sábado, março 31, 2007

Sobre ser bonita.


Hoje recebi um scrap doce. The lil' sweet scrap.
Era do Solda, me contando que ele tem um blog, e que lá publicou uma foto minha.

Então vamos começar a tradução simultânea.
Solda: Cartunista Paranaense brilhante, que passou a fazer parte da minha vida no início dos anos 80. Naquela época em que a Hebe ainda não havia começado a ser restaurada, eu tinha meus 18 aninhos, cabelo com permanente, era meio hiponga e namorava um moço. Um moço. Nem tão moço. Hoje acho que ele era um menino...mas pra minha idade nos tempos do dilúvio, ele era um "namorado senior", beirando os 35. Eu mal tinha saído do mundo dos jardins de infância, onde trabalhava antes, e entrado no mercado publicitário. Fazia muito pouco tempo que eu usava um aventalzinho escrito "Tia Mety"...de repente fui promovida a Mercedes, convivendo com pessoas que tínham dois membros maiores do que tudo o que eu já tinha visto:
1. o cérebro
2. o ego.
Até então eu não havia mantido contato muito próximo com nem um dos dois.
Pois então. Foi o namorado (escondido), aquele senhor, quem me mostrou que existia alguém chamado Solda e fez eu me apaixonar pelo traço dele. Depois me casei com meu primeiro marido, que é irmão do Miran - um dos maiores artistas gráficos das últimas gerações. Miran me fez conviver ainda mais com o trabalho do Solda, quando nós editamos os primeiros números da Revista Gráfica.
Mais tarde, eu trabalhei com o Solda. Ele e Paulo Leminski formavam uma das duplas de criação da Exclam...mas não se enganem, não se deslumbrem, porque conviver com eles era mais engraçado do que genial. Na verdade eu sempre achei que a genialidade é uma coisa que se enxerga todos os dias, e é no humor que ela se revela. Foi um tempo genial, em que eu vivia cercada de pessoas geniais o dia inteiro, no almoço e no jantar. But..."Everything looks perfect from far away", mas de perto, éramos todos crianças.
Ser criança era o que o Solda fazia melhor. My own private comic relief! O mínimo que ele fez foi colocar sal de frutas no açucareiro da bandeija de café do segundo andar. Cada um que se servia...você já imagina! Era um tempo bom demais. Tempo em que eu podia olhar para a cara do Ernani Buchmann todas as manhãs e garantir boas risadas já cedinho. Tempo em que eu tinha na mesa ao lado o Edson Perin, meu eterno e amado amigo, padrinho da minha filha. Tempo em que eu ía pra sala da mídia dar risada com o Franc e a Meri Penas. Tempo em que o Crau Penas ainda estava se batendo no laboratório fotográfico. Éramos todos crianças felizes. Tempo impagável!
Foto minha: O Solda pegou aquela minha foto...e fez isso com ela. E aí, quando eu vi, suspirei bem fundo e lembrei de tudo o que significou "ser bonita" desde que eu era pequena. Não! Não estou dizendo que eu sempre fui bonita. Estou dizendo que nem sempre achei bom ser bonita. Vou explicar: Tudo começou quando eu nasci.... (brincadeirinha)
É que depois que eu cresci um pouco, e que decidi entrar no mercado de trabalho, passou a ser feio ser bonita. Passei por algumas coisas desnecessárias para a vida de uma profissional. Exemplo : Eu estava em contrato de experiência na UMUARAMA - agência que atendia o falecido Bamerindus. Eu namorava o tal "senior" que também era um criador "senior", uma estrela
"senior" da época , premiado "senior" , blablabla "senior" - senior pra mim, que era adolescente ainda. Ele trabalhava na agência concorrente. Um dia, meu chefe me chamou para dizer que sabia que não era eu quem escrevia os meus textos. HELLO??? A teoria da conspiração era a seguinte: eu me batia a manhã inteira, saía para almoçar com o namoradeeenho, voltava, sentava na máquina (máquina! Eu disse que era o tempo do dilúvio) e resolvia tudo rapidinho. So...durante o almoço, meu namorado fazia o texto pra mim. Ha!
Claro! Raciocínio básico: ela é bonita, loira, e namorada do cara! Wow!

