sábado, junho 28, 2008

Em algum lugar da galáxia...

Por SMS, mãe e filho conversam:

Me: Vem almoçar!
Diogo: Vou.
Me: To indo pro banho.
Diogo: Ok...logo mais
Me: O q?
Diogo: Eu
Me: Ta vindo?
Diogo: Ta
Me: Que língua é essa????
Diogo: Simpolês
Me: Shhhhh...Os terráqueos podem ouvir...



(família normal é tudo de bom...)

terça-feira, junho 24, 2008

Dias atrás, no reino de Mercedes...


Ai ai...isso foi um suspiro sim.
- Quantas vezes você chorou hoje, Mercedes?
- XIII...

Ah, claro, aquilo ali pode ser algarismo romano e não seria exagero porque hoje foi dia de manteiga derretida, de lacrimeiro solto, e de emoção transbordante - literalmente.
Começou ouvindo pela enézima vez no mesmo dia "Thank You", do Led Zeppelin, num cover do Chris Cornell. O que é aquilo? Uma música feita pra mim? Sim, porque eu sou aquela mulher (pode me chamar de convencida). Eu sou tudo o que um homem pode querer para ter ao seu lado até o fim dos seus dias, sem tirar nem por, porque eu sei o quanto está em falta por aí alguém que não seja cheia de regras, de direitos iguais, de chatices, sandices, e uma cartilha chatérrima de queros e não queros, podes e não podes, quandos, porquês, não-ouse's, ciuminho besta, etc. Eu sei que a fôrma que fazia mulheres que respeitavam seus homens como indivíduos e chefes (mesmo que pseudos) de suas famílias já foi jogada fora faz tempo. Ta...sei também, porque já faz tempo que meu próprio marido tocou essa música pra mim. Ha! Melhorou?
"Your hand in mine, we walk the miles", não é a melhor coisa do mundo pra se dizer ou se ouvir? E lá pela quinquagésima vez no repeat, eu desabei em lágrimas.
O dia passou e eu esqueci de ler o blog do Felipe Iubel, já era noite, eu corri pra lá porque ele é carente e ia ficar triste se eu não comentasse. Sim, claro, acabei de dizer que eu sou a mulher ideal, e a mulher ideal realiza todos os desejos de seu amo e senhor, mesmo que ele seja só um amigo. O que aconteceu lá me deixou no chão. O Felipe escreveu um texto que descrevia a ele metade do tempo, e a mim a outra metade. Claro que não de propósito. Ele estava falando dele mesmo mas parecia eu pensando. Parecia eu escrevendo quando estou exausta de dar murro em ponta de faca e ser sincera demais, verdadeira demais, dar a cara a tapa, me despir de orgulho próprio, ser muito mais burra do que nasci pra ser, e me expôr a sentimentos despresíveis como rejeição, sensação de não bastar, de ser menor, de simplesmente não ser capaz. Toda aquela verdade escancarada, como se ele tivesse rasgado o coração e procurado com os dedos sujos de sangue cada palavra para escrever, me fez chorar de novo.
Aí pensei como as relações andam difíceis hoje em dia. Meu deus! Em que cartilha está escrito que ser intenso é crime? Quem estipulou os prazos para telefonemas, mensagens de texto, presentes, visitas relâmpago? Onde compra o novo código penal para ficar sabendo quantos anos de solidão acompanhada alguém precisa viver para ser livre para se apaixonar de verdade? Sim, porque paixão virou crime! Não ouse mostrar para a pessoa aquela que você está se apaixonando...isso pode afastá-la para sempre. Uh? O que aconteceu com as pessoas? Lembra da moça na janela corando ao ver o moço que passa em frente à sua casa? Lembra das cartas de amor? Lembra quando a gente recebia flores? Lembra quando um beijo na boca na porta de casa determinava que um casal ia, com certeza, se ver de novo? Era tão melhor, tão mais fácil, tão mais bonito...
Então, no meio de todo o meu lacrimeiro solto eu tive algum lampejo de raciocínio e percebi que eu não preciso mais de nada disso. Ufa! Gente, como eu já sofri por amor...meu pai! Ninguém merece.
Eu tenho pena...tenho muita pena de adolescentes e solteiros, porque eles se julgam livres, acham que se divertem horrores, pensam que enganam alguém...Mas eu sei, eu sei muito bem o que acontece quando eles deitam a cabeça no travesseiro e têm seus últimos minutos de lucidez antes de se deixar abater por um sono profundo...Eles sonham como a moça da janela. E é solitário demais. Já era antigamente. Agora, com todas essas normas, deve ser quase suicida!

