terça-feira, junho 24, 2008

Dias atrás, no reino de Mercedes...


Ai ai...isso foi um suspiro sim.
- Quantas vezes você chorou hoje, Mercedes?
- XIII...

Ah, claro, aquilo ali pode ser algarismo romano e não seria exagero porque hoje foi dia de manteiga derretida, de lacrimeiro solto, e de emoção transbordante - literalmente.
Começou ouvindo pela enézima vez no mesmo dia "Thank You", do Led Zeppelin, num cover do Chris Cornell. O que é aquilo? Uma música feita pra mim? Sim, porque eu sou aquela mulher (pode me chamar de convencida). Eu sou tudo o que um homem pode querer para ter ao seu lado até o fim dos seus dias, sem tirar nem por, porque eu sei o quanto está em falta por aí alguém que não seja cheia de regras, de direitos iguais, de chatices, sandices, e uma cartilha chatérrima de queros e não queros, podes e não podes, quandos, porquês, não-ouse's, ciuminho besta, etc. Eu sei que a fôrma que fazia mulheres que respeitavam seus homens como indivíduos e chefes (mesmo que pseudos) de suas famílias já foi jogada fora faz tempo. Ta...sei também, porque já faz tempo que meu próprio marido tocou essa música pra mim. Ha! Melhorou?
"Your hand in mine, we walk the miles", não é a melhor coisa do mundo pra se dizer ou se ouvir? E lá pela quinquagésima vez no repeat, eu desabei em lágrimas.
O dia passou e eu esqueci de ler o blog do Felipe Iubel, já era noite, eu corri pra lá porque ele é carente e ia ficar triste se eu não comentasse. Sim, claro, acabei de dizer que eu sou a mulher ideal, e a mulher ideal realiza todos os desejos de seu amo e senhor, mesmo que ele seja só um amigo. O que aconteceu lá me deixou no chão. O Felipe escreveu um texto que descrevia a ele metade do tempo, e a mim a outra metade. Claro que não de propósito. Ele estava falando dele mesmo mas parecia eu pensando. Parecia eu escrevendo quando estou exausta de dar murro em ponta de faca e ser sincera demais, verdadeira demais, dar a cara a tapa, me despir de orgulho próprio, ser muito mais burra do que nasci pra ser, e me expôr a sentimentos despresíveis como rejeição, sensação de não bastar, de ser menor, de simplesmente não ser capaz. Toda aquela verdade escancarada, como se ele tivesse rasgado o coração e procurado com os dedos sujos de sangue cada palavra para escrever, me fez chorar de novo.
Aí pensei como as relações andam difíceis hoje em dia. Meu deus! Em que cartilha está escrito que ser intenso é crime? Quem estipulou os prazos para telefonemas, mensagens de texto, presentes, visitas relâmpago? Onde compra o novo código penal para ficar sabendo quantos anos de solidão acompanhada alguém precisa viver para ser livre para se apaixonar de verdade? Sim, porque paixão virou crime! Não ouse mostrar para a pessoa aquela que você está se apaixonando...isso pode afastá-la para sempre. Uh? O que aconteceu com as pessoas? Lembra da moça na janela corando ao ver o moço que passa em frente à sua casa? Lembra das cartas de amor? Lembra quando a gente recebia flores? Lembra quando um beijo na boca na porta de casa determinava que um casal ia, com certeza, se ver de novo? Era tão melhor, tão mais fácil, tão mais bonito...
Então, no meio de todo o meu lacrimeiro solto eu tive algum lampejo de raciocínio e percebi que eu não preciso mais de nada disso. Ufa! Gente, como eu já sofri por amor...meu pai! Ninguém merece.
Eu tenho pena...tenho muita pena de adolescentes e solteiros, porque eles se julgam livres, acham que se divertem horrores, pensam que enganam alguém...Mas eu sei, eu sei muito bem o que acontece quando eles deitam a cabeça no travesseiro e têm seus últimos minutos de lucidez antes de se deixar abater por um sono profundo...Eles sonham como a moça da janela. E é solitário demais. Já era antigamente. Agora, com todas essas normas, deve ser quase suicida!

Deus me conserve casada!



Felipe Iubel é aqui
e o texto aquele é aqui

11 comentários:

Anônimo disse...

Haahahaha!
'Deus me conserve casada!'
eu tenho preguiça só de pensar em joguinhos e bobeiras!

Concordo dom tudo do seu texto. Onde eu assino?

bjs

Anônimo disse...

Leio seu texto e parece me descrever.....
Sensacional...
Adoro como a simplicidade do seu texto alcança a objetividade.
Parabéns.

Iana

Alice Salles disse...

dá preguiça mas é uma coisa muito triste essa, de como é difícil se relacionar nos dias babacas de hoje....

C. Garofani disse...

sou a prova viva.

C. Garofani disse...

acho que tive um fast-relacionamento como aqueles que o franc descreveu na comuna.

Flavia Melissa disse...

pois nem me diga... agora eu é que fiquei aqui pensando que poderia ter sido eu a escrever esse post...

puis é.
quem é que disse que ser intenso é crime é a melhor frase que já ouvi nos últimos tempos... concordo em gênero, número e grau.

eu só espero que, quando a mulherada de hoje se convença de que o leminha tribalistas de "eu sou de nignuém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também" é conversa prá boi dormir, os poucos homens que prestam já não estejam todos casados com as poucas amélias modernas que ainda restam.

e livrai-nos de todo o mal, amén...

beijos!

Felipe "Tito" Belão disse...

Mercedes...

adorei o texto, mas quem disse que sou carente?
=)

eu descobri escrevendo o meu texto e lendo o seu depois que o importante não é que se conserve alguém casado ou solteiro... o que eu acredito é que a gente tem que se conservar sincero, intenso e genuíno... o resto é o resto, porque não há nada perdido a não ser nosso desejo de liberdade de sentimentos. Eu prefiro ficar no meu pensamento profundo antes do sono a ficar nesse faz de conta... e nunca neguei que sempre desejei encontrar uma dessas que param na janela...

Deus me conserve eu mesmo...

MgMyself disse...

AMÉM!

Lee Swain disse...

Impressionante o mecanismo delicado e sensível do bicho mulher. Qualquer arranhadinha e pronto... choram.

Como somos brutos e desajeitados, nós homens.

Anônimo disse...

eu nao tenho moral para comentar este texto...

Anônimo disse...

"Deus em conserve casada"
To chata demais pra aguentar uma nova pessoa!!hahahahaha