terça-feira, novembro 27, 2007

Coisas da vida #4

Castelo de Areia


Foi um amor tão imenso aquele que ensinou que a paciência é o prazer da vida, que a espera não é inglória, que o sonho é seu melhor companheiro.
Foi quase divina de tão inexplicável a maneira como ela se apaixonou e fez daquele amor seu tesouro maior. A vida passava com seus altos e baixos e nada podia abalar sua fé em que, um dia, toda a distância seria compensada com a realização do amor que ela guardara. Foram tantos anos. Foram tantas noites de sorrisos eternos. Foram tantos sonhos…
Até um dia.
Até que todos os sonhos se realizaram em uma só noite.
Cada cena imaginada durante todos aqueles anos, cada frase sonhada, tudo…tudo em algumas horas tão inesquecíveis que se apagam rápido da memória numa descrença estranha. “Será que aconteceu mesmo, ou eu sonhei?”
A noite de filme, com pés tocando a areia, abraços ao luar, boa música e bom vinho, boa conversa e confissões, durou pouco mais de 6 horas. Seis horas de beijos perfeitos; a mão grande que segurava seus suspiros por um delicado fio de sonho, finalmente tocando seu corpo; o cheiro que ela nunca esqueceu e a voz. A voz grave que sussurra no ouvido todas as palavras que ela quis ouvir. A delicadeza de um sonho compartilhado, em silêncio, há mais tempo do que o tempo saberia calar. O amor explodindo, a voz, a mão, a voz…depois as letras e as palavras e a saudade que corta e ensina novamente a arte da paciência e do sonho acordado.
Até um dia.
Até que uma frase mal escrita no dia errado trouxe o fim, depois o vazio.
Só restaram perguntas. Seria o amor imenso, o tesouro maior, o sonho eterno, tão frágil que pudesse acabar assim?
Um pequeno mal entedido causaria uma decepção capaz de levar seu coração viciado em amor a apagar todos os anos de contemplação e paciência?
Seria uma frase capaz de derrubar o castelo sagrado erguido com a areia úmida sob a lua cheia?
Seria? Seria esta tristeza poderosa o bastante para apagar a chama e o gosto do vinho para sempre?
Seria. Até um dia.

7 comentários:

Alice Salles disse...

damn it!

Flavia Melissa disse...

não colocou nada a perder, não.
é que quando chega perto demais ele se transforma em quiabo, aperta daqui que escorrega dali.
são de meses em meses que as proximidades acontecem, sabe assim?

Anônimo disse...

Olha Mê...não sei mais o que é sonho e o que é vida real. Cansei de tetnar descobrir por quantas pessoas dentro de uma só a gente se apaixona. Em quem a gente acredita? Qual delas fala a verdade? A gente sabe que só existe uma, aquela que fica dentro do olho da pessoa, aquela que a gente, e só a gente vê. Mas só a gente sabe, mais ninguém.

Anônimo disse...

Sempre leio os textos q vc posta... mas nenhum outro me tocou tão profundamente como esse...
Eu viví essa história, 13 anos de espera pra viver um grande amor, saí de Gyn pra Sp, passei algumas pcas horas ao lado da pessoa e em alguns instante, em algum momento, uma frase mal dita fez com que tudo se caisse diante dos meus pés...
Não sei sabe, mas acho que a vida se repete a todo instante, indiferente das nossas tragédias pessoais...

Agradecida por poder ler aquilo que eu não soube expressar e escrever... Sinto-me aliviada...

Anônimo disse...

"Cansei de tetnar descobrir por quantas pessoas dentro de uma só a gente se apaixona."
Pat...que frase forte!! Talvez ela tenha a resposta dentro da pergunta.

Anônima, é muito bom saber que às vezes, em meio a tantas e tantas palavras, a gente pode trazer alívio para alguém.
Acho que a única coisa ruim deste tipo de história - que é sempre linda e sempre enche a vida e o coração - é o vazio que a ausência do sonho traz. É preciso aprender a viver outra vez, uma vida nova sem ele. Homens deviam ser proibidos de falar ou de tentar entender.

Anônimo disse...

já li algo assim antes, mas é sempre bom ler vc! miss ya!
beijo coração!

Anônimo disse...

Até um próximo encontro????
Esse vazio, é uma saudade imensa que desaparece, até o próximo olhar!!!