Vocês não podem imaginar como aquilo bateu nos meus ouvidos. Aliás não...in my guts! Eu tive ódio daquela criatura de cara amassada que não abria os olhos.
Pensa comigo: tem que ser muito boa mesmo ne? Então o cara tem 500 mil jobs pra resolver, mas por meia duzia de beijinhos na hora do almoço ele (não almoça e) resolve o meu job. Wow! Isso é que é namorado bom. Eu ganhava um décimo do salário dele, então logicamente pagava com sexo. Vai ser boa no inferno!
Pois...tive um chilique e fui contratada em caráter definitivo no dia seguinte. Mas - droga! - tive que ter um chilique!
E muita coisa foi assim... muito chefe me convidando pra passar férias em Cancoon. Muito diretor de agência achando que estava falando com a minha bunda (grosseiro, pero verdadeiro). Muita colega de trabalho achando que eu fui contratada porque era lanchinho de alguém. Com essas coisas todas acontecendo, minha prioridade passou a ser esfregar na cara das pessoas a minha competência. Precisei provar que tinha um cérebro entre as orelhas. Para isso, muitas vezes precisei me fingir de burra. Fingir que não entendia insinuações, sorrir como quem não entende uma piada.Foi suado...mas eu consegui. Depois aprendi a chegar chegando, falar grosso e pôr o pau na mesa. E era desconcertante para os velhos babões ver aquela loira falar mais grosso que eles. Funcionava.
Por essas e por outras, desde de a adolescência eu preferi não ser bonita. Beleza era uma bobagem que acaba rápido, ou acostuma rápido...não é eterna e, embora útil, tinha que ficar em segundo plano. Graças à reação de homens de gravata e mulheres mal vestidas à beleza de uma profissional, a primeira vez que tive coragem de usar uma saia curta, eu já tinha 26 anos. E depois disso, eles tinham mais uma coisa desconcertante para olhar.
Hoje faço questão de ensinar minha filha a não ser nem só bonita...nem só inteligente!


Aí... quando eu vi o blog do Solda fiquei feliz. Feliz por saber que estou tranquila quanto a isso, finalmente. Aos quase 46 anos...ufa! Já posso aceitar um elogio. Pode me achar bonita sim. Adoro!
De qualquer forma, feliz, feliz, adorei a homenagem do Solda. Não só por fazer bem para o meu ego, mas por vir dele - essa pessoa adorável.

Um beijo amigo no seu umbigo


sexta-feira, março 30, 2007

Fazendo a minha parte

Já que não podemos perder o medo, podemos pelo menos ter certeza de que aqueles que nos aterrorizam serão punidos.
Já que não podemos evitar a violência, podemos pelo menos tentar que marginais maiores de idade não usem menores como armas para garantir sua liberdade.
Já que chegamos ao ponto que chegamos...
Já que as autoridades não conseguem sequer evitar que os presos usem celulares. Já que tudo está tão perdido...Já que não temos mais como imaginar situação mais assustadora, talvez seja hora de gritar muito mais alto. Talvez seja hora de deixarmos de ser carneirinhos. Talvez seja hora de tentar pegar o lobo.
Entre aqui: LEI JOÃO HÉLIO FERNANDES - PELO FIM DA IMPUNIDADE NO BRASIL
e deixe a sua assinatura.
Existe uma forma silenciosa de gritar.
Grite!

Bom fim de semana.

quarta-feira, março 28, 2007

Desabafo de Ella Spotlessmind

Oi Mê,

Faz tanto tempo que a gente não conversa, que estou definhando. Meu blog está às moscas, meu coração está às moscas, eu estou às moscas…Quanto mais as moscas me rondam, mais saudade eu sinto de conversar com você.
Esta noite resolvi olhar para trás e fazer um noves-fora básico entre o que se pensa e a verdade sobre a minha vida amorosa. Você sabe que meus amigos - inclusive você - adoram dizer que eu namorei demais. Acham que eu tive todos os homens que quis, na hora que quis, etc* (Etc* being all the stuff you can imagine) Uma amiga amada e - já falecida - gostava de dizer que existiam três homens para cada mulher na cidade…e algumas estavam solteiras por minha culpa. Pura, maldade!

