Fui me deitar as 3 da manhã por pura obrigação mas sem sono. Milagrosamente dormi até as 5:30 quando o despertador do Claudio tocou avisando que ele tinha que ir para a locação. Acabei levantando, fazendo uma vitamina pra ele, ajudando em coisas que ele não pediu e ele se foi. Eu não gosto quando ele não vai sorrindo. Queria que ele pudesse sorrir 24 - 7, mas ele diz que nem tudo na vida é o meu mundo cor-de-rosa. Que droga! Por que não? Se não para o resto do mundo, porque não para as pessoas que eu amo? Simplesmente não consigo fingir que não vejo, então faço vitamina de papaia, que é quase cor-de-rosa, abraço forte, me penduro, e beijo cor-de-rosamente sua boca de papaia, como se isso mudasse a cor do seu sorriso.
Voltei para a cama achando que dormiria até as 9 sem interrupções. A manhã ainda era noite, por isso fresca. Entrava um vento gostoso pela janela do meu quarto, o ventilador de teto e um edredon gelado...meus 350 travesseiros fazendo o contorno perfeito para que qualquer posição seja um convite aos sonhos....e eu acordada.
O relógio gritava histérico a cada dois minutos tentando me convencer a fechar os olhos, mas meu cérebro não pode parar. Uma retrospectiva dos últimos meses, uma visita aos próximos anos, tentativas de entender minhas ações e meus sentimentos. Escuto a voz da minha mãe dizendo sua palavra preferida: "Analisemos...analisemos..."
Fui tão longe enquanto o relógio tentava segurar o ponteiro dos segundos como Hiro Nakamura; fiz contas, quantos anos, quantos meses, quantos dias, quantas contas, quanto é justo, quanto, quanto, quanto... Lembrei de pessoas, lembrei de coisas e meu cérebro estriquinado como se eu cheirasse, parecia um letreiro de aeroporto mudando os vôos e os nomes das cidades....no meu caso, mudando o nome das pessoas, os assuntos pendentes, as vontades e frustrações.
Entre um tic e um tac, meu amado Chris Isaak veio cantar pra mim.
- Hey...o que você está fazend na minha cabeça?
- Você me chamou.
- Foi só um pensamento. Essa música não sai da minha cabeça.
- Só a música?
- Uma música nunca está sozinha...
- Behave. - Ele responde como sempre e vai embora mas esquece de levar a música que continua gritando: "I never dreamed that I'd meet somebody like you..."
Ao som da voz nova do Chris outras pessoas vêm me visitar. Nem todas foram convidadas, nem todas eu queria ver. Algumas aparecem e dizem só uma palavra, outras sorriem para me lembrar que eu deixei alguma coisa para trás. Eu deixei muita coisa para trás...só queria saber onde foi que eu ME deixei. Eu procrastino...I procrastinate...je empurré la vie com la barrigue e em noites de insônia a vida vem me pegar! E as frases - minhas e de outros - que martelam minha cabeça numa total e nonsense desordem:
"I don't want my experiences in blogs. They are not yours!"
"There's no substitute for enthusiasm, no substitute, no substitute, dammit."
"I wish I had Mark Zupan's strength"
"Imagination! imagination! Is it really more important than knowledge? I'd like to be wiser, Mr. Einstein...my imagination kills me somehow"
"Evolution is an imperfect and often violent process"
"I'm tangled in my blanket of clouds, dreaming aloud"
"Read my soul, not my words!"
"My name is Dito Montiel and I'm gonna leave everyone in this film"
"Passing hearts, passing hearts...so sad"
"I don't know how to play this game of yours"
"Remember, remember, the 5th of november..."
"in the heart, not in this land or that. Lasting victories are won IN THE HEART"
"I don't miss those days, I miss you!"
"Send god, don't send Jesus...this ain't no place for children"
Esquizofrênica assim....meu cérebro pensa o tempo todo em duas línguas. Alguns pensamentos não se processam em português, alguns sentimentos...não. Nenhum. Eu sempre fui maluca, sempre tive amores imaginários, aprendi inglês sonhando - tanto dormindo quanto acordada - desde pequena sabia que se havia uma única coisa que eu realmente precisava fazer na vida, era ser fluente em inglês. Mas minha preguiça de estudar sempre foi maior do que eu, então algo quase sobrenatural me fez aprender, do nada. Desde então meu cérebro não distingue uma língua da outra, mas sim um sentimento do outro, usando o português para o que é lógico e o inglês para o que não é. Já me pediram para cortar o "anglicismo" - blegh! palavra pseudo-antipática - Isso seria auto-mutilação.
"I need to sleep. I need to sleep. I need to sleep"
Outubro foi um mês estranho, e talvez neste último dia eu precisasse catar feijões, separar o bom do ruim, ver se ainda sobrou algo bom para guardar. Outubro provocou mudanças para as quais eu nunca me preparei. Um ponto final. Não reticências. Um grande e redondo ponto final numa sensação antiga de futuro suave. Futuro companheiro de todas as horas, futuro que preenchia o coração em dias vazios. Um ponto final que alivia e pesa como o peso do vácuo.
