quinta-feira, setembro 17, 2009

Cría cuervos


Eu já tive mais paciência, ou já fui mais burra?
Quantas vezes encontrei pessoas como você e senti pena, e mêses mais tarde descobri que estava criando uma cobra para me morder? Cría cuervos, y te sacarán los ojos - diz o provérbio espanhol. Mas eu sempre me tive num conceito muito alto...muito fora da realidade. Quem sou eu para poder com quem ninguém pode?
À primeira vista, contando as histórias eu sou burra. Mas ah! que simples seria ser burra. Eu sempre acho que posso com tudo, essa é a verdade.

Então a pobre menina infeliz entra na minha vida sem ser convidada. Ela é um nada. Não fede nem cheira. Não tem nada em comum comigo a não ser um emprego na mesma empresa. Ela vem se chegando e eu não me importo...imagina! Ela é tão um cocô que dá até pena. Sozinha na cidade, sozinha na existência dela, sozinha...E eu? Eu sou feliz, eu tenho família, eu tenho amigos, eu tenho um salário pra lá de decente. Estou resolvida. Custa? Me diz: custa oferecer a mão a uma alma desprovida de alegria. Eu respondo: CUSTA! Mas continuemos.
Um dia, a pessoa bate na minha porta as dez da manhã e solta a seguinte frase:
"Oi gata! Vim te fazer companhia."

Hello? Quem pediu companhia? Que mania insuportável essa das pessoas acharem que eu sou sozinha! Okay, entra, fazer o que?(NÃO! NÃO DEIXA ENTRAR!) Desse dia em diante, eu não tive mais vida. Essa criatura chegava todos os sábados às dez da manhã e só ia para casa dormir para voltar no domingo. Ela se aproximou de um por um dos meus amigos. Saiu com um por um dos meus "pretendentes". E o que eu fazia? "Ah coitada...deixa...ela nunca teve nada disso."
Ai meu Jesus cristinho...como pode?
Aí é como um viciado que diz para si mesmo que quando quiser pode parar de usar a droga. Não amigo...não pode. Principalmente se a droga for uma garota gaúcha folgada e mal caráter. Ela vai roubar a sua alma.
Levei um ano inteiro para conseguir afastar essa pessoa nociva da minha vida. Neste tempo ela tentou me derrubar profissionalmente, pessoalmente e até espiritualmente. Ela tirou coisas que eram minhas e talvez tenha atrasado minha vida em alguns anos. Isso porque eu achei que poderia controlar meus corvos.

E os anos passam...e eu encontro a versão masculina dela. Pessoa adorável, solícita, confiável, e ah...custa o que deixar se aproximar? Nada! CUSTA! E nesse caso quase custa a vida. Mas vamos mudar de página.
Coloquei dentro de casa para cuidar das minhas coisas uma pessoa esperta, confiável, forte, adorável...e fui roubada até os dentes. Dessa vez não espiritualmente ou profissionalmente, mas materialmente mesmo. E ela chorou quando foi embora (assim como os outros) por que me amava e não queria me magoar, e estava sendo injustiçada.
Cría cuervos, y te sacarán los ojos!

Depois de um tempo arrancando partes do meu corpo para tampar os buracos dos corpos alheios, eu aprendi duas coisas:
1. Não, eu não posso com os corvos e eles vão arrancar meus olhos assim que eu cochilar.
2. Psicopata não tem ética ou limites...e sempre tem um por perto.

E aí me aparece você, doce senhora nos seus cinquenta e poucos anos, mãe descompensada de uma família idem, cheia de problemas e ainda tão amável, tão generosa, tão encantadora....e por muito pouco eu não deixo você ser mais um corvo comendo os restos da minha comida. Mas sabe o que acontece? Eu não tenho mais paciência. Eu não sou mais boazinha. Eu não entrego mais as minhas migalhas para ver meu bolo ser tomado inteiro depois. Eu ouvi os seus lamentos, suas paixões, seus problemas adolescentes ridículos...eu tive paciência porque...o que custa?? É só ouvir, é só reponder "an-hã", é só uma palavra de consolo...mas você passou de todos os limites e adivinha? Você falou mal das pessoas que eu gosto, minha senhora, e eu não quero ser parte da sua doença. Desculpa, eu parei a criação de corvos.
Foi um prazer.




(não revisei isso ainda. Dever ter montes de erros. Sorry!)



17 comentários:

Edson Perin disse...