Não era nada assim.
Eu lembro de rejeições tremendas…
Não sei se conheço alguém que tenha se apaixonado mais vezes do que eu. Essa mania de me apaixonar começou muito cedo, no primeiro grau, com um menino na Escola Pública chamado Flávio. Ele tinha cabelos pretos e os olhos super azuis. Parecia tirado de um conto de fadas. E havia eu…me escondendo atrás das colunas do pátio no recreio para ficar olhando para ele sem ser vista. Na minha cabecinha de criança, a única coisa que passava era: ele nunca vai olhar pra mim…
Depois o amigo bonitinho do meu primo. Era uma paixão arrasadora e silenciosa. Paixão proibida de criança que achava que amigo de primo era primo também, logo uma paixão feia. E mesmo que não fosse, hello !…”ele nunca ia olhar pra mim”.
Mais tarde, os amigos das minha irmã mais velha. Ai como eram lindos…e tocavam violão. Isso devia ser proibido. Eles acabavam a noite sempre fazendo serenata para ela… Minha mãe abria a porta, fazia café, convidava para entrar. E eu? Eu espiando pela fresta da porta, sonhando que um dia a serenata fosse para mim. O que passava pela minha cabeça? “Eles nunca vão olhar pra mim”…
Mais tarde, começaram as festas…e eu sempre perdidamente apaixonada por alguem que “nunca olharia pra mim…”
Apareceu amigo da amiga. Loirinho, olhos claros, lindo! Eu olhava para ele babando, e ele nunca me deu bola de fato. Ou deu…me deu um beijo uma vez, que me deixou sonhando por meses, mas “ele nunca olhou de fato para mim.”
Depois, veio o primeiro grande amor…Ai ai ai…esse foi forte. Um gigante de um metro e noventa e oito, olhos castanhos claros, cabelos e corpo dourados de sol. Durou dos 13 aos 19, com longas interrupções e tentativas sérias de esquecê-lo, mas ele sempre aparecia do nada quando eu achava que estava curada…e lá vamos nós: um beijo roubado, outro escondido, um passeio de moto, um plano para o futuro. Mas na verdade “ele nunca realmente olhou pra mim”…Assim como vinha, ia embora. Eu ouvia falar dele sempre, mas nada dele voltar.

Veio o segundo grande amor, para substituir o primeiro. Longos cabelos dourados, olhos claros, surfista, todo bonitinho…E mais uma rejeição -- Hoje estamos juntos, amanhã não temos nada -- e eu caía de amores por ele. Rejeição histórica: minha amiga linda de olhos azuis (sim, literalmente) foi naquela festa que eu não fui, ficou com ele…eu nunca podia ir a lugar algum, ela podia…resultado: casaram-se. Hoje já não estão juntos…mas sim, eu entreguei meu segundo amor nas mãos da minha amiga bonita.

E veio o namorado. Chega de sofrer! Eu tinha quase 16 anos, o menino gostava de mim, me achava maravilhosa, sonhava comigo todos os dias…e eu estava sofrendo de rejeição eterna a mais tempo do que podia aguentar. Me achava gorda, desinteressante, feia, boba. Coitada. Adolescência dói!

Namorei o menino por quase dois anos. Os olhos compridos vigiavam o outro e sua namorada linda, mas eu me convenci de que amava o namorado - isso doía bem menos. Aos 17, fim de namoro, reencontros com o primeiro amor, etc… Os 18 anos chegaram. Eu me formei no segundo grau, fui trabalhar e passei a ser olhada com outros olhos. Muito mais segura do que deveria, namorei quem quis, fui paquerada por quem mataria as outras de inveja, me sentia linda, forte, poderosa, ai ai ai…E era. Mas ainda bobinha, levava uns sustos quando alguns caras “famosos” no mercado baixavam em mim. Ainda achava meu caminhãozinho pequeno demais para a areia deles…e não era. Ao contrário. Essa foi a época que eu me rejeitava.

E o tempo passou… Namorei um colega de trabalho pra quem eu olhava e pensava “ele nunca vai olhar pra mim”. Conquistei a criança, namorei mais de dois anos e terminei…namorei mais, terminei mais, e lá vem outra paixão. Mais uma vez, os cabelos loiros e longos, os olhos claros, o corpo sarado, o figurino cool…e eu?…eu espiando de longe e morrendo de medo que “ele nunca olhasse para mim.” Ele olhou um pouco…bem pouco. Bem menos do que eu queria. Ele queria. Eu sei, porque ele disse. Mas não podia, e eu não sabia porque. Até hoje não sei. Doeu muito…e por auto-defesa eu prometi não me apaixonar nunca mais. Me tranquei em casa e me coloquei de castigo. Não saí mais, não namorei mais, engordei, cortei as longas madeixas…me deixei apodrecer por um tempo. Fiz amigos. Só amigos.

Depois do castigo vieram mais paixões impossíveis, porque nunca mais não existe, e mais rejeições…parece que a minha vida é uma longa história de amores loucos e platônicos! Havia sempre um loiro de olhos claros perseguindo meus sonhos. Todos lindos. Todos poetas…todos inatingíveis. E eu nunca fui enough for them. Dammit!

