Oi Mê,
Faz tanto tempo que a gente não conversa, que estou definhando. Meu blog está às moscas, meu coração está às moscas, eu estou às moscas…Quanto mais as moscas me rondam, mais saudade eu sinto de conversar com você.
Esta noite resolvi olhar para trás e fazer um noves-fora básico entre o que se pensa e a verdade sobre a minha vida amorosa. Você sabe que meus amigos - inclusive você - adoram dizer que eu namorei demais. Acham que eu tive todos os homens que quis, na hora que quis, etc* (Etc* being all the stuff you can imagine) Uma amiga amada e - já falecida - gostava de dizer que existiam três homens para cada mulher na cidade…e algumas estavam solteiras por minha culpa. Pura, maldade!
Não era nada assim.
Eu lembro de rejeições tremendas…
Não sei se conheço alguém que tenha se apaixonado mais vezes do que eu. Essa mania de me apaixonar começou muito cedo, no primeiro grau, com um menino na Escola Pública chamado Flávio. Ele tinha cabelos pretos e os olhos super azuis. Parecia tirado de um conto de fadas. E havia eu…me escondendo atrás das colunas do pátio no recreio para ficar olhando para ele sem ser vista. Na minha cabecinha de criança, a única coisa que passava era: ele nunca vai olhar pra mim…
Depois o amigo bonitinho do meu primo. Era uma paixão arrasadora e silenciosa. Paixão proibida de criança que achava que amigo de primo era primo também, logo uma paixão feia. E mesmo que não fosse, hello !…”ele nunca ia olhar pra mim”.
Mais tarde, os amigos das minha irmã mais velha. Ai como eram lindos…e tocavam violão. Isso devia ser proibido. Eles acabavam a noite sempre fazendo serenata para ela… Minha mãe abria a porta, fazia café, convidava para entrar. E eu? Eu espiando pela fresta da porta, sonhando que um dia a serenata fosse para mim. O que passava pela minha cabeça? “Eles nunca vão olhar pra mim”…
Mais tarde, começaram as festas…e eu sempre perdidamente apaixonada por alguem que “nunca olharia pra mim…”
Apareceu amigo da amiga. Loirinho, olhos claros, lindo! Eu olhava para ele babando, e ele nunca me deu bola de fato. Ou deu…me deu um beijo uma vez, que me deixou sonhando por meses, mas “ele nunca olhou de fato para mim.”
Depois, veio o primeiro grande amor…Ai ai ai…esse foi forte. Um gigante de um metro e noventa e oito, olhos castanhos claros, cabelos e corpo dourados de sol. Durou dos 13 aos 19, com longas interrupções e tentativas sérias de esquecê-lo, mas ele sempre aparecia do nada quando eu achava que estava curada…e lá vamos nós: um beijo roubado, outro escondido, um passeio de moto, um plano para o futuro. Mas na verdade “ele nunca realmente olhou pra mim”…Assim como vinha, ia embora. Eu ouvia falar dele sempre, mas nada dele voltar.
Veio o segundo grande amor, para substituir o primeiro. Longos cabelos dourados, olhos claros, surfista, todo bonitinho…E mais uma rejeição -- Hoje estamos juntos, amanhã não temos nada -- e eu caía de amores por ele. Rejeição histórica: minha amiga linda de olhos azuis (sim, literalmente) foi naquela festa que eu não fui, ficou com ele…eu nunca podia ir a lugar algum, ela podia…resultado: casaram-se. Hoje já não estão juntos…mas sim, eu entreguei meu segundo amor nas mãos da minha amiga bonita.
E veio o namorado. Chega de sofrer! Eu tinha quase 16 anos, o menino gostava de mim, me achava maravilhosa, sonhava comigo todos os dias…e eu estava sofrendo de rejeição eterna a mais tempo do que podia aguentar. Me achava gorda, desinteressante, feia, boba. Coitada. Adolescência dói!
