quinta-feira, junho 21, 2007

Inexistência


Não quero escrever para você.
Não quero pensar,
Não quero lembrar.
Joguei fora os restos de mim, com restos seus.
Escolhi a pedra mais áspera, raspei a pele até sangrar.
Troquei as células, a carne, a alma.

Extirpei de mim sua semente:
Não há nada seu em meu cérebro,
Nada em meu ventre,
Nada em meu peito.

Não quero falar de você.
Não lembro. Não sei quem é.
Não o reconheço nas fotos que já queimei.
Não sinto seu cheiro nas migalhas amargas que restaram.
Não vejo seus olhos quando fecho os meus.

Não quero saber de você.
Não sei, não lembro, não vejo.
Não sei das mentiras em que acreditei.
Não sei dos sonhos que sonhei.
Não sei seus lábios, seu corpo, sua voz.

Não quero escrever para você.
Não há mais palavras em mim que lhe caibam.
Não há nada seu que me reste,
E se há em você algo meu,
me foi tirado, é vazio,
já não sou eu.

6 comentários:

Anônimo disse...

Pra quem não gosta de poesias voce simplesmente detonou!!!


Saudades!


^,^ Beijinhos!

Anônimo disse...

E assim morre uma grande paixão!!!

Marcos Freitas disse...

'cê é fooda!

Alice Salles disse...

"Não vejo seus olhos quando fecho os meus..."
Nossa, como dói isso, Mer...

Flavia Melissa disse...

"não quero escrever prá você".
ótimo mote para uma poesia...

adoro!

Líney Sanchez disse...

Ótimo texto!