"It's empty out there" é a outra voz que escuto enquanto enfio a cabeça no travesseiro. Eu quero dormir!
- Nighty night, Miss Mercedes.
- Sing to me, Christopher.
Voltei para a cama achando que dormiria até as 9 sem interrupções. A manhã ainda era noite, por isso fresca. Entrava um vento gostoso pela janela do meu quarto, o ventilador de teto e um edredon gelado...meus 350 travesseiros fazendo o contorno perfeito para que qualquer posição seja um convite aos sonhos....e eu acordada.
O relógio gritava histérico a cada dois minutos tentando me convencer a fechar os olhos, mas meu cérebro não pode parar. Uma retrospectiva dos últimos meses, uma visita aos próximos anos, tentativas de entender minhas ações e meus sentimentos. Escuto a voz da minha mãe dizendo sua palavra preferida: "Analisemos...analisemos..."
Fui tão longe enquanto o relógio tentava segurar o ponteiro dos segundos como Hiro Nakamura; fiz contas, quantos anos, quantos meses, quantos dias, quantas contas, quanto é justo, quanto, quanto, quanto... Lembrei de pessoas, lembrei de coisas e meu cérebro estriquinado como se eu cheirasse, parecia um letreiro de aeroporto mudando os vôos e os nomes das cidades....no meu caso, mudando o nome das pessoas, os assuntos pendentes, as vontades e frustrações.
Entre um tic e um tac, meu amado Chris Isaak veio cantar pra mim.
- Hey...o que você está fazend na minha cabeça?
- Você me chamou.
- Foi só um pensamento. Essa música não sai da minha cabeça.
- Só a música?
- Uma música nunca está sozinha...
- Behave. - Ele responde como sempre e vai embora mas esquece de levar a música que continua gritando: "I never dreamed that I'd meet somebody like you..."
Ao som da voz nova do Chris outras pessoas vêm me visitar. Nem todas foram convidadas, nem todas eu queria ver. Algumas aparecem e dizem só uma palavra, outras sorriem para me lembrar que eu deixei alguma coisa para trás. Eu deixei muita coisa para trás...só queria saber onde foi que eu ME deixei. Eu procrastino...I procrastinate...je empurré la vie com la barrigue e em noites de insônia a vida vem me pegar! E as frases - minhas e de outros - que martelam minha cabeça numa total e nonsense desordem:
"I don't want my experiences in blogs. They are not yours!"
"There's no substitute for enthusiasm, no substitute, no substitute, dammit."
"I wish I had Mark Zupan's strength"
"Imagination! imagination! Is it really more important than knowledge? I'd like to be wiser, Mr. Einstein...my imagination kills me somehow"
"Evolution is an imperfect and often violent process"
"I'm tangled in my blanket of clouds, dreaming aloud"
"Read my soul, not my words!"
"My name is Dito Montiel and I'm gonna leave everyone in this film"
"Passing hearts, passing hearts...so sad"
"I don't know how to play this game of yours"
"Remember, remember, the 5th of november..."
"in the heart, not in this land or that. Lasting victories are won IN THE HEART"
"I don't miss those days, I miss you!"
"Send god, don't send Jesus...this ain't no place for children"
Esquizofrênica assim....meu cérebro pensa o tempo todo em duas línguas. Alguns pensamentos não se processam em português, alguns sentimentos...não. Nenhum. Eu sempre fui maluca, sempre tive amores imaginários, aprendi inglês sonhando - tanto dormindo quanto acordada - desde pequena sabia que se havia uma única coisa que eu realmente precisava fazer na vida, era ser fluente em inglês. Mas minha preguiça de estudar sempre foi maior do que eu, então algo quase sobrenatural me fez aprender, do nada. Desde então meu cérebro não distingue uma língua da outra, mas sim um sentimento do outro, usando o português para o que é lógico e o inglês para o que não é. Já me pediram para cortar o "anglicismo" - blegh! palavra pseudo-antipática - Isso seria auto-mutilação.
"I need to sleep. I need to sleep. I need to sleep"
Outubro foi um mês estranho, e talvez neste último dia eu precisasse catar feijões, separar o bom do ruim, ver se ainda sobrou algo bom para guardar. Outubro provocou mudanças para as quais eu nunca me preparei. Um ponto final. Não reticências. Um grande e redondo ponto final numa sensação antiga de futuro suave. Futuro companheiro de todas as horas, futuro que preenchia o coração em dias vazios. Um ponto final que alivia e pesa como o peso do vácuo.
"It's empty out there" é a outra voz que escuto enquanto enfio a cabeça no travesseiro. Eu quero dormir!
- Nighty night, Miss Mercedes.
- Sing to me, Christopher.