Depois tudo mudou. Parece que o mundo gosta de provar que é redondo e foi trazendo de volta alguns amores. Era outra a maldição agora: a saga da única noite de emoções incríveis. Lindas cenas de final de filme. Reencontros inesquecíveis com pessoas que eu jurava que nunca me quiseram ou olharam pra mim. Noites de conversas alegres e confissões apaixonadas…beijos tórridos, amor enlouquecido…A frase maldita: “Eu sempre te pus num pedestal”. E adeus!
Meus amores eternos partiram para sempre, um por um. Todos dizendo que me amavam demais. Mal sabem eles como eu gostaria que me amassem menos e fossem mais reais.
Parecia que a vida precisava me presentear com estes reencontros para me fazer vingada ou aliviada. Para que as feridas fossem curadas e as dores sanadas. O amigo do primo apareceu vinte e dois anos depois para dizer que sempre me amou…depois morreu deixando na minha boca o gosto da mais amarga despedida. O segundo amor disse que achava que eu jamais me casaria com ele, por isso ficou com a outra, e teve um casamento tempestuoso, com bons frutos e péssimas lembranças. Um por um, veio para contar o que eu não sabia e se foi.

O fato é que de toda a vida farta de amores que eu tive, sobrou um medo enorme: o pavor da rejeição.

Eu achei que tinha superado tudo isso, quando o tempo martelou minha testa e a vida resolveu me dar outro daqueles presentes de grego: um homem (sim, claro, de cabelos e pele dourada e olhos muito muito claros, alto como uma torre, lindo como se fosse meu) guardado no canto da memória e na parte mais escusa do meu coração por uma eternidade, ele ressurgiu das cinzas para, finalmente, mostrar que vale a pena esperar. Ele havia sido outra daquelas paixões impossíveis e arrasadoras que de repente caem no limbo e desaparecem como se nunca tivessem existido. Uma lembrança boa…um sorriso inesquecível…um abraço para sonhar de tempos em tempos. E lá veio ele… depois de tantos anos, como se o tempo tivesse esquecido de passar. Sentou-se à minha frente com aquele olhar “intra-venoso” que vira do avesso e esquenta a alma, de dentro para fora… Colocou minha mão em seu rosto e perguntou: “O que te fez demorar tanto?” como se eu fosse a culpada de tudo…como se ele tivesse passado todos estes anos pensando em mim. Disse que sim. Disse que enlouqueceu com a minha ausência. Disse que nunca entendeu porque eu não liguei…Disse que me ama! De todas as cenas de final de filme, esta foi a mais forte. Um reencontro mágico…Meu coração se encheu de alegria e esperança…vivi um conto de fadas – sem nenhum exagero – com um homem de sonhos, numa noite de sonhos. Tudo perfeito. Tudo para sempre.
E acabou. Mais uma vez, amiga,o sonho se foi. E eu?…eu fiquei mais uma vez sonhando sozinha e me perguntado por que. Por que tem sempre que ser assim? Eu sou Ella, conhece? Aquella que vive histórias que todo mundo sempre quis viver mas não vai conseguir. Mas tudo o que eu queria, TUDO mesmo, é que minhas histórias lindas não tivessem fim. Ou pelo menos, que não parecessem sempre esperar por uma chance de lançar a sequência : “Ella Se apaixona” , “ Ella 2 - A Rejeição” , “ Ella 3 - O Retorno” , “Ella 4 - A Morte Súbita.”
Eu sei o que você vai dizer, Me. O que você sempre diz: “Ella, você reclama de barriga cheia…” Não diz isso dessa vez, please. Eu ainda estou machucada.

Eu adoro quando eles voltam…mas acho mórbido voltar só para ir embora novamente.
To sofrendo, amiga…Socorro!

Um beijo com muita saudade

Your friend always,

Ella Spotlessmind

terça-feira, março 27, 2007

Pronto...Hora de procrastinar.