Deus me conserve casada!



Felipe Iubel é aqui
e o texto aquele é aqui

quarta-feira, junho 11, 2008

Coisas da Vida #6


Era muito óbvio que ela não era normal. Tinha um par de olhos brilhantes que, na verdade, brilhavam muito mais do deviam e isso, logicamente, não podia ser normal. Pessoas são felizes, mas são felizes dentro de um limite concebível e não tão descontroladamente que possam andar por aí com os olhos brilhando em todas as ocasiões, como se fosse uma roupa, um brinco, um par de sapatos. Até mesmo um par de sapatos tem a ocasião certa para ser usado.

E de onde então poderia vir aquele brilho? Pois pasmem...dos olhos. Sim, dos próprios olhos e de sua habilidade de enxergar o mundo de uma forma que só ela enxergava. O mundo? Vamos falar a verdade: os habitantes do mundo! Nunca, um só dia da longa existência que lhe foi dada, ela manteve os olhos fixos em uma pessoa só. Nem mesmo no maior amor de sua vida. Seus olhos sempre buscaram outras paisagens, outros olhos, outros corpos para desejar, outras bocas para sonhar. E era esse o brilho aviltante, ultrajante, revoltante, que ela tinha no olhar.

Seus alvos não eram escolhidos com um critério. "Éramos olharmo-nos intacta retina" ... e pronto. Era juntar olhar com olhar, e dependendo de como aqueles olhos brilhavam, a escolha estava feita. O estranho é que nenhuma palavra era dita; nenhum gesto mais óbvio; era aquele olhar e fim, como se impressões digitais se encaixassem, num episódio de CSI. "Você é meu alvo", "Eu quero ser". E dali começava um jogo de sedução nem sempre bem sucedido, mas que sempre alimentou o brilho ousado daqueles olhos incríveis.

Foi assim que ele foi escolhido. Ah, mas como ela quis que tivesse sido ao contrário... Pela primeira vez, ela quis ser a presa hipnotizada, fascinada pelo olhar do predador. Predador menino aquele, que aparentemente não oferecia risco, mas exalava perigo pelos poros da pele morena que cobria o corpo perfeito.
Ali estava ele, exposto sem saber, como a promessa de sonho longo e de castigo cruel. Desejo que não brilha, mas lateja. Uma história sem fim e sem meio, mas cheia de palavras de intenção duvidosa. The ultimate conquer! O mais flamejante dos troféus. Mas não aconteceu. Ela perdeu a batalha, acabou desistindo, seus olhos encontraram outro alvo e fim.

Passaram-se os anos, nem mais uma palavra sobre o troféu flamejante, mas alguns alvos são eternos, ou se invertem, ou a vida gosta mesmo de brincar com as pessoas.
E lá vem ele de novo, com seus poros todos, exibindo no olhar um brilho maior do que o dela.
Já não era mais menino...já tinha outro modo de olhar. E foi assim que ela foi a presa. e ele, o predador. Ela o troféu. Ele o vencedor.
Alguns desejos nunca se vão. Eles só ficam guardados para o dia certo, para a hora exata que chegou.
Ela tinha um par de olhos brilhantes que, na verdade, brilhavam muito mais do deviam. Agora mais.



terça-feira, junho 10, 2008

Precisa-se de Borboletas

Oi, Me!
Estou tão triste, e você sabe, sempre que isso acontece eu corro pra você.
Ninguém mandou ter tanto tempo e ombros largos. Eu preciso deitar a cabeça no ombro de alguém, e you are the one.

Então...minha vida está calma. Meu coração está calmo. Meu trabalho está calmo. Até o CD no meu carro é calmo. Tudo estável. Tudo controlável. Amiga, você tem noção? Isso é um inferno!
Eu não aguento mais tanto equilíbrio! Eu quero minhas borboletas de volta, fazendo arruaça dentro do meu estômago. Eu quero, eu preciso, eu tenho que me apaixonar.
Aff, como eu sou débil mental, eu sei. Você deve estar se matando de rir da minha cara. Enquanto o mundo inteiro toma anti-depressivos, calmantes, faz Yoga, meditação, Heik, terapia de chácras, eu sinto falta da minha montanha russa. Me explica como esse povo consegue viver nessa paz? Quem precisa de paz? Eu preciso de paixão!
Paz não é uma coisa divina...paz é o inferno disfarçado...é morna, é fria, é silenciosa, é acomodada. Divina é a paixão que modifica tudo, que bagunça o chão, que faz a gente andar mais longe, dar mais um passo, sentir-se viva. Ai Me...que saco! eu queria ser normal (ou nem).

