Dia estranho.
Acordei chateada sem saber por que, cancelei o treino, fui tomar café de cara amarrada, abri o Twitter e tive vontade de xingar uns três ou quatro, não tive paciência para folhear o jornal, não sorri. Mal sinal.
Dirigi, para resolver um problema bem longe, por uma estrada que me fez lembrar como eu gosto de dirigir. Espera! Se eu gosto de dirigir, por que eu não tenho saído de casa?
Eu tenho total consciência de que as melhores histórias que eu escrevi saíram de dentro do meu carro, com música alta e a cabeça nas núvens. Nenhuma aconteceu sentada em frente ao computador. Sério...NEM-UMA. Aí eu páro e descubro que não escrevo mais...então faz as contas: se eu não saio eu não dirijo, se eu não dirijo eu não escrevo. Descobri a pólvora.
Até aí está tudo bem, mas e o motivo? Por que eu não saio? Não saio porque digo para mim mesma que preciso escrever. Ah...sei. Mas se não saio não escrevo, então me explica? Eu não saio porque resolvi parar de escrever?
Nessa linha de raciocínio tudo fica mais complicado. Por que eu não escrevo? Por que eu engordei? Por que eu empurro tudo com a barriga? Por que eu não voltei no médico? Por que eu parei de treinar? Por que eu não vou na produtora? Por que eu não vejo meus amigos? Por que eu não vou para Curitiba? Por que eu não vou ao cinema? Por que eu não fui ao casamento da filha da minha amiga em Los Angeles? Por que eu não pego aquele avião na sexta-feira e vou com o meu marido para onde ele vai? Por que eu não vou ao shopping? Por que ainda não troquei as coisas que comprei no Natal? Por que, por que, por que?
Auto-sabotagem.
Hoje de manhã quando eu estava no carro e o Black Crows estava berrando, eu olhei a hora no painel do carro: "23-02-2010 11:20am".
O que? VINTE E TRÊS DE FEVEREIRO DE DOIS MIL E DEZ? Como isso aconteceu? Faz um ano e um mês que o meu pai faleceu? Faz um ano que eu não escrevo? Faz um ano que abandonei meu livro, meus roteiros, meus interesses, meu corpo, minha pele? Pra que?
Abandonar a mim mesma não vai trazê-lo de volta! Eu sei disso. É muito óbvio...muito. Mas eu não consigo descobrir onde ir buscar o que eu preciso para retomar a vida e encontrar os quatrocentos e poucos dias que já se foram. Eu tenho pressa, mas não tenho força.
Não sei o que dizer...é estúpido, é tão estúpido. Eu, a rainha de jogar bóias para salvar todo mundo, não consigo encontrar meu bote salva-vidas. Estou à deriva nesse laguinho que não há de ser tão imenso, mas que parece um oceano sem fim.
Preciso encontrar o norte.
Hoje.
Acordei chateada sem saber por que, cancelei o treino, fui tomar café de cara amarrada, abri o Twitter e tive vontade de xingar uns três ou quatro, não tive paciência para folhear o jornal, não sorri. Mal sinal.
Dirigi, para resolver um problema bem longe, por uma estrada que me fez lembrar como eu gosto de dirigir. Espera! Se eu gosto de dirigir, por que eu não tenho saído de casa?
Eu tenho total consciência de que as melhores histórias que eu escrevi saíram de dentro do meu carro, com música alta e a cabeça nas núvens. Nenhuma aconteceu sentada em frente ao computador. Sério...NEM-UMA. Aí eu páro e descubro que não escrevo mais...então faz as contas: se eu não saio eu não dirijo, se eu não dirijo eu não escrevo. Descobri a pólvora.
Até aí está tudo bem, mas e o motivo? Por que eu não saio? Não saio porque digo para mim mesma que preciso escrever. Ah...sei. Mas se não saio não escrevo, então me explica? Eu não saio porque resolvi parar de escrever?
Nessa linha de raciocínio tudo fica mais complicado. Por que eu não escrevo? Por que eu engordei? Por que eu empurro tudo com a barriga? Por que eu não voltei no médico? Por que eu parei de treinar? Por que eu não vou na produtora? Por que eu não vejo meus amigos? Por que eu não vou para Curitiba? Por que eu não vou ao cinema? Por que eu não fui ao casamento da filha da minha amiga em Los Angeles? Por que eu não pego aquele avião na sexta-feira e vou com o meu marido para onde ele vai? Por que eu não vou ao shopping? Por que ainda não troquei as coisas que comprei no Natal? Por que, por que, por que?
Auto-sabotagem.
Hoje de manhã quando eu estava no carro e o Black Crows estava berrando, eu olhei a hora no painel do carro: "23-02-2010 11:20am".
O que? VINTE E TRÊS DE FEVEREIRO DE DOIS MIL E DEZ? Como isso aconteceu? Faz um ano e um mês que o meu pai faleceu? Faz um ano que eu não escrevo? Faz um ano que abandonei meu livro, meus roteiros, meus interesses, meu corpo, minha pele? Pra que?
Abandonar a mim mesma não vai trazê-lo de volta! Eu sei disso. É muito óbvio...muito. Mas eu não consigo descobrir onde ir buscar o que eu preciso para retomar a vida e encontrar os quatrocentos e poucos dias que já se foram. Eu tenho pressa, mas não tenho força.
Não sei o que dizer...é estúpido, é tão estúpido. Eu, a rainha de jogar bóias para salvar todo mundo, não consigo encontrar meu bote salva-vidas. Estou à deriva nesse laguinho que não há de ser tão imenso, mas que parece um oceano sem fim.
Preciso encontrar o norte.
Hoje.