Depois de quarenta dias de dilúvio, o dia amanheceu lindo. Eu, que fui dormir às quatro - já que meu relógio biológico diz que se estou sozinha na cama não posso dormir - levantei às dez, coloquei um biquíni e "UEBA! Vou torrar no sol."
Mentira... sentei na frente desta tela que vos fala para fazer um pagamentozinho.
Ora, ora, ora, senhoras e senhores... pagamentozinho é coisa que não existe. Basta digitar a senha de 6 dígitos para descobrir muito mais a fazer na desgraça do bankline.
E assim fui eu, de biquíni, rabo de cavalo e havaiana, resolver todas as engronhas e pendengas e, meu deus! Alguém avisa pra vida que eu odeio ser adulta?
Os quarenta dias de dilúvio me fazem pensar no inevitável fim do mundo. Do meu mundo.
O meu mundo é sequinho... ou deveria ser. Meus hábitos são os de um ser humano vivente no sudeste do Brasil na primeira década do milênio, que anda de carro, pisa em terra firme e não convive com restrições do tipo alarme de furacão. Não VIVIA!
A única coisa que falta são os alarmes, porque tempestades daquelas que a gente só via nos filmes do Flipper ou no Discovery Channel, agora são a nossa realidade... só sem os abrigos.
E eu estou ficando velha e louca (ta. louca eu sempre fui) porque, sem querer, me pego fazendo planos de sobrevivência. "Vou trazer cobertores, lanterna, um galão de água mineral e comida para o andar de cima. Mas e fogão? Não posso comprar um fogão senão vão descobrir que eu sou louca..." "eu devia deixar dinheiro vivo em casa... vai que inundam todos os Bancos 24h da cidade... se faltar luz não tem como tirar dinheiro com cartão. Preciso de um jipe." E por aí vai... e nem vou contar até onde vai ou vou ser interditada para sempre.
O lago ao lado da minha casa já conversa comigo. Fico em estado de alerta quando ele fala mais alto. Dá para escutar o chiado furioso dele jogando a água que sobra, no rio Tietê que também fica furioso quando chove demais. Ele fica de mal humor, eu fico apavorada. Ele fica calminho, eu durmo sossegada. Durmo sossegada e sonho com a minha casa nova lá no alto do morro, longe de qualquer riacho, córrego, cachoeirinha, olho d'água, whatever.
De quem foi a idéia de construir uma metrópole na beira de dois rios? Que falta de visão de futuro meu deus do céu. Pensou o que? Que ia ter engenheiro alemão trabalhando na prefeitura?
São Paulo é totalmente portuguesa! Basta ver que a saída das pontes das marginais é ANTES da entrada. Aí a gente vê na TV "160 quilômetros de lentidão na cidade de São Paulo". Claro! Fica tudo embolado na saída das pontes... inverte a entrada e a lentidão não vai passar de 30 quilômetros, em horário de rush.
Mas deus me fez loira, publicitária e escritora... não adianta querer dar palpite em urbanização, encanamento, instalação elétrica, telefonia, internet, logística, nada. Sempre tem alguém para me olhar com cara de "quem você pensa que é, sua....loira?!" Só a Sabesp que resolveu a cachoeira de cocô da minha garagem, porque o engenheiro me escutou.
Anyway... fora o mundo externo que acaba a olhos vistos, tem o meu mundo interno que está tão voltado para a vida prática que anda vazio de sentimentos que me inspirem a escrever.
Só me resta fazer meu kit de sobrevivência e mudar para o andar de cima da casa.
Estou tentando... juro que estou.
Volto logo.
Prometo.
7 comentários:
rsrsrsrs....adorei o post desabafo!vpiccoli
Ai Mê, morar no alto é um alívio. alto e seguro, sem risco de desbarrancar então é melhor ainda!
A-DO-REI TB....
Já morei em Sampa e, embora nunca tenha passado por algo parecido com essa maluquice de hoje. O máximo foram algumas noites em que tive que dormir na casa de amigos e amigas por não conseguir atravessar o Tietê. Apesar de todo o drama pessoal, uma delícia esse seu post, loira :-)
dependendo de onde é este alto....o rio tambem passa perto!...vc sabe....nao to querendo te contrariar....
Na na não...passa Beeeeem longe. :)
Me
rs...
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