala de estar.
“Agora que você sabe eu vou ter que matar você.”
De longe, Marina respondeu:
“O que?”
“Posso fumar?”
Marina apareceu na porta da sala, de calcinha e sutian.
“Se você vai ficar perguntado se pode comer, se pode fumar, se pode entrar online, eu vou reservar um hotel pra você, porque eu odeio visita!”
“Aff que grossa!…vai pro banho.”
“Só abre a janela que eu odeio visita que fuma.”
“Hahahah. Desaparece da minha frente, Marina!”

Heloísa abriu a página inicial do Twitter, digitou seu nome e senha e acessou sua conta chocada com o que encontrou. Depois do seu último tweet no avião, recebeu cinquenta mensagens diretas e, de alguma forma, havia respondido a todas, e todas falando mal de Justin.
“Como assim?”

Ela resolveu ler uma por uma suas respostas, tentando entender em que momento Justin podia ter feito esta brincadeira se não é permitido ligar o celular durante o vôo. As mensagens eram assim: “Não quero falar nisso. Vou esquecer que ele existe” “Ele estava cheiroso quando chegou, mas quando tirou o sapato eu quase vomitei!” “Ele é a coisa mais sem graça que eu já conheci” “Por favor, vamos mudar de assunto.”
Mas uma das mensagens, endereçada a Marina, era diferente das outras: “Eu sou, definitivamente, muita areia para o caminhãozinho dele.”

Mais do que rapido ela abriu seu próprio perfil para ver quais foram seus últimos tweets e lá estava uma pérola: “Por favor, gente, sem perguntas sobre @livesnowhere. Vou esquecer que o conheci.”

“Desgraçado!” – Heloísa falou alto, e foi para a porta do banheiro falar com Marina. “Você acredita que o Lives usou meu celular e twitou na minha conta enquanto eu dormia?”

Marina abriu a porta do banheiro com o celular na mão.
“Não minha amada…o Lives tuitou ha uma hora atrás USANDO o seu celular.”
“O que??”
“Uma hora atrás, olha aqui.”
Marina mostrou a mensagem que recebera no twitter. Embaixo estava escrito: "1 hour ago, from mobile" Helô franziu a testa e correu até o quarto. Voltou com o celular na mão.
“Meu deus…ele está com o meu telefone!”
Voltou para o computador e escreveu: "@livesnowhere você estava certo. Alguém pegou o meu iphone.”

Imediatamente chegou uma mensagem de texto que dizia: “Descobri antes de você. Quem é MikeRoss e por que ele te chama de babe?”

Ela colocou as mãos na cabeça e resmungou:
“Meu pai!! Tudo menos isso! Eu vou matar essa criatura!”

Digitou uma mensagem de texto. “Não responde pra ele! E não atende meu celular!”
A resposta veio rápido: “tarde demais…desculpa, BABE. Alguém me ligou?”
Helô falou alto: “Argh! Eu vou matar…ele respondeu pro Mike!!”

Marina morria de rir enquanto se vestia. Mas Heloísa ficou furiosa, largou o telefone e foi conferir se tinha alguma mensagem de MikeRoss - um inglês que mandava mensagens todos os dias, a quem ela não respondia nunca, por achar que ele era folgado demais. Mas não, não tinha nenhuma mensagem do Michael em sua caixa de entrada, porque obviamente, Justin deletou. Ela abriu o perfil de Michael e também não viu nenhum tweet endereçado a ela. Ainda na esperança de descobrir o que Justin fez em relação a Mike, ela voltou às mensagens enviadas e encontrou:
“MikeRoss: stop DMing me asshole. I’m commited.”

Ao ler a mensagem ela soltou uma gargalhada.
“Obrigada, meu amor…eu não faria melhor.”

O telefone de Marina tocou. Era Justin. Helô correu para atender.
“Você é ridiculo, Justin, sabia?”
“Ah…ta brava comigo.”
“Como você descobriu o telefone daqui?”
“Daer…”
“Hm…na minha agenda…Por que você twitou na minha conta?”
“Porque eu precisava telefonar pro meu agente, e descobri que não podia.”
“O que isso tem a ver?”
“Tem que não dá pra resitir.”
“Hm…eu não tinha pensado por esse lado.”

Continua…um dia...

terça-feira, abril 13, 2010

_ a cegueira da elite

desenho cripta djan - panico celio

Grande e revoltosa foi a reação à notícia de que pichadores entrarão pela porta da frente na Bienal este ano. Pessoas inflamadas gritaram nos comentários do site da Folha que “lugar de pichador é em cana”, marginais, vândalos, monstros, e daí para baixo.
A frase presente em todos os comentários: "pichação não é arte".
Sei...
Eu vou ser escorraçada, mas preciso falar. Vocês me conhecem...eu falo. Então lá vai.