Namorei o menino por quase dois anos. Os olhos compridos vigiavam o outro e sua namorada linda, mas eu me convenci de que amava o namorado - isso doía bem menos. Aos 17, fim de namoro, reencontros com o primeiro amor, etc… Os 18 anos chegaram. Eu me formei no segundo grau, fui trabalhar e passei a ser olhada com outros olhos. Muito mais segura do que deveria, namorei quem quis, fui paquerada por quem mataria as outras de inveja, me sentia linda, forte, poderosa, ai ai ai…E era. Mas ainda bobinha, levava uns sustos quando alguns caras “famosos” no mercado baixavam em mim. Ainda achava meu caminhãozinho pequeno demais para a areia deles…e não era. Ao contrário. Essa foi a época que eu me rejeitava.
E o tempo passou… Namorei um colega de trabalho pra quem eu olhava e pensava “ele nunca vai olhar pra mim”. Conquistei a criança, namorei mais de dois anos e terminei…namorei mais, terminei mais, e lá vem outra paixão. Mais uma vez, os cabelos loiros e longos, os olhos claros, o corpo sarado, o figurino cool…e eu?…eu espiando de longe e morrendo de medo que “ele nunca olhasse para mim.” Ele olhou um pouco…bem pouco. Bem menos do que eu queria. Ele queria. Eu sei, porque ele disse. Mas não podia, e eu não sabia porque. Até hoje não sei. Doeu muito…e por auto-defesa eu prometi não me apaixonar nunca mais. Me tranquei em casa e me coloquei de castigo. Não saí mais, não namorei mais, engordei, cortei as longas madeixas…me deixei apodrecer por um tempo. Fiz amigos. Só amigos.
Depois do castigo vieram mais paixões impossíveis, porque nunca mais não existe, e mais rejeições…parece que a minha vida é uma longa história de amores loucos e platônicos! Havia sempre um loiro de olhos claros perseguindo meus sonhos. Todos lindos. Todos poetas…todos inatingíveis. E eu nunca fui enough for them. Dammit!
Depois tudo mudou. Parece que o mundo gosta de provar que é redondo e foi trazendo de volta alguns amores. Era outra a maldição agora: a saga da única noite de emoções incríveis. Lindas cenas de final de filme. Reencontros inesquecíveis com pessoas que eu jurava que nunca me quiseram ou olharam pra mim. Noites de conversas alegres e confissões apaixonadas…beijos tórridos, amor enlouquecido…A frase maldita: “Eu sempre te pus num pedestal”. E adeus!
Meus amores eternos partiram para sempre, um por um. Todos dizendo que me amavam demais. Mal sabem eles como eu gostaria que me amassem menos e fossem mais reais.
Parecia que a vida precisava me presentear com estes reencontros para me fazer vingada ou aliviada. Para que as feridas fossem curadas e as dores sanadas. O amigo do primo apareceu vinte e dois anos depois para dizer que sempre me amou…depois morreu deixando na minha boca o gosto da mais amarga despedida. O segundo amor disse que achava que eu jamais me casaria com ele, por isso ficou com a outra, e teve um casamento tempestuoso, com bons frutos e péssimas lembranças. Um por um, veio para contar o que eu não sabia e se foi.
O fato é que de toda a vida farta de amores que eu tive, sobrou um medo enorme: o pavor da rejeição.
Eu achei que tinha superado tudo isso, quando o tempo martelou minha testa e a vida resolveu me dar outro daqueles presentes de grego: um homem (sim, claro, de cabelos e pele dourada e olhos muito muito claros, alto como uma torre, lindo como se fosse meu) guardado no canto da memória e na parte mais escusa do meu coração por uma eternidade, ele ressurgiu das cinzas para, finalmente, mostrar que vale a pena esperar. Ele havia sido outra daquelas paixões impossíveis e arrasadoras que de repente caem no limbo e desaparecem como se nunca tivessem existido. Uma lembrança boa…um sorriso inesquecível…um abraço para sonhar de tempos em tempos. E lá veio ele… depois de tantos anos, como se o tempo tivesse esquecido de passar. Sentou-se à minha frente com aquele olhar “intra-venoso” que vira do avesso e esquenta a alma, de dentro para fora… Colocou minha mão em seu rosto e perguntou: “O que te fez demorar tanto?” como se eu fosse a culpada de tudo…como se ele tivesse passado todos estes anos pensando em mim. Disse que sim. Disse que enlouqueceu com a minha ausência. Disse que nunca entendeu porque eu não liguei…Disse que me ama! De todas as cenas de final de filme, esta foi a mais forte. Um reencontro mágico…Meu coração se encheu de alegria e esperança…vivi um conto de fadas – sem nenhum exagero – com um homem de sonhos, numa noite de sonhos. Tudo perfeito. Tudo para sempre.