Já estou treinada, suada, cansada. Pronta pra sentar neste computador e pensar nas coisas que vou deixar de fazer hoje.
Provavelmente vou deixar de entrar no site do banco...depois vou abrir o Final Draft, dar uma relida no roteiro e deixar de escrever. Depois vou abrir a pasta "MgPictures" e deixar de trabalhar as fotos que eu queria para mandar emoldurar e fazer aquela parede de fotos que eu queria ali no corredor entre os quartos. Depois vou pensar no que está faltando em casa e deixar de ir ao mercado. Hm...eu posso ligar para a quitanda e pedir frutas e verduras; eles entregam... Mas acho que vou deixar de fazer isso também. Vou abrir minha carteira e descobrir que lá dentro só tem uma nota de vinte reais e talvez eu precise dar dinheiro para a passagem da diarista, mas não vou ao banco...nem ao banco 24 horas. Vou pegar o pote de moedas e transformar pequenas peças de metal em cinco reais. Mas não agora...só na hora que ela vier pedir. E quando ela subir a escada pedindo o dinheiro da passagem eu vou dizer: "Ah...esqueci!"
E assim segue o dia. Está um sol maravilhoso...eu podia colocar um biquini e ir lá pra fora, mas vou deixar de fazer isso também. Quero procurar uma cômoda para guardar roupa de cama e banho que está ocupando espaço demais no meu armário, mas vou deixar de ir procurar. Eu devo ter guardado em algum lugar uma boa desculpa para não sair hoje, mas não vou procurar. E preciso lavar a cabeça, mas estou pensando seriamente em deixar de fazer isso também. Tenho que copiar os CDs do livro da Nora Ephron que eu prometi pra minha nova amiga, depois ir ao correio...mas acho que isso também não é hoje. E preciso decidir a páscoa: vou pra Curitiba? convido minha sogra pra vir pra cá? Tenho mesmo que sair pra comprar chocolate, ou tem como pedir online? Ai que preguiça...
Alguém ainda ousa perguntar por que eu preciso de Red Bull de madrugada?
Então existem as tentativas desesperadas dos que me cercam, de me tirar dessa cadeira antes que a minha bunda se transforme numa plataforma de pouso para aeronaves gigantescas. Minha diarista macumbeira coloca uma xícara de café na janela para o Preto Velho me fazer trabalhar. Mas isso não funciona...porque cada vez que ela faz isso, quem baixa não é o Preto Velho, é a Maria Arrumadeira. Eu saio colocando a casa abaixo, jogando tudo fora, arrumando armário, limpando pilhas de papéis...E o feitiço vira contra o feiticeiro, porque ela tem que andar atrás de mim limpando a sujeira que eu faço.
O Claudio briga...tenta me fazer escrever. Cobra. Chateia. Fica tendo idéia pra ver se me inspira. Minha empregada acende uma velinha branca para o meu Anjo da Guarda. Mas como ele é um amorzinho, me mantém quietinha em casa, sem fazer muita coisa arriscada. E eu compro Red Bull. Mas aí meu cérebro vira um turbilhão e eu escrevo 40 páginas de uma história genial que pouco tem a ver com o que o Claudio quer filmar.

Ou seja, senhoras e senhores...a coisa está confusa.
Por isso agora eu vou fingir que estou ocupada, vou abrir meu site de tetris e dar uma encaixadinha nas coisas pra ver se meu cérebro se organiza. hahaha!


Bom dia

Não aguento mais entrar no Caixa Preta e ver o Johnny Depp. Mas cada vez que faço isso sou tomada por uma preguiça mortal e saio sem escrever. É o que vai acontecer daqui a pouco, já que sã 10 e vinte e oito e eu tenho treino em dois minutos...
Mas hoje eu vou fazer isso: vou tirar a cara do Johnny da primeira página, só pra alguém achar que eu escrevi. Depois do treino eu volto e digo alguma coisa que deleite...

Tenho sentido coisas estranhas. Os olhos pesados...pouca vontade de sair. Deus! Que mentirosa...pouca? NENHUMA vontade de sair. Sento para escrever e jogo tetris. tsc tsc tsc. E ganho...claro. hahaha!

Mas, uma noite dessas eu tomei um Red Bull. Droga do demo! ;)
Tomei meia lada de Red Bull Light e escrevi até as 5 da manhã. Depois fui dormir e dormi pensando e tampando furos do roteiro e mudando detalhes minúsculos. Eu queria muito que meu cérebro fosse assim normalmente. Todo dia, sem tomar nada. Daí lembrei porquê foi que eu decidi que nunca experimentaria cocaína: eu já me sinto tão poderosa de cara... imagina que insuportável eu seria se cheirasse. E eu já sou maluca por natureza...quanto de louca eu seria chapada? Mas ai que delícia seria ter um cérebro assim.

Hm...esqueçam tudo isso. Eu vou treinar e já volto pra falar mais sobre meu pobre cérebro fritinho...

Morning

sexta-feira, março 23, 2007

Shhhh! Me deixa dormir...









...esta noite sonhei com isso.











Johnny, I've been Depped...only in my dreams. (dammit!)