Que tal a gente começar pela definição de arte.
Aurélio diz:

“Arte: Atividade que supõe a criação de sensações ou de estados de espírito de caráter estético, carregados de vivência pessoal e profunda, podendo suscitar em outrem o desejo de prolongamento ou renovação". Ao que eu acrescentaria: ou repúdio.
"O ser que faz arte é definido como o artista. O artista faz arte segundo seus sentimentos, suas vontades, seu conhecimento e suas idéias, o que deixa claro que cada obra de arte é uma forma de interpretação da vida.", alguém disse em algum lugar.

Todos nós sabemos que a arte é uma forma de expressão que retrata e reflete a vida, os anseios, ou a fúria do artista. Ponto.
No decorrer da história, a definição de arte se ajustou aos interesses dos poderosos de plantão, fossem eles reis, o clero, ditadores, ou o status quo. O fato é que o mundo já calou pessoas mas nunca conseguiu calar idéias, e idéias são escancaradas na arte, quer a elite queira, quer não queira.


O que hoje vemos como arte, como belo, ou como símbolo de uma era, foi muitas vezes maldito, combatido e até proibido. Hoje vemos o expressionismo como algo arrebatador e entendemos a necessidade dos artistas da época de protestar, gritar, incomodar. Mas não foi assim que ele foi recebido, acredite. Sempre houve poetas malditos, músicos rebeldes, pintores que chocaram uma geração.


O movimento punk não foi bonito, nem de perto nem de longe. Foi violento, gritou alto, manchou com uma certa quantidade de violência e sangue as ruas de algumas cidades do mundo e fez mais barulho do que se aceitaria com uma música feia (aos ouvidos da elite) gritando contra valores políticos, morais e culturais. Mas o mundo ficou de luto semana passada com a notícia da morte de Malcom McLaren - o homem que colocou o Punk no mapa. Fora isso, todo mundo já teve uma camiseta com o símbolo punk da anarquia e acha lindo.


Preciso ir mais longe? Acho que não.
O fato é que a arte é um retrato social não necessariamente feito para ser gostado. Assim como você tem o direito de achar horrível, o "artista" tem o direito de dar seu grito onde ele bem entender. Se é esteticamente agradável ou não é uma outra discussão. Quem disse que vivemos uma era bonita?


O "Pixo" é um retrato político da vida na periferia das cidades. O Pichador é uma pessoa invisível aos olhos da elite - elite esta que não sabe e não quer saber que ele existe, não conhece sua história de vida, não dá a mínima para a falta de escolas, empregos e moradias dignas nas regiões em que ele vive.
Estas pessoas com escolaridade precária, vocabulário próprio - quase um dialeto - e sub-empregos, precisavam ser vistas.

O que as massas chamam de vandalismo, depredação do patrimônio público, garranchos, sujeira, é a marca de uma época. Não olhamos para eles antes, agora não temos como evitá-los: estão no alto dos prédios, nos muros, nas pontes, dizendo em alto e bom som: EU ESTOU AQUI.
E me desculpem os cegos, isto é arte, assim como era arte o rabisco do homem das cavernas, o Dadaísmo, o Surrealismo e tudo o que incomodou e transformou o olhar dos acomodados de cada época. É arte e não foi feito para te agradar. Foi feito para deixar claro: "eu existo, eu protesto, eu sou diferente de você".

Goste ou não goste, queira ou não queira, o Picho virou arte reconhecida mundialmente. O pichador Djan foi convidado ano passado para pichar a fachada do Instituto Cartier em Paris e agora você vai ter que engolir a ele e sua "banca" na Bienal de São Paulo.
Acho justo.
Desça do seu pequeno Olimpo e encare o mundo onde você vive. Existe um universo que você desconhece ao redor das grandes cidades, cujos habitantes não são melhores ou piores do que você. Eles merecem o mesmo espaço que você mereceria se tivesse algo a dizer.
Too bad... talvez você não tenha do que reclamar, logo a sua arte talvez não seja tão escandalosa, tão eloqüente, tão urgente quanto a dos pichadores.
Fato: a arte modifica o mundo.

E este nosso mundinho anda precisando de umas mudanças.


Alguém chamado Amauri Wensko comentou na Folha Online de ontem:
"Se pixador é vândalo para quem opina, não entende que vandalismo por vandalismo, seria mais barato e fácil destruir aparelhos de telefone público ou coisa do tipo. Pichação é expressão de quem não tem educação artística, mas não é menos expressão artística e merece algum respeito, pois se existem pixadores é porque não existem oportunidades e orientação. Aos jovens artistas compete ser motoboy ou garçom para sobreviver neste país de injustiças, onde fazer a crítica é muito mais fácil do que entender e tentar mudar as circunstâncias de como e porque se expressar."

E eu aplaudo.


(pode gritar)