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domingo, junho 20, 2010

_sapo na boca da cobra

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Peguei o carro, bati a porta e não olhei pra trás.
Chega! Não tinha como passar mais tempo sem olhar nos olhos dele e ver se tudo o que ele me fazia sentir de longe se repetiria assim, olho no olho. Muito medo. Muito medo, porque só de pronunciar a palavra “olho” me vira o estômago. Motim das tropas de borboletas! Elas estão armadas, atirando pra todo lado e...ai, pelo amor de deus! Parem de bater essas asas que eu vou passar mal. Frio no estômago master.
Cheguei em frente à casa e pensei dez vezes. Vou não vou, vou não vou...fui. O portão estava aberto...eu entrei. Nem 15 metros separavam a porta do portão, mas acho que andei uns 10 quilômetros...aquilo não chegava nunca e o único pensamento que eu tinha era o par de olhos escuros olhando dentro de mim. DENTRO, porque eu nunca consegui conceber que ele tivesse um olhar menos poderoso do que isso.

Respira...
Bati na porta uma vez. Nada. Pensei: “ótimo, vou embora.” Mas assim que virei as costas a porta se abriu. Ai. E agora? Desviro? ou faço a louca e corro pro carro e depois digo que não era eu? “Quem, eu? Na sua casa? Imagina...”
Não deu tempo. Borboletas em guerra, frio na barriga, olhos aterrorizantes e eu ainda de costas...e ouvi a voz. O que? VOZ? Eu nunca tinha ouvido a voz dele. Esqueci de contar que esse era outro medo: a voz que eu ouvia quando pensava era linda. Não! Cala a boca! Eu não acho voz de locutor linda...Eu to falando de uma voz gostosa...se bem que eu só pensei nela assim, no meu ouvido...não sei como soaria se ele falasse mais de longe...Tá! Para de ser louca. Foco.

Respira...
A voz disse: “Viu como não é tão longe?”
Que diabo de frase é essa? Sabe quanto tempo eu sonhei com a primeira frase? Vamos falar de geografia? Trânsito? Pavimentação de estradas? Pelo amor de deus, você só tem mais uma chance e eu vou embora. Pois é...pensei. Só que ele não disse a segunda frase. Acontece que eu virei pra ele e vi os olhos. Meu deus! Os olhos eram mais fortes do que eu pensei. Eles não olharam dentro de mim, eles me sugaram pra dentro deles. Os olhos sorriam de um jeito que não tinha como não saber tudo o que estavam dizendo. Ou eu que estava nervosa. Não...mentira. Eu estava nervosa sim, mas os olhos estavam gritando! E aquele olhar foi o suficiente pra eu não saber mais nada. O que mesmo ele tinha perguntado? Longe? O que que é longe? Perto, super perto... Quarenta centímetros de distância? Isso não é nada e com um movimentozinho minúsculo eu consigo voar no seu pescoço e abraçar você pra sempre.
Eu não posso imaginar a minha cara. Acho que eu até prefiro não imaginar, porque eu devia estar olhando pra ele como um sapo na boca da cobra. Romântico?

Aquilo durou uns três milhões de segundos. Nós dois ali, olhando um pro outro, trocando faíscas e pensando “Ai meu deus e agora?” (pelo menos eu pensei), e nada acontecia. Total WTF moment. Mas aí ele esticou o braço, e me pegou pela mão...me puxou pra perto e me abraçou falando no ouvido: “Não acredito que você tá aqui...”. Ai a voz, a voz, a voz...eu acertei em cheio! Era exatamente como eu imaginei.

