quinta-feira, janeiro 11, 2007

Frankstein

Então você se apaixona. Passa alguns meses sem querer comer muito, ou pelo menos não quer comer sozinho. Só pensa na outra pessoa: primeiro pensamento do dia, último da noite. Olha para o celular o dia inteiro, vê a cara dele (dela) em toda vitrine, todo filme, toda música, e nem percebe que isso se dá ao fato de você ter visto com ele (ela) toda vitrine, todo filme, toda música. Um grude infernal, só vou se você for, só quero se você quiser, se você gosta do meu cabelo eu não corto, se ela gosta da sua roupa vai esgarçar de tanto repetir, se ela gosta de homem de brinco você fura a orelha, se ele gosta de loira você pinta o cabelo, bla bla bla bla....
Lá vem casamento...ou não...lá vem filho! Ha!
Nos primeiros anos é incrível ver aquela pessoinha se formando. Primeiro é meio sem nexo...come, dorme, faz barulho, faz cocô e começa tudo de novo. Depois é a coisa mais linda do mundo, dá vontade de morder, de não largar, de ficar grudado, de filmar cada nova conquista. Depois já parece uma miniatura de gente...quase tem um caráter definido, o temperamento já é claro, a cara da mãe, o gênio do pai, a inteligência da mãe (cof cof), a determinação do pai...e vai ficando mais alto, e vai tomando forma, mas ainda não se sabe de que. Aquela pessoa anda pela sua casa...dorme e acorda no meio da sua vida. Sua cama está superlotada, seu carro está superlotado, seus CDs sumiram, seu DVD tem marca de dedo, seu sofá tem marca de nescau. Depois tem uma menina na cama dele, tem 5 meninas no quarto dela, 8 mochilas, 5 pares de sapatos, 4 toalhas de banho cor-de-rosa com estampados esdrúchulos, 3 colchões no chão...4 homens barbados cheirando a cerveja dormindo na sala, 1 que aparece no sábado e fica uma semana, um preservativo na mochila dele...um brinco no chão do carro...a foto de um menino no fichário dela...mensagens engraçadas no celular...festa, salão, vestido, salto alto, namorada firme, "não venho pra casa hoje", "mãe me empresta o seu pó da MAC, aquela bolsa preta, tem um brinco dourado?"Lágrimas quando namoro acaba, lágrimas quando as amigas fazem fofoca...ai ai...
Tudo isso vai acontecendo e você nem sente que o tempo passou. Você é ainda aquela mulher que usava saia muito curta e cabelo muito crespo, ainda se sente igual, ainda sente frio na barriga, tem acesso de riso, adora sexo, estar bonita, rock 'n roll, rap, dirige cantando alto, dança na cozinha, enfia o dedo no glacê do bolo, sonha com viagens e contos de fadas...E mesmo assim, sendo essa menina, existem pessoas que coexistem com você e não são mais pessoinhas fofas que dão vontade de morder. São PESSOAS como você, que merecem respeito, espaço, opinião, voz ativa, e muitas vezes dão conselhos de tirar o fôlego.
Durante anos você foi a única pessoa com voz ativa e permissão para dar conselhos. O alicerce da casa, o porto seguro, o oráculo. Agora, você convive com seres humanos prontos, que pensam; e eles aprenderam com você a pensar...logo não há de ser tão fácil derrubar suas opiniões, seus quereres, suas ambições (ou alguém derrubou as suas?). Aqueles que você criou estão vivos, independentes, com vontade própria.
A questão já não é mais o time pra que se torce ou o tipo de música que se ouve. A questão não é mais se é melhor ir na festa de terno ou se aluga um smoking. A questão não é mais se faz maria-chiquinha ou deixa o cabelo solto. Agora discute-se política, ética, homossexualismo, preconceito, comportamento, respeito ao próximo, aquecimento global....respeito. Discute-se o direito do pai de invadir o quarto quando ela está conversando com as amigas. Discute-se permitir ou não que a namorada ocupe o quarto do filho. Discute-se preservativos, aids e gravidez com as meninas, ídem com os meninos; carreira, trabalho, dinheiro com os meninos, ídem com as meninas... e a vida mudou!

