Eu tinha 16 anos e rezava todas as noites. Nas minha orações eu pedia, entre outras coisas, que um dia eu conseguisse amar mais do que ser amada.
Fui medrosa desde pequena. Medo de elevador, medo de altura, medo da violência física, medo de leões soltos na rua*. Mas nada me assombrou mais do que o pavor de nunca amar de verdade.
Meu outro medo era o tempo. A incapacidade de planejar. E se o o futuro chegasse e eu simplesmente não tivesse planejado nada para ele? E se eu não fosse capaz de esperar o futuro? E se todas as coisas durassem só dois anos, ou um, ou seis meses? Que tipo de pessoa eu seria se passasse a vida a reciclar e trocar de situação, de emprego, de namorado, de marido, de verdades, de vontades? "Será que um dia eu consigo resolver os meus dois medos de um vez só? Amar demais e por muito tempo?"
E quanto tempo dura uma dor? E uma saudade? E uma vontade maior que o mundo? Será que além de não ser capaz de amar como eu gostaria, eu ainda seria fadada a não sentir nada que fosse duradouro, fosse amor ou saudade?
Hoje arrumei meus armários. Do meio de uma confusão incrível caiu um papel. Eram vários na verdade. Quatro folhas com oito páginas do xerox de um livro: "Seu Futuro Astrológico". A parte xerocada era “A Mulher de Balança”. Atrás da última página tem alguns gráficos do “Livro do Destino” (que eu não sei onde anda) feitos à mão e datados de 10/06/88. Wow! Dezenove anos.
Eu reli o texto que destrincha a mulher de Libra. Algumas linhas estão sublinhadas, outras tinham uma observação com caneta vermelha dizendo: ERRADO!
Céus, não estava errado! Talvez estivesse para aquela libriana de 27 anos, mas não está para esta, de 45. Os óculos que a gente usa mudam as lentes, automaticamente, conforme o tempo passa. Há todo um novo jeito de ver a vida e a si mesmo. E é um jeito tão mais tranquilo, que me dá pena ver uma multidão de aflitos gritando pelos motivos errados. “Muda os óculos!” é o que me dá vontade de dizer. Mas é preciso deixar a aflição deles com eles, para que mereçam as novas lentes.
Lá pelas tantas, o texto diz: As mulheres de Libra que procuram astrólogos têm uma pergunta em comum. “Quando encontrarei alguém que eu realmente ame?” Então, talvez meu antigo medo não fosse uma coisa só minha. Talvez seja o mal que aflige às librianas. Talvez todas elas, como eu, mal podem esperar pelo momento de se dedicar, administrar e cuidar de alguém, com a alma e o corpo inteiros. Aparentemente uma aflição tão besta…mas não é (esperem pelos 45 anos e me contem).
Incrível como eu divago…Não era nada disso que eu queria dizer. Era que meus medos eram bobagem. Eu descobri que sou capaz de tudo o que eu temia não ser.
Existem esperas que são eternas. Enormes. Monstruosas. But you know what? Foi há um instante. Há poucos minutos. Assim, ontem, que a espera começou. E eu, que me julgava incapaz de esperar ou de manter uma convicção, espero tranquila, como se o banco desta praça fosse o mais confortável. E tenho tempo. Tenho muito tempo. A vida urge e eu sigo com ela, mas o banco da minha praça me acompanha onde quer que eu vá, mesmo que eu não queira. E quanto a ser capaz de amar muito absurdamente demais? Calma libriana…você vai encontrar isso no caminho mais vezes do que gostaria. E dure o que durar – que vai ser bastante – este amor será maior do que tudo o que você pode ter pedido.
*Leões soltos na rua - o meu pesadelo recorrente durante toda a infância.
Morning, sunshine.
Fui medrosa desde pequena. Medo de elevador, medo de altura, medo da violência física, medo de leões soltos na rua*. Mas nada me assombrou mais do que o pavor de nunca amar de verdade.
Meu outro medo era o tempo. A incapacidade de planejar. E se o o futuro chegasse e eu simplesmente não tivesse planejado nada para ele? E se eu não fosse capaz de esperar o futuro? E se todas as coisas durassem só dois anos, ou um, ou seis meses? Que tipo de pessoa eu seria se passasse a vida a reciclar e trocar de situação, de emprego, de namorado, de marido, de verdades, de vontades? "Será que um dia eu consigo resolver os meus dois medos de um vez só? Amar demais e por muito tempo?"
E quanto tempo dura uma dor? E uma saudade? E uma vontade maior que o mundo? Será que além de não ser capaz de amar como eu gostaria, eu ainda seria fadada a não sentir nada que fosse duradouro, fosse amor ou saudade?
Hoje arrumei meus armários. Do meio de uma confusão incrível caiu um papel. Eram vários na verdade. Quatro folhas com oito páginas do xerox de um livro: "Seu Futuro Astrológico". A parte xerocada era “A Mulher de Balança”. Atrás da última página tem alguns gráficos do “Livro do Destino” (que eu não sei onde anda) feitos à mão e datados de 10/06/88. Wow! Dezenove anos.