Pensei em respirar, mas não descobri como fazer isso. Assim que a voz terminou a segunda frase - que eu vou chamar de primeira, pra esquecer aquela outra - ele me beijou no canto da boca. Mas assim...não foi um selinho no canto da boca. Foi um beijo de canto de boca daqueles que você fica perdida sem saber se vira e beija direito ou se finge que nem notou. No meu caso, acho que não consegui fingir coisa nenhuma, mas segurei a vontade de virar e lascar um beijo decente nele. Que raiva! Eu odeio esses joguinhos de sedução. (NOT)

Ele me puxou para dentro de casa sem desgrudar o olhos de mim, tirou a bolsa do meu ombro e jogou num sofá, tirou a chave do carro da minha outra mão, jogou junto, desenrolou meu cachecol sem mover os olhos um segundo...eu ainda estava na boca da cobra, completamente hipnotizada e, muito provavelmente, com cara de quem diz: “eu morro de medo de morrer, mas se é você quem vai me matar, por favor, seu moço...mata bem devagar.” Ai como eu sou besta. Eu tenho a cena do cachecol tatuada no cérebro...nunca vou esquecer os olhos dele naquela hora. Um silêncio mortal. Só a dança daqueles olhos - encantador de animaizinhos indefesos.

Assim que o cachecol deu a centésima volta para fora do meu pescoço, ele levantou os cantos da boca num meio sorriso torto, fechou os dois olhos numa piscada longa como se fosse me libertar daquela prisão , inclinou a cabeça em slow motion - ou eu estava completamente inebriada, embriagada e entregue - chegou mais perto de mim e beijou o meu pescoço. Ai ai ai...PAUSA. Deixa eu explicar que você não pode ir beijando o meu pescoço no primeiro encontro. Principalmente se faz uma semana que você não faz a barba. Não pode! Eu sou uma pessoa fácil, entendeu? Eu me controlo, mas determinadas atitudes valem por uma garrafa de vodca, e aí babau. FIM DA PAUSA.

Um beijo no pescoço que fez uma breve passagem pela minha orelha, passeou pelo rosto, e terminou num longo, molhado, lambido, delicioso beijo na boca.

Ai ai...esse era o outro medo. Epic win though. Nada mais a temer. Se todo mundo prestasse atenção no beijo, ninguém teria decepções na cama. Básico. Lição numero 1: um beijo afoito, urgente, com força, igual a sexo afoito, urgente, com força, quiçá com acrobacias e direito a triplo mortal carpado, atletismos, Daine dos Santos e ai que preguiça! Um beijo seco, sem língua, ou pior, língua estranha que parece um bife na sua boca, é igual a... é... não sei, porque na verdade eu nunca me arrisquei a passar de um beijo assim. Eca! Agora... um beijo como esse - lento, mole, molhado, com tempo, um explorando milímetro a milímetro a boca do outro - que hipnotiza e amolece as pernas... isso é igual a sexo bom. Com tempo... com calma... deixa eu perder uma eternidade aqui que tá bem bom... Deixa eu conhecer mais esse pedacinho... Bem, sexo bom pra mim. Sei lá se é bom pra você, mas também se você não gosta assim eu nem quero saber como você gosta. Azar seu!

Foi tudo muito incrível. Tudo muito de verdade. Brincadeira de gente grande, sem se enganar, sem achar que aquilo era pra sempre, mesmo tendo a imensa tentação de deixar o romance ser maior que tudo. Duas pessoas estabanadas que se deixam tomar por uma total falta de controle  quando uma paixão penetra, entrona, metida, que simplesmente não foi convidada pra festinha entrou e comandou a festa assim, do nada; duas pessoas assim, tendem a querer que aquilo dure pra sempre. Tendem a se deixar enganar só um pouquinho, porque seria bom se amanhã de manhã a gente fosse namorado, se saísse de mãos dadas pra algum lugar, e telefonasse pra dar boa noite, e demorasse pra desligar porque ficar longe é ruim. Mas somos como dois alcoólatras habituados à abstinência e a nossa história é vivida assim por horas, por dias, só mais 24 horas porque amanhã não sei. E foi com essa urgência de quem pode morrer amanhã e precisa aproveitar os últimos minutos de vida, segundo por segundo, - mas sem pressa para não ser triste -  que ele fez amor comigo. Não. Eu fiz amor com ele. Não sei, espera... não foi assim. A gente também fez sexo, assim... sexo. Mas fez amorzinho bonitinho. E conversou mais do que eu esperava, e eu esperava muito. Foi lindo, e foi divertido, e foi, sim, romântico, e foi engraçado às vezes, e se tiver que acabar daqui a pouco eu vou morrer de saudade.
Ai.
Doeu.
Fiquei romântica. Pareço triste, até. Mas não... não estou não. Na verdade bem feliz. Outro epic win. Mas eu não vou contar os detalhes sórdidos que você estava esperando. Só vou dizer que algumas coisa que acontecem na vida são VIDA pura. É como se você abrisse um frasco de “vida concentrada” e bebesse inteiro, pra viver um ano em um dia. Uma overdose de milhares de sentimentos e sensações misturadas, uma vida que é só sua. Um ato ao mesmo tempo egoísta ao extremo, do tipo “eu quero essa pessoa pra mim e fim”, e de uma generosidade imensa, porque você quer dividir com essa pessoa cada gole desse extrato mágico concentrado e vê-la bêbada disso ao seu lado. Um presente duplo: a gente abre junto o pacote, ganha esse presente incrível, e nunca mais vai esquecer. Lindo.