segunda-feira, março 19, 2007

Nada é totalmente ruim

Depende do ponto de vista.
Pode-se ser otimista... Não é feio suportar algo aparentemente horrível por algum tempo, mínimo que seja, só pelacuriosidade de ver mais de perto e entender o que pode vir depois disso.
Pois as lagartas verdes de pintas pretas e amarelas invadiram o jardim. Chegaram como se a casa fosse delas, comeram algumas folhas das plantas, escalaram janelas, muros, paredes, cadeiras. Num primeiro momento houve pânico. Minha empregada desesperada queria matar todas elas: cheguei a pegar a monstra da vassoura tentando esmagar uma delas e gritei!
A coitada, não entendeu nada..."Mas elas queimam, Dona Mercedes!"
Eu e minha cara de natureba reagimos: "queimam agora...mas depois vão se sacrificar para alegrar os seus olhos." Coitada...entendeu menos ainda. "Rita, elas viram borboletas..."
Resposta: "Ah é? Não sabia." Como pode alguém não saber que uma lagarta, ou um bicho cabeludo viram borboletas? Corri para contar a piada para outra pessoa. "Nossa! A Rita não sabia que lagarta vira borboleta!"
Resposta: "Vira? Eu também não sabia!"
Será que o mundo está assim? Será que somos todos crianças de apartamento que não sabem nada da natureza ?
Será que a Rita não sabe que a pior coisa que aconteceu na vida dela veio para salvá-la de uma vida horrível e trazer a paz merecida?Será que ninguém mais sabe que "há males que vêm para o bem"... que "não há mal que nunca acabe"... que "a esperança é a última que morre"?
Pois eu que sou boba, otimista, talvez loira e burra, sei. E a invasão das lagartas encantou parte da minha família, e acabou mostrando que ninguém é totalmente feio, nada é totalmente ruim, ninguém fica no fundo do poço para sempre...etc, etc, etc.
As lagartas verdes invadiram a casa e se penduraram onde podiam. Seus casulos verdes foram perdendo a cor até que, num momento dramático, gotas de sangue apareceram no chão e o casulo não estava mais ocupado. Uma por uma, as lagartas voaram. Todos os dias, pelo menos uma. Hoje vi o momento em que uma borboleta nasceu no quarto de hóspedes. Lindo demais!
Então...presta atenção -- Toda lagarta repugnante tem seu dia de borboleta! Hahahaha! - Filosofia barata, pero profunda! Me serve. Se não te servir, divirta-se com ela.

Bom dia,

Um beijo amigo no seu umbigo.

Recaída de fotógrafa

bamboo















crianças no varal















mini e a vela

Total sem tempo para nada...eu volto logo. (espero!)


segunda-feira, março 12, 2007

Back + impressions

Olá crianças...

Voltei de Curitiba ontem. Fui ver meus pais que estavam precisando de mim dez vezes mais do que vocês. Sorry...Por isso o silêncio nesta casa.
Cheguei e fui recebida por parte da família - tem uma que some nos finais de semana - e pelos gatos carentes. Difícil dizer que fica mais carente, se a familia ou os gatos. Anyway...é sempre bom demais voltar. Saudade da minha caminha....
Ainda não me recuperei da visita do patrão. Meu deus, o que foi aquilo? São Paulo parou porque o chefe tinha que andar. Marginais fechadas, meio morumbi fechado, tudo parado, irritante, como se a cidade pudesse não trabalhar só porque o presidente do mundo resolveu aparecer. Me irritou profundamente, mesmo eu não saindo de casa.
E me irritei também com outras coisas. O que foi, pelo amor de deus, o discurso do Lula? Como assim "encontrar o ponto G desta negociação"? O que ele quis dizer? "Cuidado Bush, eu vou te f***r" ? ou "Calma, meu nego, que eu sei que você quer me f***r, mas pelo menos me pede em casamento"?
Nunca imaginei um presidente falando uma coisa assim. Nem eu nem o tradutor que parou uns 30 segundos pensando se devia traduzir aquilo pro Bush. Não dá pra entender. Não dá pra saber COMO meu deus! COMO?? esse povo teve coragem de colocar essa criatura no poder. Aliás...vamos combinar: ESSAS DUAS criaturas! Que coragem...talvez seja um sinal do fim dos tempos. Deve ter alguma profecia que se refira a isso, tipo: "Quando as bestas, as mulas, as antas, assumirem o poder de dois grandes países no ocidente..." "Quando os líderes não souberem mais se expressar" " Quando os líderes forem seres patéticos..."
Ai ai...me to cansada.
Cheguei e o Cláudio estava empolgado com um filme. Viu e reviu mais de cinco vezes, ligou pra dizer que o filme é lindo, que o chinês é foda, que eu tinha que ver. Pois não escapei. Assim que cheguei em casa querendo só dormir, ele me implorou para ver só 15 minutos de filme. Eu achei que "este podia ser o ponto G desta negociação" e fui. Impossível! Sentei lá em baixo e comecei a ver o filme...10 minutos...15 minutos... "quer parar?" " Não!" vi o filme inteiro, embasbacada, maravilhada. "O Clã das Adagas Voadoras". Que coisa incrivelmente delicada, bem filmada, bem produzida, bem finalizada, bem tudo! Trilha linda, figurino perfeito, direção de arte incrível, texto maravilhoso. Uma história de amor na China, na dinastia Tang, em 859 a.c. Quando eu poderia imaginar que ficaria maravilhada com um filme de artes marciais?
Pois olha...as lutas são tão lindas que não incomodam, não são demais, não lembram filmes B, e duram o tempo que tem que durar. É lindo! Fui dormir feliz por ter visto um filme que eu jamais pegaria para ver, com a alma leve...a sensação de quem acabou de viver algo muito bom. Eu recomendo. Quem não viu ainda, dê um jeito por favor. Por você mesmo.