Ufa!!!Um dia a gente aprende, né? Fico feliz que vc está alerta para estes sanguessugas. Presenciei algumas destas histórias...mas sabe, o final feliz é teu e não deles...então, relaxa.
Bj com saudade.

Alice Salles disse...

Erro não tem! Tem é certezas de que voce nao poderia estar mais certa E COM RAZAO!

rafaela disse...

ME-DO!!!
Sempre!
Acho que foi com vc que aprendi a presta mais atenção em quem se aproxima... nem sempre dou conta. Mas enfim.
Preciso aprender mais. A tal da distância "sanitária" é sempre bem vinda!

bjs

Anônimo disse...

criaçao de corvos é ótimo! adorei o ditado espanhol. vejo corvos all over. odeio com todas minhas forças...todos. manda matar todos eles. morte aos corvos. bjsss, vanessa! (ana boanova, btw)

... disse...

vishh...

Marília Lopes disse...

Vishh...que coisa ne!!!
Eu estou taaaaao descolada de pessoas, que nada...nada mais me assusta..
Nao se tem dominio de nada na vida, principalmente dos ¨corvos¨.
So sinto voce passar ppor isso tantas vezes.
Beijooo

Felipe "Tito" Belão disse...

Adoro os sentimentos. Até a repulsa me encanta quando verdadeira. Passei tempos sem passar por aqui ou, quando passei, fui-me em silêncio. Hoje eu pronuncio em tom de verdade absoluta: os corvos são uns animaizinhos injustiçados nas metáforas humanas.

heller disse...

triste... eu prefiro nao lembrar dos corvos, me deixa triste, mas esquecer nunca! rá!

esses dias passou os passaros na madruga

Unknown disse...

Um dia um médico disse assim:
"Quanto mais conheço os homens, mais eu AMO o meu cachorro!"
Depois de um tempo pude perceber o quanto ele tinha razão....

bjs

Anônimo disse...

Quem não teve uma destas na vida ????? Eu tive..... Mas TODO MUNDO ME AVISOU...... Mas como o Perin diz sempre nos damos melhor q eles. Bjos, TTs

C. Garofani disse...

Mê... são apenas as pessoas de coração gigante e quentinho que atraem corvos assim. É uma dualidade chata, mas acredite: se você não fosse coraçaozuda, quentinha e com cheiro de home sweet home, ninguém se aproximaria de você assim.

Diz "never more" pros corvos!

MgMyself disse...

Caroletti....

Eu acho que não tem coisa mais bonitinha que você. :)

Beeeeijo

Anônimo disse...

Mercedes, trabalhamos junto por pouco tempo em tempos imemoriais. Não faz mal se não lembrar de mim, eu lembrar de você já é bom demais.
Bacana a estória dos cuervos, quem não os teve "quitando sus ojos" pela vida? Bacana ver que você escreve bem e que, como eu, não se acha mais importante por ter trabalhado com meia dúzia de "gênios". Bacana te encontrar na internet, já me livrou de um dia ruim e de lembranças infelizes.
Vida longa pra você.

MgMyself disse...

Ta...mas...quem é você?

Anônimo disse...

Desculpe, não tinha a intenção de me esconder. Uso a web para o trabalho.

Leio poucos blogs, participo quase nada de redes sociais, às vezes falho na etiqueta.

Mas não esqueço dos que, algum dia, de alguma forma, iluminaram o meu caminho.

Um grande abraço do Sergio Maluf.

MgMyself disse...

E de onde você tirou que eu não lembraria de você?

Lembre-se que trabalhamos juntos numa era do ouro daquela agência...acho que passei só 3 ou 4 meses por lá, mas nunca me diverti tanto em toda a minha vida. Posso dizer que foram as melhores férias do final da minha adolescência.

TODOS...I mean: TODOS os habitantes daquelas baias moram ainda no meu coração. Os que já se foram e os que ainda estão por aí:
Jamil, Bira, Você, Swain, Almir...todos inesquecíveis. Ainda troco uns e-mails com o Almir por aí, e figurinhas constantes com o Swain.

E Maluf...quem poderia esquecer o memorável dia do "agdoo-dam-dam!" Lembra disso? Hahahahahah! AMO!

Grande beijo.

bom saber que você está bem.

Mercedes

Anônimo disse...

Valeu! salvou meu dia mais uma vez.

Para encerrar a rasgação de seda: agdu-dam-dam foi mesmo memorável.

E também todos daquela galera que você citou, icluindo os não-citados.

Dia desses volto ao seu fantástico blog para postar um comment mais digno.

Beijo pra você também.
Maluf.