Pois é. Foi assim.




Não seja besta! É claro que essa história é ficção. O primeiro que perguntar se é auto-biográfico eu rogo uma praga e vai ficar burro assim pra sempre.

Bom dia flor do dia.


(Rafaela Pedro, viu só? Falhei de novo...cortei pra lareira.)

quarta-feira, julho 30, 2008

Coisas da Vida #7

Lembrança

Eu encontrei a carta que ela escreveu e fiquei triste de dor ao me colocar em seu lugar e entender o vazio enorme que vem da presença dele, tão forte e, ainda assim, inexistente.

"Foi lindo imaginar o dia que você entrou no meu carro e fomos para aquele lago, onde pela primeira vez consegui olhar nos seus olhos e manter os meus ali até me enxergar dentro deles. Ainda posso sentir o resto do vinho no gosto da sua boca. Foi lindo dormir com você ao meu lado, sentir suas mãos, saber de manhã que o seu beijo me acordaria e depois de novo, e de novo, para me mostrar que estou viva. Ainda sinto o frio do lago subindo pelas minhas pernas e o toque do cobertor aquecendo os ombros, enquanto olhávamos as estrelas se despedirem da noite. Ainda tenho seus cabelos entre os dedos, o seu cheiro na minha pele, o calor do seu peito no meu rosto.
E depois, depois de anos, ao ver você de novo, seu perfume, seus olhos, seu jeito incrível, seus gestos, tudo...cada movimento seu me fez sorrir por dentro: as pernas dobradas, o pé no banco do carro, a blusa tirada pela cabeça despenteando o cabelo, o sorriso, os braços, a pele, as mãos...Ah! as suas mãos...e os olhos negros que eu amo...
os olhos negros que eu amo...
os olhos negros que eu amo e não sei encarar.
Mas foi lindo imaginar que eu entraria no seu carro e olharia dentro deles outra vez até me enxergar ali, e você me beijaria. O seu perfume colando outra vez nas minhas mãos...o seu sorriso falando baixo, quase dentro da minha boca, e o seu gosto em mim mais uma vez. A conversa deliciosa, a sua voz, o seu sotaque forte, o lençol bem passado com cheiro de ferro quente, sua pele quente, sua saliva quente, seu suor quente, seu calor...e eu. Nossas pernas se confundindo de novo, o ar da sua boca em meus ouvidos, sua boca no meu corpo, o seu corpo em mim... E agora, depois de tantos anos, eu não sei mais o que é verdade e o que sonhei. Eu tenho seu cheiro aqui, eu sei, eu sinto! Eu sinto o seu gosto, sim! Eu vejo seus olhos que eu amo e eles são negros, como é negro o vazio da incerteza. Eu não quero saber. Não quero que me contem. Me dá sua mão...me deixa ouvir a sua voz...posso deitar no seu peito?...canta de novo pra mim?...me diz que é tudo verdade. Não quero saber que cada segundo das minhas lembranças é só um fragmento do meu delírio.
Traz os seus olhos pra mim..."