Amanhã eu volto, para dizer alguma coisa que acrescente.
Ou não.

Beijo beijo.

segunda-feira, março 05, 2007

Se conselho fosse bom...

Eu sei, eu sei...se fosse bom seria cobrado. Claro. Também acho. Eu passei a vida, como todo mundo, ouvindo conselhos - dos mais valiosos aos mais estúpidos - e como todo mundo, descumprindo um por um.
É tão lindo aos 15 anos dizer: "eu tenho que aprender com os meus erros". Claro! É ótimo, mas dói. E enquanto estamos falando sobre tomar cuidado com uma amiga, arrumar a cama quando levantamos na casa dos outros, etc, tá muito lindo. Mas existem conselhos que eu gostaria de ter ouvido com OS DOIS ouvidos e, quem sabe, deixado entrar no cérebro por um tempo mínimo que fosse para não esquecer. E hoje, olhando à minha volta, e para mim mesma, existem conselhos que eu gostaria que todo mundo ouvisse.
Naquele texto brilhante do Tim Cox, "Filtro Solar" ele diz: "Conselho é uma forma de nostalgia. Compartilhar conselhos é um jeito de pescar o passado do lixo, esfregá-lo, repintar as partes feias , reciclar tudo e vender por mais do que vale."
Anyway... alguns conselhos que todos deviam seguir, mesmo que eu não tenha feito...mesmo que seja um saco.

. Coma alimentos com cálcio: queijo, leite, iogurte, manteiga, alguns legumes...mas coma! Não tem a menor graça ter osteoporose aos 35 anos, nem aos 60, nem aos 70.
. Use filtro solar. Todos os dias. Para sair, trabalhar, ficar no computador, andar na rua, ou ir à praia. Fator 30 no rosto e nas mãos, sem falta. Você só tem uma pele, embora ela tenha um incrível poder de se auto-renovar para se salvar das barbaridades que você faz. Tirar manchas da pele custa uma fortuna e nem sempre funciona. E não tem mágica: se você não usar filtro solar, sua pele VAI ficar manchada, e você vai ser um velho/a muito muito feio, muito antes da hora, talvez com um câncer de pele. E acredite: agora você acha que não dá a mínima para aparência....mas quando chegar lá, vai dar sim!
. Faça exercícios todos os dias. Não importa se é pouco, não importa se é leve. FAÇA! Aos 40 anos, sua disposição não vai mais ser a mesma, e se for aos 40 não será aos 60. Sem exercícios suas pernas tendem a não te suportar, seus braços não vão levantar seus netos, o mundo vai viver lá fora enquanto você se arrasta. Envelhecer não é o problema: o problema é como você vai se virar quando ficar velho.