Bom, sejamos práticas! Você vai perguntar COMO eu não estou apaixonada...cadê aquela homarada que sempre esteve à minha volta? Cadê? Cadê?
Estão todos aí, Me, no mesmo lugar. Mas ai! Cansei!
Tem aquele diretor de arte gatinho, ta logo ali no meus MSN me olhando as we speak, mas ai que preguiça...quanto tempo faz que a gente fica nessa galinhagem de se provocar pela internet? Já não dava para eu ter morrido de paixão por ele? Se não aconteceu até agora, só por um milagre, amiga. Só se a gente saísse da zona de conforto de olhasse um na cara do outro. Aí sim, talvez, não sei.
E tem aquele bem novinho, lembra? Aquele que era lindo de dar dor de estômago? Aquele de faz tempo? Então...ressurgiu das cinzas, agora super decidido a fazer o que não fez quando devia. Hmm...preguiça. Preguiça porque isso exige um tempo de distância segura, mandando fotinho, recadinho, carinhozinho...Papo furadézimo, falta de assunto, porque a inteligência dele só aparece ao vivo sabe? É inteligência visual (hahahha!). Bom...e assim como o outro ali em cima, se não bateu ainda não vai bater. Não, a não ser que ele deixe de ser mané e me sequestre pra ver no que dá. É, porque dessa vez eu não vou mexer um dedo mindinho para ir ao encontro dele. Ele que venha. Ele que mostre que é homem. Ele que tenha coragem, mas ai...preguiça também. Vai ficar nessa lenga lenga até quando?
E tem o outro. O único que pode vir a ser alguma coisa séria. Tá la, em stand by, cuidando da vida dele com um olho no gato e outro em mim, mas não toma uma atitude. Será que o que os três têm em comum é medo de mim? Ou eu to fedendo?
Será que nenhum dos três consegue ler a placa em letras garrafais na minha testa, piscando em vermelho 24 horas por dia: SURPREENDA-ME! ARREBATE-ME! FAÇA ALGO APAIXONANTE!
Ai que preguiça...ai que tédio...ai que ódio! Meee!! Diz pra eles que eu preciso me apaixonar? Diz pra eles que eu não aguento mais homem sem atitude? Diz pra eles? Eu estou tão cansada de ensinar todos os homens que chegam perto de mim como eles deveríam agir..."Vem cá meu filho que eu vou te contar o que uma mulher espera de um homem." Ah...o que aconteceu com eles? Quem estragou os homens? Eu quero as minhas borboletas de volta.

Help!!

Beijos

Ella

sexta-feira, junho 06, 2008

Questionário de Proust

Então Alice Salles começou com isso de publicar o Questionário de Proust respondido por celebridades. Depois ela mesma - não menos célebre - respondeu. Depois ela resolveu que eu tinha que responder e aí está. Alice venceu!

Com qual figura histórica você mais se identifica?
Maria Antonieta...na coisa de perder a cabeça...

Quem é a pessoa (viva) que você mais admira?
Muita gente…Nelson Mandela, Alejandro González Iñárritu, Martin Scorcese, Claudio Borrelli. Os Rolling Stones, o David Gilmour e mais alguns rock stars que não deixaram o tempo envelhecer suas cabeças…xiii…lista infinita!

Qual é o seu maior medo?
Guerra. Violência. Alzheimer. Mas medo imediato mesmo, eu tenho de altura. Muito. Quase uma doença.

Qual é a característica que você acha mais deplorável em você?
Procrastinar. Eu empurro o mundo com a barriga.

Qual característica que você mais deplora nos outros?
Prepotência, egoísmo, preconceito. Não consigo ver onde alguém é superior o bastante para ser esnobe. “Faz cocô? Acorda com ramela? Então baixa a bola…”

Se você pudesse mudar uma coisa em você, o que seria?
Eu seria menos preguiçosa com os meus próprios projetos.

