.
o medo era
tão grande quanto o desejo.
eu me
lembro.
era um
querer diário pelas escadas e corredores,
um inspirar profundo do teu perfume,
das tuas palavras,
da dança dos teus passos.
era, sim, uma
dança perfeita: meus olhos dançando nos trejeitos do teu falar.
um pas des
deux secreto, que eu coreografava sorrindo, sem saberes.
e o medo
que me flagrassem neste delito de te desejar.
hoje vens, disfarçado de poeta e me fazes descobrir que ainda quero tanto
e temo
tanto
ou ainda mais.
é nas tuas
palavras que me afogo.
elas parecem mais fortes agora do que quando me
assombravam.
agora elas rabiscam o papel, carregadas do que não existia:
um carinho antigo, uma vontade histórica, um beijo fossil – escondido entre as sombras do tempo.
um carinho antigo, uma vontade histórica, um beijo fossil – escondido entre as sombras do tempo.
eu me deleito
no que teria sido, no que poderia ser, no que seria
se fosse…
meu balet
secreto é agora uma orquestra inteira de notas complexas, tocando frenética
para um milhão de bailarinos, que desenham com piruetas sem fim, uma tapeçaria
de tramas mágicas.
é o tear do
tempo.
a música do sempre.
a dança das lembranças.
*texto antigo para um poeta antigo
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