. Alongue. Não importa como. Se você não alongar, com o tempo seus músculos vão estar tão curtos, que você terá encolhido demais. E sua postura aos 50 vai ser de uma pessoa de 70. Velho sim...mas com o nariz apontado para frente, por favor!
. Cuidado com tatuagens. Ao envelhecer, sua pele vai ficar flácida e irrugada, por melhor que você esteja. Antes de tatuar pense bem, olhe para a sua mãe, para o seu pai, para os seus avós. Repare quais partes do corpo a gravidade não perdoa. Pense que um lindo pavão pode parecer um repolho em 30 anos. Pense no que você vai ser então: um/a velhinho/a com pinturas disformes penduradas em pelancas. Pense que talvez você fique viúva, talvez case-se de novo, e a pobre criatura que casar com você vai morrer de aflição ao ver uma velhinha nua cheia de "hematomas".
. Diga que ama a quem você ama. Deixa de ser besta e de dizer por aí que "EU TE AMO" é uma frase especial demais para ser banalizada. Isto não é banalizar. A gente hoje vive num mundo em que se é um herói por sair de casa, e uma possível vítima. Quando se volta para casa no final do dia, se é um SOBREVIVENTE. Sobrevivente de uma guerra velada que está lá fora te esperando. Não saia de casa sem beijar os seus. E se possível, diga todos os dias - na hora de dormir, ao telefone, ao se despedir de cada um: "Eu te amo", porque esta pode ser a última vez. Sem drama. É verdade. Alguém pode ter um ataque cardíaco, ou um ataque do PCC, ou do Comando Vermelho, ou da Polícia...sei lá. Na dúvida, exponha seus sentimentos. Não vá dormir brigado com seus pais, seu namorado, seus amigos. Faça as pazes antes de dormir, viajar ou deixá-los ir embora. Amanhã é um incógnita!
. Cuide dos dentes. Use fio dental, escove os dentes 3 vezes por dia por pelo menos dez minutos, e outras mais que podem ser mais rapidinhas. Não tenha preguiça disso, porque não é perda de tempo. Assim como nas suas pernas, os ossos do seu rosto não durarão para sempre, mas durarão um pouco mais se você cuidar das gengivas evitando que seus dentes simplesmente caiam.Vá ao dentista. Mas mesmo se não for, não economize fio dental e escova de dentes.
. Coma direito. Menos do que acha que precisa. Mais vezes do que acha que tem fome. Seis vezes por dia é o número certo para comer. Assim você não fica nem desnutrido nem obeso e seu corpo tende a te obedecer melhor, e por mais tempo.
. Use a cabeça. Leia, leia, leia, leia. Este é o único remédio para o seu cérebro. O único alimento de que ele precisa, fora a glicose que você ingere sem querer. Quem lê fica lúcido até os 100 anos. Quem lê evita a demência e não sobrevive enchendo o saco dos outros. Se você se julga uma pessoa independente, este é o único passaporte para que você continue assim. Se seu cérebro parar, sua independência se auto-distruirá em cinco segundos.
. Beba para ficar alegre, mas não faça isso todos os dias. "Melhor dez anos a mil do que mil anos a dez" é comprovadamente um lema furado. As pessoas que vivem dessa forma, costumam ter cirrose, diabetes, pancreatite. Elas demoram para morrer, mas morrem. E até que morram, vivem dez anos a cinco por hora, sem poder fazer nada, entrando e saindo de hospitais, fazendo diálise, amputando membros, perdendo a visão, sentindo coisas horríveis, e atormentando uma família que não escolheu esta vida.
. Ame, se apaixone, dance, cante alto, dê risada, tenha amigos, escute as crianças, brinque! Sensações são só o que você vai levar daqui quando for embora.
. Seja bom. Doe sem pena. Ajude sem questionar. Só quem é livre para entregar o que tem consegue ter mais. Desapego responsável é o nome: não tire da sua família, mas não se apegue demais ao que você tem. A vida muda em um minuto, e se suas COISAS forem só o que você tem, você pode um dia não ter nada. Seja mais do você tem.
. Se ame. Você é a melhor companhia para si mesmo. O tempo passa, a vida passa, os filhos crescem, os netos crescem. Se seu corpo for forte e sua mente lúcida, você talvez entrerre todos os seus e fique sozinho. Se você não se suportar, e não tiver com você uma vasta bagagem de lembranças maravilhosas, a solidão pode ser um castigo que você não merece. Se você se amar, a solidão será suportável, e muito provavelmente, você vai sempre ter alguém ao seu lado.
. Seja corajoso e viva! Mas respeite o medo alheio. Todos nós sabemos que o medo é uma prisão e uma dor enorme. Se você não gosta de sentí-lo, não force ninguém ao mesmo. Ninguém perde medo de cachorro por ser forçado a conviver com um. Este medo dói, e superá-lo pode ser descartável. Perigoso é ter medo de amar. Para todo o resto se dá jeito.
. Converse com seus pais. Converse com seus filhos. Converse com seus irmãos. Família é um saco, mas no fim das contas são eles que vão cuidar de você, lembrar de você, contar sobre você. Se eles não souberem quem você foi, seus netos também não saberão e em menos de cinquenta anos tudo o que foi você já não existirá mais. E não só por isso...mas porque estar vivo só vale a pena se você convive. O que você ouve e o que você diz formam pensamentos e você é o que você pensa.
. Escreva, pinte, conte histórias, tire fotos, plante árvores de frutas. Não tem nada melhor do que lembrar de alguém que já se foi. Dê aos que te amam a oportunidade de ter coisas suas para olhar. Nem que seja só um pé de jaboticaba que dá fruta toda primavera, e é doce. A ausência dói demais sem lembranças, então, deixe suas pegadas cravadas no chão que você pisa para que as próximas gerações saibam quem você foi.
. Mude de idéia. Não tenha compromisso com o erro. Não seja obtuso. Você não está sempre certo, nem sempre errado. Escute, reflita, reaja. Aceite. Ou não.
. Aceite as pessoas como elas são. As diferênças fazem a vida mais rica.
. Lembre o conselho do Dalai Lama: case-se com alguém com quem goste de conversar. No final da vida, conversar vai ser muito mais importante do que sexo.
. Seja o protagonista da sua história. Pouquíssimos coadjuvantes fazem falta a alguém.
Pois é...acho que estou ficando velha. Ou com medo de.
O fato é que há dias estou pensando nestas coisas. Principalmente no cálcio, no fio dental, no filtro solar e nas pegadas no chão. Eu estou tentando...


Buenas.