Eu reli o texto que destrincha a mulher de Libra. Algumas linhas estão sublinhadas, outras tinham uma observação com caneta vermelha dizendo: ERRADO!
Céus, não estava errado! Talvez estivesse para aquela libriana de 27 anos, mas não está para esta, de 45. Os óculos que a gente usa mudam as lentes, automaticamente, conforme o tempo passa. Há todo um novo jeito de ver a vida e a si mesmo. E é um jeito tão mais tranquilo, que me dá pena ver uma multidão de aflitos gritando pelos motivos errados. “Muda os óculos!” é o que me dá vontade de dizer. Mas é preciso deixar a aflição deles com eles, para que mereçam as novas lentes.
Lá pelas tantas, o texto diz: As mulheres de Libra que procuram astrólogos têm uma pergunta em comum. “Quando encontrarei alguém que eu realmente ame?” Então, talvez meu antigo medo não fosse uma coisa só minha. Talvez seja o mal que aflige às librianas. Talvez todas elas, como eu, mal podem esperar pelo momento de se dedicar, administrar e cuidar de alguém, com a alma e o corpo inteiros. Aparentemente uma aflição tão besta…mas não é (esperem pelos 45 anos e me contem).
Incrível como eu divago…Não era nada disso que eu queria dizer. Era que meus medos eram bobagem. Eu descobri que sou capaz de tudo o que eu temia não ser.
Existem esperas que são eternas. Enormes. Monstruosas. But you know what? Foi há um instante. Há poucos minutos. Assim, ontem, que a espera começou. E eu, que me julgava incapaz de esperar ou de manter uma convicção, espero tranquila, como se o banco desta praça fosse o mais confortável. E tenho tempo. Tenho muito tempo. A vida urge e eu sigo com ela, mas o banco da minha praça me acompanha onde quer que eu vá, mesmo que eu não queira. E quanto a ser capaz de amar muito absurdamente demais? Calma libriana…você vai encontrar isso no caminho mais vezes do que gostaria. E dure o que durar – que vai ser bastante – este amor será maior do que tudo o que você pode ter pedido.
*Leões soltos na rua - o meu pesadelo recorrente durante toda a infância.
Morning, sunshine.
8 comentários:
Aw...
Morning sunshine...
Vou, após ler esse texto, abraçar meus medos pq te vendo agora, quem você é e a mulher incrível que você se tornou tenho cada vez mais fé nessa coisa que a gente chama de ser-humano...
Beijos
Não tinha medo de nada com 16 anos!!!Parecia mandar no mundo sempre e tudo que muito queria se tornava realidade.
Depois de uma certa idade muitos medos apareceram, mas não deixo que eles tomem conta da minha alma...sempre tem um anjo por perto pra me ajudar.
Beijooooo
Mercedes,
se eu fosse votar nas mulheres mais incríveis do mundo, você estaria certamente entre as 5.
adorei a foto... aquela cara de que está prestes a fazer alguma coisa errada ein, libriana!
hey me, to meio empepinada por aqui mas q td se resolva bem viu? nem respondi mais a msg naquele domingo q tu tava aqui pq apertou o serviço aí qd acalmou ja tava tardao pra responder...
ah, adorei aquele texto de explodir as pessoas hehehehhe tipo fogos de artificio da disney, era bem o q eu queria! beijo beibe!
medos, todas temos.
medo da vida, do futuro, mas isso, quando somos mais novinhas!!
hoje com 52, não tenho medo de quase nada, e to saindo pro mundo, pois o único medo que agora tenho, é se vou ter tempo pra viver tudo o que tenho direito!!
lindo o que escreveu!
Tô aqui só pra dizer que morro de saudade de ti. Fazia tempo que não aparecia por aqui, li lá em baixo o texto do aniversário do Diogo, lindo demais. Beijo enorme na família toda. Te amo. Mano
meu anjo, que coisa mais preciosa que vc escreveu aqui...
como lady laice disse, dá até vontade de chamar os meus medos na xinxa e gritar bem alto prá todos eles ouvirem que eu não tenho medo de ter medo.
tenho certeza de que é, no bolso do paletó de algum deles, que estão minhas lentes novas.
amo, adoro e venero!
beijos & queijos
Nossa, Mercedes.. é incrível como é verdade cada palavra que você escrevbeu sobre o mudar de lentes à medida que o tempo passa… realmente mtas coisas mudam no decorrer dos anos, principalmente o nosso modo de ver a vida e a nossa ansiedade em relação às coisas. Eu, por exemplo, sou uma pessoa extremamente ansiosa que quer tudo pra ontem e o universo, vira e mexe, me mostra que as coisas não são bem assim e não têm que ser…
Fazia tempo que não visitava esse blog… e me arrependo por ter ficado “longe”…
Bjos…
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