Quem enchia a casa de perguntas agora chega com as respostas.
E eu...ainda sou aquela menina...agora orgulhosa das sementes que plantei.

Bom dia!

9 comentários:

Unknown disse...

ai me adorei... depois da noite otima em q eu saí com o ex e ainda posso me jogar nele bebada q ele me segura e q chegando em casa eu tenho xandao pra conversar... achei mt fofo teu texto!

Anônimo disse...

linda! linda vc, linda família, lindo texto, ...tudo lindo!
...e, menina forever siiiiimm,
total mercie pan from everland,
onde até os piratas são mocinhos!
luv it, luv ya
baci

C. Garofani disse...

Mas que vontade de chorar!
Acho que to de tpm.

E nem filho eu tenho!
Me vc é o maximo, amo as coisas que vc escreve!

Anônimo disse...

Não conheço sua filha e só conheço vc pelos textos que escreve...

Mas de verdade: conheço sua sementet grande... também a vi crescer... e sem dúvidas... que orgulho que dá...
A gente cresce, cria asas e voa por aí... mas sempre volta pra casa!!:D
Lindo!
bjo bjo

Anônimo disse...

Maee..

AMEI!

empresta o teu pó da MAC??
hahahahahaaha

Como eu sou linda!
Brigada ^^

Tanto piquena quanto grande!!

Sim sim, a personalidade eu fiz uma mistura tua e do meu pai!

Pessoas que tem personalidade forte!!
hahahahahahaha


teee amooo


beijos
;*

Anônimo disse...

Às vezes, ou muitas vezes eu comento com meus filhos: Deus é um chantagista: se na infância ao invés de fofos, vocês fossem como vocês são na adolescência e na vida adulta: com portas batendo, olhos revirando nas órbitas qdo eu falo alguma coisa, mal humor...não sei se as mães aguentavam vocês, não!
Mas depois de toda uma vida em que a gente curte quando vocês ficam horas olhando para a própria mão, recém descoberta, dizem "mama" pela primeira vez.
Depois mais tarde, na adolescência, assistimos à descoberta do mundo, a fascinação de ficar trancado no próprio quarto, aos amores platônicos, às decepções amorosas e dos amigos, e assim a vida vai. E vamos assistindo à tudo isso e relembrando quantas vezes passamos pelas mesmas coisas.
Acho q o importante é que nunca nos esqueçamos q um dia também fomos assim, embora em muitas coisas o mundo seja diferente. Mas na esssêcia, as sensações são as mesmas, e que eles saibam que nós, embora muitas vezes eles digam q sabem o que fazem, estaremos prontas prá uma palavra amiga, não só bronca de mãe, com um colo prá acolher, sem julgamento. Estamos aqui, muitas vezes chorando junto com eles, a dor de uma perda, ou a extrema felicidade de uma conquista.
Eu costumo dizer que a gente só conhece verdadeiramente o que é AMOR, quando a gente tem filhos. Pois é, realmente, um amor incondicional. Pois se outra pessoa, marido, amigo, namorado, nos disser, ou tiver algumas atitudes que os filhos tem, nós os mandávamos prá longe de nossas vidas. Com os filhos a gente até faz isso na hora, mas passado algum tempo, a gente perdoa, passa por cima. Eu pelo menos sou assim.

Alice Salles disse...

agora sim...
olha, esse texto seu não é só lindo não... me fez chorar! hahaha
pelos meus pais, por todas as pessoas que amam e pelas coisas que eu ainda tenho que construir...
obrigada pelos momentos mágicos que eu tive lendo isso tudo aqui!
Beijos!

Anônimo disse...

É meu bem...eles viram gente grande rapidinho, que chegam a nos surpreender!!!
Cadê meu colar branco????Pergunta pra Marina Meeeee!!!

Rafaela Pedro disse...

Me deliciando com tantos textos que eu ainda não tinha lido!
Eu ainda tô na acompanhando a fase dos porquês do Murilo. Uma das últimas que ele me perguntou, foi o que é Ex-Amor? Pode? E o pior é que enquanto eu pensava na resposta, ele me explicou o que achava que era. Muito rápido!
E seus filhos são umas coisas maravilhosas! Morro de saudades!
bjs