Bom dia.

quarta-feira, junho 11, 2008

Coisas da Vida #6


Era muito óbvio que ela não era normal. Tinha um par de olhos brilhantes que, na verdade, brilhavam muito mais do deviam e isso, logicamente, não podia ser normal. Pessoas são felizes, mas são felizes dentro de um limite concebível e não tão descontroladamente que possam andar por aí com os olhos brilhando em todas as ocasiões, como se fosse uma roupa, um brinco, um par de sapatos. Até mesmo um par de sapatos tem a ocasião certa para ser usado.

E de onde então poderia vir aquele brilho? Pois pasmem...dos olhos. Sim, dos próprios olhos e de sua habilidade de enxergar o mundo de uma forma que só ela enxergava. O mundo? Vamos falar a verdade: os habitantes do mundo! Nunca, um só dia da longa existência que lhe foi dada, ela manteve os olhos fixos em uma pessoa só. Nem mesmo no maior amor de sua vida. Seus olhos sempre buscaram outras paisagens, outros olhos, outros corpos para desejar, outras bocas para sonhar. E era esse o brilho aviltante, ultrajante, revoltante, que ela tinha no olhar.

Seus alvos não eram escolhidos com um critério. "Éramos olharmo-nos intacta retina" ... e pronto. Era juntar olhar com olhar, e dependendo de como aqueles olhos brilhavam, a escolha estava feita. O estranho é que nenhuma palavra era dita; nenhum gesto mais óbvio; era aquele olhar e fim, como se impressões digitais se encaixassem, num episódio de CSI. "Você é meu alvo", "Eu quero ser". E dali começava um jogo de sedução nem sempre bem sucedido, mas que sempre alimentou o brilho ousado daqueles olhos incríveis.

Foi assim que ele foi escolhido. Ah, mas como ela quis que tivesse sido ao contrário... Pela primeira vez, ela quis ser a presa hipnotizada, fascinada pelo olhar do predador. Predador menino aquele, que aparentemente não oferecia risco, mas exalava perigo pelos poros da pele morena que cobria o corpo perfeito.
Ali estava ele, exposto sem saber, como a promessa de sonho longo e de castigo cruel. Desejo que não brilha, mas lateja. Uma história sem fim e sem meio, mas cheia de palavras de intenção duvidosa. The ultimate conquer! O mais flamejante dos troféus. Mas não aconteceu. Ela perdeu a batalha, acabou desistindo, seus olhos encontraram outro alvo e fim.

Passaram-se os anos, nem mais uma palavra sobre o troféu flamejante, mas alguns alvos são eternos, ou se invertem, ou a vida gosta mesmo de brincar com as pessoas.
E lá vem ele de novo, com seus poros todos, exibindo no olhar um brilho maior do que o dela.
Já não era mais menino...já tinha outro modo de olhar. E foi assim que ela foi a presa. e ele, o predador. Ela o troféu. Ele o vencedor.
Alguns desejos nunca se vão. Eles só ficam guardados para o dia certo, para a hora exata que chegou.
Ela tinha um par de olhos brilhantes que, na verdade, brilhavam muito mais do deviam. Agora mais.



segunda-feira, agosto 20, 2007

Coisas da Vida #3

A Noite das Conversas Infinitas

Nossa...há quanto tempo ela não ia àquelas festas?
Eram eventos profissionais tão chatos, mas ela conseguia fezer deles sempre um prazer. Ela sempre navegou entre a vida pessoal e a profissional com tranquilidade, misturando as duas, por isso, qualquer festa chata era uma desculpa para reencontrar amigos e dar risada.

Naquela noite, ela estava um pouco triste. A pessoa que ela queria encontrar já havia avisado que estaria acompanhado, o que a irritou profundamente. Por isso, quase deixou de ir à festa, quase cobriu a cabeça com um cobertor e deixou que Morfeu a guiasse até algum lugar melhor. Que nada! Não era assim tão fácil derrubar essa mulher. Ao contrário, tomou um banho de pétalas de rosas, se perfumou e foi encontrar os amigos e ostentar maldosamente sua beleza em frente ao “bofe acompanhado”. Muito bem.