E acabou. Mais uma vez, amiga,o sonho se foi. E eu?…eu fiquei mais uma vez sonhando sozinha e me perguntado por que. Por que tem sempre que ser assim? Eu sou Ella, conhece? Aquella que vive histórias que todo mundo sempre quis viver mas não vai conseguir. Mas tudo o que eu queria, TUDO mesmo, é que minhas histórias lindas não tivessem fim. Ou pelo menos, que não parecessem sempre esperar por uma chance de lançar a sequência : “Ella Se apaixona” , “ Ella 2 - A Rejeição” , “ Ella 3 - O Retorno” , “Ella 4 - A Morte Súbita.”
Eu sei o que você vai dizer, Me. O que você sempre diz: “Ella, você reclama de barriga cheia…” Não diz isso dessa vez, please. Eu ainda estou machucada.
Eu adoro quando eles voltam…mas acho mórbido voltar só para ir embora novamente.
To sofrendo, amiga…Socorro!
Um beijo com muita saudade
Your friend always,
Ella Spotlessmind
6 comentários:
adoro esses mono-dia-logos de dias longos e dissociados que mais parecem não ter fim.
adoro mentes cindidas, metade que pensa, outra que sente, adoro personalidades esquizóides que enxergam o mundo/fatos/atos dessa forma delirante-light.
adoro lembranças do passado que fazem a gente compreender mais do presente e se preparar pro futuro, por mais que o passado seja muito mais presente do que a iminência de um futuro.
adoro...
... adoro...
... adoro!
"tudo o que quero é poder viajar pr'outro verso, disperso, me despeço..."
beijos
Eu quero escrever. Mas nao consigo.
Estou pensando mil coisas desse post, de mim, da Ella e da Mercedes, mas hoje nao estou pra escrever, nem no meu blog consegui.
Só pra dizer que mexeu, mexeu aqui
Ai ai!!!Quantos suspiros!!!
Ella ainda teve coragem pra viver todos seus amores.E quem não tem???
Beijoooo
Nossa!
Confesso q demorei pra ler tudo! haha
Mas então, realmente, estar sempre apaixonada é questão crucial para que Alice exista. A Alice é feita de paixão porque paixão pra mim é aquele desejo intenso de viver EM alguém... eternamente, mesmo que o eterno dure pouco...
Enfim! Adorei esse desabafo da Srta.Ella...
E Moça Mercedes, sobre o comentário q vc colocou no meu blog:
EU AMO LINHAS! HAHAHAHAHHAHAHA
DEMAIS! hahahaha
Sou insana né?
Beijos!
wow! lovit! simply lovit!!!
...na verdade nunca deixei de freqüentar o 3a. porta (embora não tenha o link direto ele está em "meus favoritos") e se não faço visitas diárias elas ocorrem na mesma freqüência com que visito outros blogs mas, por motivos que só ella pode saber (e sabe hehehe) apenas deixei de comentar por lá, que é um lugar onde vou desde o "nascimento" e... ahahaha enough said...
adoro aqui, adoro lá
besitos (pr'as duas!)
m.
p.s. ella, ella, cyberella, você é que diminuiu a freqüência dos posts e, ...reclama de barriga cheia sim AHAHAHAH
eu gosto muito da ella...
"mas acho mórbido voltar só para ir embora novamente."
essa ardeu aqui...
bjo me!
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