Qual é a sua grande extravagância?
Delivery. Disk-tudo. Taxa de entrega nunca é cara demais se eu não tiver que ir buscar!

Em que ocasião você mente?
Viajando sozinha. Muito. E outras vezes. E aquelas também. É. Pois é.

O que você considera ser uma virtude fora de moda?
Religiosidade. Encobre a realidade.
Eu vejo as pessoas crendo numa vida irreal demais, fechando os olhos para a verdade, principalmente sobre elas mesmas e isso não é virtude.

O que você menos gosta na sua aparência?
A opulência. Eu queria ter quadril estreito e ossos aparentes!

Que palavras ou frases você usa demais?
Bosta. Life is made of options. Pelo amor da vaca jersey. Vai catar coquinho.

O que ou quem é o grande amor da sua vida?
Minha familia, meus gatos, euzinha, e meu pensamento.

Qual a sua idéia de felicidade?
Ser simples. As pessoas complicam demais, exageram tudo. Ser feliz é bem barato. É uma questão de viver em harmonia com o que você pensa e se cercar de gente que te faz bem. Sublimar o que é chato, valorizar o que é bom. Ou seja…é só uma questão de “onde fixar a câmera”.

Qual é a sua profissão favorita?
Historiador, arqueólogo, arquivista de documentos do Vaticano (ha!).

Que talento você mais queria ter?
Queria cantar. Muito. Com uma voz que hipnotizasse as pessoas e desse a elas a sensação do Nirvana.

Qual é o seu estado de espírito nesse momento?
Elocubrante, especulante, delirante, como sempre.

Se você pudesse mudar uma coisa na sua família, o que seria?
Um pouco mais de paz de espírito para alguns, um pouco menos de normalidade para outros, e um pouco mais de dinheiro para todos.

O que você considera a sua maior conquista?
Quatro coisas…uma muito boba, mas cada um sabe onde aperta seu calinho…lá vai:
1. Ter conseguido mostrar que entre minhas orelhas existia mais do que cabelos loiros; e que eu não era só aquele corpão ambulante e rebolante que desfilava pelas produtoras e agências de propaganda desde os 17 anos.
2. Ter escrito roteiros e histórias com começo, meio e fim, que eu sempre tive muito medo de nunca conseguir.
3. Ter criado profissionais incríveis, e filhos nobres.
4. Ter vencido o "provisório", aprendido a viver o "pra sempre".

Se você morresse e voltasse como uma pessoa ou coisa, o que você gostaria de ser?
Um superstar em qualquer coisa, ou um cientista imortal.

O que você tem de mais precioso (material)?
Um dólar de ouro que eu ganhei dos meus ex-sogros e vivo pensando que eu deveria devolver. Precioso por isso…por que era muito importante para eles e eu acho que eles deram para a pessoa errada. No mais…minha história de vida em forma de textos, fotos, cartas, escritos em caixas velhas, etc.

Quais são os seus nomes favoritos?
Cloe, Amélia, Christopher, Nina…e todos aqueles que eu sempre achei lindos mas agora resolveram fugir.

O que você considera o fundo do poço da miséria humana?
A prisão e as drogas – que são sinônimos.

Onde você gostaria de viver?
Numa casa que eu abrisse a porta e pisasse na areia da praia, de preferência em Venice Beach ou Malibu.

Qual é a sua característica mais marcante?
Rir de mim mesma.

Qual é a qualidade que você mais aprecia num homem?
Inteligência. E isso não tem nada a ver com Q.I.

O que você acha mais importante num amigo?
Os ouvidos.

Quem são os seus escritores favoritos?
Kurt Vonnegut e Charlie Kalfman.

Qual é o seu super-herói preferido?
O único que me fez ver uma série inteira: Jack Bauer

Quem são seus heróis na vida real?
Meu pai e outras pessoas como ele, capazes de viver de forma generosa. E isso não quer dizer dar dinheiro: isso quer dizer dividir a sua própria luz e saber se doar. Num mundo cada vez mais egoísta, isso é heroísmo.

O que você menos gosta?
Saber as consequências de quase tudo, poder ver a cegueira dos humanos, conhecer as pessoas no primeiro olhar. Nada me surpreende. Acho isso um saco.

Qual é o seu maior arrependimento?
Ter me deixado cegar, num determinado momento da vida, mesmo conhecendo profundamente as consequências de uma escolha completamente errada e estúpida. Mas passou. Hoje está tudo bem no reino de Mercedes.