Atrasada como sempre, fez com que muitos olhos do salão se voltassem em sua direção quando o primeiro amigo a viu. Lógico, era sempre um escândalo! Ela é sempre festejada. Assim, atravessou os 30 metros de salão – da porta ao fundo – sendo abraçada e parando a cada passo para falar com alguém. Até o fundo. Até ele.

Ele. Vamos falar dele: Ele era só uma presença constante em salas de reunião. Nunca houve uma conversa mais pessoal, um assunto mais íntimo, nada. Logicamente ela estava muito longe de estar morta ou cega, então já havia notado o quanto ele era interessante. Mas de qualquer forma, era distante a hipótese, e até mesmo a vontade de chegar mais perto.
Estranho…As vezes parece que alguém sempre esteve lá, mas você meio se negava a ver. Um dia, como se o universo decidisse que basta desta sua cegueira estúpida, sinais divinos de neon escandalosos piscantes apontam para a pessoa dizendo: “olha pra cá, sua monga!”
Que saída? Ela teve que olhar.

Parou e deu um "oi" de quem não vê alguém há muito tempo (claro…nunca olhou direito mesmo) e ali ficou. Foram muitas horas. Incontáveis horas de conversas infindáveis, temperadas por alguns olhares vindos do grande público, que os dois não repararam.
Como o som da festa estava alto, os dois falavam perto do ouvido um do outro. Muito perto. Cada frase parecia mais com um beijo no pesoço do que com uma conversa comum. Mas não era uma conversa com alguma intenção assim... Era uma coisa mais sem querer, que aproximava. Que misturava os perfumes, que permitia que o hálito de um se misturasse à bebida do outro.
Poderia ser algo a mais. Poderia, se ele não fosse tão sério e ela tão preocupada, ou se ela não fosse tão séria e ele tão desligado. Poderia ter continuidade se fosse mais cedo, se fosse em outro lugar, se fossem duas outras pessoas. Para eles não foi nada. Nada além da descoberta de uma pessoa boa para conversar. Mas para os outros, foi muito.
Durante muito tempo ela ouviu falar daquela festa. O “bofe acompanhado” nunca conseguiu engolir o fato dela passar tanto tempo ao lado dele, respirando seu hálito, encostada em seu rosto e - segundo o próprio bofe – fazendo a platéia esperar pelo beijo. As mocinhas de plantão passaram a odiá-la escancaradamente. E foram muitos os telefonemas de amigos perguntando o que tinha acontecido ali e se “deu frutos”.
Deu...deu frutos. Já faz anos que eles são amigos. Este tipo de frutos. Há anos ela deixa escapar nas conversas algumas confidências, e ainda sente que ele invade seu “campo de força” às vezes, derrubando barreiras inimagináveis. Há anos ela finge que não sabe que ele vai invadir de novo o "campo de força" e que não percebe que só ela faz confidências e ele mantem a armadura. E, querendo ou não, toda vez que alguém pergunta quem ela acha interessante, o nome dele é um dos primeiros a querer escapar de sua boca.
Sem o perfume, a bebida e o hálito, os dois se provocam às vezes. De longe... à distância segura. Nunca mais chegaram tão perto. Nunca mais ouviram a voz um do outro próxima a boca ou ouvido. Mas ainda assim, de tempos em tempos, ele invade seu território com perguntas ainda menos discretas do que aquela conversa de rosto colado.
E assim foi... sem mais. Sem nada. Nada demais. Muitos anos passaram. Muito mais anos do que a gente costuma contar. E em todos eles ele esteve presente de uma forma ou de outra.

Não foi uma paixão, não foi uma história emocionante. Não foi algo memorável. Só uma "regular story" que ela conta tranquila.

Mas, mesmo sendo assim tão nada, ela nega, mas lembra perfeitamente do perfume misturado à sua bebida.

* o nariz dele não era tão grande.