Como você quer morrer?
Realizada e lúcida.

Qual é o seu lema?
Um problema pode me tirar a paz, uma tragédia pode me tirar o chão, mas SÓ EU posso me fazer infeliz.



Vai se arriscar? Responde! Responde!

terça-feira, junho 03, 2008

E o mundo muda!

que eu não esteja enganada...

Amém!




segunda-feira, junho 02, 2008

Ai, meu saquinho!

Então hoje é dia não!
Desde antes de eu acordar uma nuvenzinha preta resolveu estacionar acima da minha cabeça. Já a cama estava estranha...coberta embolada, meio frio meio calor, roupa que incomoda, barulhos não sei de onde...levantei!
Sentei para tomar café com a boa vontade de quem vai ao banco. Já olhei para o meu prato de saco cheio do regime...ahmeudeus! Sete meses comendo ovo no café da manhã? Uma gema e duas claras. Hoje frito, amanhã mexido, depois omelete e eu não aguento mais olhar pra cara do ovo! Aguenta Me, que 12 kilos são 12 kilos e se você se livrar de mais 5, volta a ser a velha e boa Mercedes, que era mais boa do que velha. Ai meu saquinho! Peguei o celular e pensei duas vezes se devia apertar aquele envelopinho que me leva aos e-mails. Apostei com o meu mau humor que se apertasse encontraria os seguintes e-mails:
.Promoção de inverno da Zelo
.Sitemeter pra contar quem entrou nesse blog
.Uns três "replica watches" vendendo relógio falso
.Pelo menos um anúncio de pinto grande. Oops...não...de aumentar pinto pra quem tem pinto pequeno.
.Talvez um Smiles, talvez um Tam, talvez um Apple Store, Amazon, Submarino, essas coisas.
Apertei. Bingo! Não havia nada que viesse de um ser humano de verdade.

Olhei para o jornal com a mesma atenção que se da à conversa com um vizinho...uma página "ah...", vira a página "um-hum", ilustrada "sei...", fechei o jornal como abri e olhei pra lugar nenhum. Assim também olhei para a minha empregada. Assim também para a minha cara no espelho do banheiro. "Oi, eu sou Mercedes e estou sentindo que meus pés estão tocando um buraco negro. Serei sugada?" Eis a questão!
Depois sentei aqui, ainda de pijama, abri o Word e deixei meus dedos se divertirem às minhas custas. E não há de ver que eles escreveram sobre mim? Não há de ver que o que eles escreveram era tão pesado que eu tive que salvar naquela pasta escondida, sabe aquela? Ah....vocês não sabem isso! Eu tenho uma pasta secreta. Ela está no lugar mais imbecil possível com um nome imbecil. Dentro dela tem outra pasta com outro nome imbecil, que tem outra com outro nome imbecil. São muitas e muitas pastas em número suficiente para fazer curioso desistir, até chegar "NA" pasta. E se você conseguir chegar nela, cuidado! Está muito longe de encontrar um tesouro...muito muito longe. Abrir documentos ali pode causar danos irreversíveis. Para você ter uma idéia, o nome da pasta é Lixo Atômico! Sério...altíssimo risco de contaminação.

Well, passado isso, percebi que estou questionando tudo, lembrando fatos terríveis, lembrando frases que eu gostaria de não ter ouvido, cenas que eu gostaria de não ter vivido, analisando as consequências delas todas e... ai meu saquinho! Odeio! Aí eu me olho de novo e pergunto para aquela mocréia despenteada no espelho: "Amiga....fofa...sabe por que eu não faço terapia de regressão? Porque eu não fucking quero lembrar essas fucking coisas!"
E fora isso tem as perguntas existenciais aquelas: o que faz a minha empregada guardar livro na estante de cabeça para baixo? E por que o meu hidratante migra para outro armário todo dia? E por que o queijo está na mesa dentro de um tapeware? eu vou levar pra algum lugar? E por que ao meio dia a sala ainda não está arrumada? E por que os papéis que eu separei estão todos empilhados? E por que o armário do Claudio é mais arrumado que o meu? E por que eu não gosto mais tanto de café? E por que eu estou ficando míope? E por que o meu dicionário ta insistindo que úmido é com H? ...

Aí chega. O jeito é rezar para que o sol apareça e tire a umidade do meu cérebro. Acho que vem do frio essa nuvenzinha irritante...